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Cai o número de licenciados em enfermagem e OCDE alerta para défice grave

Cai o número de licenciados em enfermagem e OCDE alerta para défice grave

A OCDE alerta para um défice grave de profissionais de saúde na Europa, destacando a queda na formação de enfermeiros em Portugal, ordenados pouco competitivos e o impacto do envelhecimento populacional, apesar de avanços em vacinação.

A edição do relatório Health at a Glance 2024 da OCDE aponta para um défice preocupante de 1,2 milhões de profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros e parteiras, na União Europeia (UE). Este problema é exacerbado pela diminuição do interesse em carreiras médicas e de enfermagem, uma tendência observada em vários países, incluindo Portugal. Entre 2012 e 2022, o número de licenciados em enfermagem por 100 mil habitantes caiu em território nacional, de 28,53 para 25,99, valores muito abaixo da média europeia de 37,54 em 2022.

Segundo o relatório, “o número de licenciados em medicina em toda a UE aumentou na última década a uma taxa média anual de mais de 3,5%”. No entanto, o crescimento entre licenciados em enfermagem foi apenas de 0,5% ao ano. Em Portugal, a formação anual de enfermeiros tem registado uma queda significativa, sendo que este não é um fenómeno isolado. Países como o Chipre, a Eslováquia e Malta também viram a formação nesta área diminuir em mais de 40% no mesmo período.

Um dos fatores apontados pela OCDE para este decréscimo é a dificuldade em atrair candidatos, em especial do sexo masculino, e o desinteresse crescente entre os estudantes do ensino secundário. Paralelamente, a remuneração insuficiente em comparação com outros países europeus continua a ser um desafio. “Em 2022, os enfermeiros no Luxemburgo e na Bélgica tinham níveis de remuneração cerca de três vezes maiores do que aqueles que trabalham em Portugal e na República Eslovaca”, salienta o relatório.

Além da questão salarial, o envelhecimento da população e dos profissionais de saúde contribui para o agravamento da escassez. Em média, mais de um terço dos médicos e um quarto dos enfermeiros na UE têm mais de 55 anos. Portugal destaca-se ainda pelo envelhecimento acentuado da sua população, com quase 25% dos habitantes acima dos 65 anos em 2023, uma das taxas mais elevadas da UE.

Ainda assim, há áreas em que Portugal apresenta um desempenho positivo. No campo da vacinação, o país continua a cumprir as metas da Organização Mundial da Saúde, atingindo, por exemplo, uma taxa de vacinação contra o HPV de 91% entre as raparigas até aos 15 anos, muito acima da média europeia de 64%.

Este relatório sublinha a urgência de medidas estruturais para atrair e reter profissionais de saúde, bem como para promover uma maior equidade nos sistemas de saúde europeus. Portugal, apesar de se destacar em alguns indicadores, enfrenta desafios significativos que exigem soluções imediatas.

Luís Eduardo Nicolau
Com Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Hush Naidoo.

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