Quando Luís Montenegro foi indigitado primeiro-ministro, no final de março, “várias Federações e Associações Académicas do país, divulgaram uma carta aberta”, com “um apelo urgente à manutenção de um Ministério separado dedicado à Ciência, Tecnologia e Ensino Superior”.
Ricardo Freitas Bonifácio, Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, recorda que a carta aberta “foi subscrita por 22 estruturas associativas do país, representando centenas de milhares de estudantes do Ensino Superior”. O vasto consenso reunido no cenário associativo é raro. Recorde-se a manifestação que várias estruturas associativas realizaram, a 21 de março, sob o lema “Teto e Habitação, um Direito à Educação”. Nesta ação de protesto em Lisboa, uma das maiores estruturas estudantis de Portugal, a Federação Académica do Porto, optou por não participar, optando pela promoção de um evento na Avenida dos Aliados, no Porto. Ainda assim, a larga maioria do movimento associativo esteve presente com as associações académicas do Minho, de Trás-os-Montes, de Aveiro, de Coimbra, de Lisboa, de Évora, do Algarve e da Madeira.
UMa é a 4.ª universidade com “maior procura de estudantes”
Discurso proferido pelo Reitor da Universidade da Madeira, na Sessão Solene de Abertura do Ano Académico, a 28 de outubro de 2024.
Licenciatura e mestrado dão prémio a quem ficar a trabalhar em Portugal
Os estudantes que terminem a licenciatura ou mestrado a partir deste ano (inclusive), e que sejam residentes em território nacional, vão
Apesar do protesto em relação à opção que o governo tomou, o líder estudantil madeirense destaca que tem “total disponibilidade e interesse em trabalhar” com o Ministro da Educação, Ciência e Inovação e com a Ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, que marcará presença no encontro. Ricardo Freitas Bonifácio levará as “preocupações dos estudantes sobre a necessidade urgente de dotação orçamental que permita a melhoria das atuais intraestruturas da Universidade da Madeira (UMa), além dos problemas que a construção das novas residências universitárias enfrenta, combinada com a reforma da atual residência”.
Para o Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, o novo governo traz consigo “a esperança que os problemas que a Académica foi apontando ao anterior executivo, possam ser trabalhados”. “Há vários assuntos urgentes, como a necessidade de assegurar a redução das propinas e o apoio social para os estudantes bolseiros”. Recorde-se que o último INQUÉRITO ANUAL AOS ESTUDANTES DA UMa, promovido pelo OBSERVATÓRIO DA VIDA ESTUDANTIL da ACADÉMICA DA MADEIRA, revelou que as propinas continuam a representar o maior encargo para 87,4% dos 715 estudantes inquiridos.
Governo vai pagar propinas a 2 mil estudantes e atribuir 10 horas letivas a investigadores
Bolsas de estudos, acumulação de horas letivas com investigação, incentivos à carreira docente para doutores e mestres e processo de reconhecimento mais simples das habilitações de estudantes, são algumas das medidas apresentadas.
Mais de um milhão de euros em bolsas atribuídas no atual ano letivo
Dados dos Serviços de Ação Social da Universidade da Madeira indicam que, em fevereiro de 2024, o valor acumulado de apoios
No entender do Presidente, o orçamento do Ensino Superior tem que “aumentar a dotação para a ciência e a tecnologia, reforçando a contratação de doutorados, renovando o quadro de docentes e permitindo que os centros de investigação em Portugal sejam financiados com melhores orçamentos, sem ficarem reféns de estratégias internacionais que estão dependentes de rankings que financiam um sistema viciado em promover apenas os melhores que têm condições para crescer”.
No final de março, a Associação dos Bolseiros de Investigação Científica destacou “uma normalização da precariedade e de falta de direitos sociais e laborais que trespassa várias camadas profissionais e não acabará enquanto o EBI não terminar e todos os contratos de bolsa forem substituídos por contratos de trabalho”.
“O impacto que temos […] é muito maior do que orçamento dado para o ano letivo”
Com mais um Orçamento do Estado pouco ambicioso que continua a fragilizar a situação financeira da UMa, a ACADEMICA DA MADEIRA desenvolveu o programa FreEd Me, sobre a liberdade académica e os desafios que esta enfrenta.
Não foi um Dia da UMa fácil. Enquanto o reitor se enganou, o ministro não se comprometeu com aumentos
Se houve algum incómodo nas declarações do ministro Fernando Alexandre, o reitor da UMa parece não ter tido um dia fácil.
Recorde-se que em março, a Universidade de Zurich anunciou ter abandonado o ranking britânico “Times Higher Education”. De acordo com a universidade suíça, “as classificações concentram-se frequentemente em resultados mensuráveis, criando um incentivo para aumentar o número de publicações em vez de priorizar a qualidade do conteúdo”, segundo o portal noticioso helvético SWI.
Amanhã, o Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA participa, por convite do Presidente da República, na Sessão Evocativa do 50.º Aniversário do 25 de Abril de 1974, que acontece às 18:00, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. A 6 de maio, o Dia da Universidade contará com a presença do Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Professor Doutor Fernando Alexandre, e da Secretária de Estado da Ciência, Professora Doutora Ana Paiva. Os membros do Conselho de Reitores das Universidades Públicas Portuguesas, que participarão na reunião mensal deste Conselho no Funchal, também marcarão presença na cerimónia que acontece no Colégio dos Jesuítas do Funchal.
Luís Eduardo Nicolau
ET AL.
Com fotografia de Pedro Pessoa.