Exaustão e falta de pertença são razões que levam ao abandono da formação superior

Exaustão e falta de pertença são razões que levam ao abandono da formação superior

Relatório apresentado em julho, pela Fundação "La Caixa", indica que a exaustão académica, um reduzido sentimento de pertença e fracos resultados académicos são os principais fatores de risco que levam ao abandono do ensino superior.

Segundo um estudo do Observatório Social da Fundação “La Caixa”, conduzido pela investigadora Paula Paulino da Universidade Lusófona, exaustão académica, um reduzido sentimento de pertença e fracos resultados académicos são os principais fatores de abandono no ensino superior, num contexto pós pandémico.

Os estudantes que sofrem de altos níveis de exaustão académica e enfrentam dificuldades de adaptação ao ambiente universitário, especialmente os que estão longe de casa, são os que mais provavelmente abandonarão os seus estudos. Paula Paulino sublinha a importância de fortalecer as redes de apoio e acolhimento nas universidades para melhorar a integração social dos estudantes, com particular atenção para os deslocados.

Programas de mentoria têm demonstrado ser cruciais para a adaptação ao meio académico e social. A investigadora explica que o estudo se focou nas intenções dos estudantes participantes em abandonar o ensino superior, ao invés das taxas efetivas de abandono, para identificar os fatores mais decisivos que influenciam esta decisão. “Estudar a intenção de abandono permite-nos compreender melhor este fenómeno multidimensional e atuar preventivamente”, afirma.

Investigadores manifestaram-se contra a falta de financiamento

A Alfândega do Porto acolheu, esta semana, o Encontro Ciência 2024, onde esteve Fernando Alexandre. À porta, o Ministro foi recebido por investigadores membros da ABIC que reclamavam por melhores condições no trabalho científico e no Ensino Superior em Portugal.

As taxas de abandono aumentaram durante a pandemia, especialmente em licenciaturas e mestrados integrados, enquanto as taxas de conclusão dentro dos prazos esperados diminuíram. Atualmente, em contexto pós pandémico, a investigação revela que os estudantes com maior intenção de abandonar são predominantemente do sexo masculino, deslocados, com responsabilidades familiares e inscritos em cursos de Línguas e Humanidades. Além disso, a exaustão académica, dificuldades de adaptação, baixo sentimento de pertença ao campus e fraco desempenho académico são fatores cruciais.

Paula Paulino enfatiza que as razões para querer desistir não se limitam às características individuais dos estudantes, mas também estão relacionadas com as próprias instituições de ensino. “É fundamental promover a adaptação académica dos alunos”, defende.

O estudo recomenda o reforço dos programas de mentoria, que podem ter um impacto positivo em todas as determinantes de abandono e sugere que estes programas se estendam ao longo de todo o ciclo de estudos.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Jeswin Thomas.

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