Os jovens são os mais ativos quando se trata de leitura de livros. De acordo com dados de 2022 do Eurostat, sobre rendimentos e condições de vida (EU-SILC), 52,8% da população da UE com 16 anos ou mais relatou ter lido livros nos 12 meses anteriores. O grupo mais jovem, com idades entre 16 e 29 anos, apresentou uma maior taxa de leitura (60,1%) em comparação com aqueles com idades entre 30 e 54 anos (53,5%), 55 a 64 anos (52,6%) e 65 anos ou mais (47,2%).
Esse comportamento entre os jovens pode ser explicado por diversos fatores. Primeiramente, os jovens estão mais envolvidos em ambientes educacionais formais, onde a leitura é incentivada e muitas vezes exigida. Além disso, o acesso à tecnologia desempenha um papel fundamental. Os jovens têm mais facilidade em acessar e-books e audiolivros, plataformas digitais que ampliam as oportunidades de leitura. Essa acessibilidade, aliada ao hábito de consumir conteúdo em dispositivos móveis, contribui para que a leitura permaneça uma atividade relevante entre os mais novos.
Outro fator que pode explicar a alta taxa de leitura entre os jovens é a diversidade de gêneros literários e formatos que atendem a essa faixa etária. Gêneros como ficção jovem-adulto (YA) e fantasia, muitas vezes adaptados para o cinema e a TV, aumentam o interesse pela leitura. Além disso, plataformas de mídia social, como o TikTok e o Instagram, têm se tornado populares para a recomendação de livros, criando comunidades literárias online que incentivam a leitura.
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A questão de género também desempenha um papel crucial na leitura de livros na UE. As estatísticas mostram que as mulheres são leitoras mais ávidas do que os homens. Mais mulheres na UE leram livros (60,5%) do que homens (44,5%). O mesmo padrão foi observado ao analisar o número de livros lidos: 28,8% das mulheres e 24,8% dos homens leram menos de 5 livros, 14,3% das mulheres e 9,8% dos homens leram entre 5 e 9 livros, enquanto 17,4% das mulheres e 9,9% dos homens leram 10 ou mais livros.
Vários estudos sugerem que as mulheres tendem a valorizar mais as atividades culturais e educacionais, o que inclui a leitura. Além disso, o mercado editorial tem um foco substancial no público feminino, oferecendo uma ampla gama de gêneros que atraem as leitoras, como romances, ficção histórica, e literatura de não-ficção voltada para o desenvolvimento pessoal. Esse direcionamento do mercado ajuda a manter o interesse das mulheres pela leitura ao longo da vida.
Outro aspeto importante a considerar é o papel social da leitura entre as mulheres. Elas muitas vezes veem a leitura como uma forma de crescimento pessoal e uma oportunidade para escapar das responsabilidades diárias, especialmente em culturas onde as mulheres enfrentam uma dupla jornada de trabalho, tanto em casa quanto no ambiente profissional. A leitura, nesses casos, oferece uma pausa bem-vinda e uma forma de autocuidado.
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Rui Oliveira é presidente da Direção do Conselho Nacional de Juventude (CNJ). Em setembro de 2022, participou na Cimeira da Transformação da Educação das Nações Unidas, em Nova Iorque. Recentemente, foi entrevistado pela ET AL. sobre a sua passagem pelo encontro que reuniu vários líderes mundiais.
Os livros são como as casas
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Embora os padrões gerais mostrem que jovens e mulheres leem mais, há variações significativas entre os países da UE. A maior proporção de pessoas que leram livros foi registrada em Luxemburgo, Dinamarca e Estónia. Entre os países da UE, Luxemburgo apresentou a maior percentagem de pessoas que leram livros nos 12 meses anteriores ao estudo (75,2%), seguido pela Dinamarca (72,1%) e Estónia (70,7%).
Em contraste, na Roménia, apenas 29,5% das pessoas leram livros nos 12 meses anteriores ao estudo realizado, 33,1% no Chipre e 35,4% na Itália. Com perto dos 40% de pessoas que leram livros no mesmo período, Portugal surge na quinta posição dos países que menos hábitos de leitura têm na UE.
Fatores culturais e económicos têm sido avançados para explicar as diferenças entre os países do sul e do norte da Europa, como o acesso mais limitado a livros, incluindo no preço dos livros, além disso do menor nível de educação formal que leva a que a leitura de livros tenda a ser menos valorizada como atividade de lazer.
A pandemia de COVID-19 trouxe mudanças significativas nos hábitos de leitura em toda a Europa. Durante os períodos de confinamento, houve um aumento notável no consumo de livros, especialmente em formatos digitais. Com mais tempo livre e menos opções de entretenimento fora de casa, muitas pessoas recorreram à leitura como uma forma de passar o tempo e encontrar conforto em meio à incerteza.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Ben White.