A Universidade da Madeira (UMa) vai lançar, no próximo ano letivo (2025-2026), a licenciatura em Engenharia Física e Computacional, uma formação inovadora que combina física e computação para responder às exigências da indústria de alta tecnologia. O curso, que já tem parecer favorável da Ordem dos Engenheiros, permitirá aos futuros licenciados o acesso a membro desta ordem. Com um plano interdisciplinar e laboratorial, a nova licenciatura aposta na criação de soluções para setores como a inteligência artificial, automóvel, aeroespacial e saúde. A formação, segundo a Universidade, destina-se a pessoas com paixão pela ciência e pela tecnologia, criatividade, curiosidade, adaptabilidade, determinação, competências matemáticas e comunicação eficaz.
A Engenharia Física e Computacional é uma área emergente em Portugal e na Europa, com um número reduzido de cursos específicos. No entanto, formações próximas, como Engenharia Física e Engenharia Informática, indicam boas perspetivas de empregabilidade. Dados do Instituto Superior Técnico mostram que quase metade dos seus licenciados consegue emprego antes da conclusão do curso e a maioria até seis meses depois, com uma remuneração média líquida de cerca de 1.872€. Em comparação, a média salarial inicial para engenheiros em Portugal ronda os 1.200 euros líquidos, enquanto na Europa pode ultrapassar os 2.900 euros. A formação multidisciplinar, que combina a física, a engenharia e a computação, torna os profissionais desta área atrativos para setores como a inteligência artificial, automação e modelação computacional.

Coesão ou desigualdade?
Mensalmente, a ACADÉMICA DA MADEIRA tem um espaço de opinião no JM Madeira. Tiago Pires Alves, Vice-Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, escreveu sobre a necessidade de um quadro de coesão no ensino superior.

“Neste momento não vai haver redução do contingente”
A possibilidade de redução do atual valor reservado para os candidatos oriundos da Madeira e dos Açores foi afastada pela ministra
A nova licenciatura da UMa surge como um reforço do Departamento de Física da UMa, uma unidade com mais de 30 anos de história e um sólido percurso em investigação financiada por grandes empresas internacionais, como a General Electric, a Siemens e a Airbus. O curso terá 15 vagas no concurso nacional de acesso (CNA), além de vagas para transferências e candidatos com mais de 23 anos, exigindo provas específicas de Matemática A e Física e Química. Os candidatos poderão ainda ingressar através dos regimes de mudança de instituição/curso, através de Concursos Especiais em vigor, ou através do Estatuto de Estudante Internacional.
A cultura de proximidade entre estudantes e docentes na UMa é apontada como uma das vantagens da licenciatura, permitindo um ensino mais personalizado e um acompanhamento próximo. Além disso, o curso prevê a possibilidade de estágios e dissertações de fim de licenciatura em parceria com a indústria, preparando os estudantes para o mercado de trabalho desde cedo. Graças à sua formação multidisciplinar, os licenciados poderão atuar em diversas áreas, incluindo indústria de alta tecnologia, automóvel, aeroespacial, saúde, grandes volumes de dados, inteligência artificial, automação e controlo, robótica, investigação e desenvolvimento, realidade virtual e aumentada, e segurança cibernética.

Exaustão e falta de pertença são razões que levam ao abandono da formação superior
Relatório apresentado em julho, pela Fundação “La Caixa”, indica que a exaustão académica, um reduzido sentimento de pertença e fracos resultados académicos são os principais fatores de risco que levam ao abandono do ensino superior.

Projeto europeu para a digitalização do setor da construção
A Universidade da Madeira (UMa) é um dos parceiros no ID4EX – Immersive Design for Excellence, um projeto europeu financiado pelo
A Engenharia Física e Computacional diferencia-se dos cursos tradicionais de engenharia, segundo a Universidade, por integrar física teórica e experimental com programação e análise de dados, permitindo a modelização e simulação computacional de sistemas físicos complexos. Os futuros licenciados serão capazes de aplicar conhecimentos de física teórica, aplicada e experimental, conjuntamente com competências de programação, análise de dados e inteligência artificial, a um largo espectro de problemas. Ao contrário da Engenharia Física tradicional, que se concentra mais na vertente teórica e experimental, a Engenharia Física e Computacional aposta na aplicação prática desses conhecimentos. A utilização de métodos computacionais permite simular e modelizar fenómenos físicos da natureza e da tecnologia, possibilitando a análise e previsão de comportamentos em sistemas que seriam difíceis ou impossíveis de estudar experimentalmente.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Simon Kadula.