Em janeiro, publicámos uma matéria sobre a preocupação de funcionários e estudantes da Universidade da Madeira (UMa) de registo de acidentes causados pelas condições físicas e insegurança nos espaços exteriores do Campus da Penteada, chegando assunto a ser divulgado por outros meios de comunicação social.
A deficiente iluminação, o estado dos jardins junto à cantina e os buracos nos pavimentos têm sido algumas das dificuldades apontadas. Os estudantes quiseram saber de quem é a responsabilidade desta manutenção e o Reitor, Sílvio Fernandes, respondeu aos ouvintes do PEÇO A PALAVRA, o novo espaço da ACADÉMICA DA MADEIRA com a TSF-MADEIRA.
No debate, Tiago Alves e Ismael Da Gama apresentaram perguntas que os estudantes enviaram para a produção do programa, começando por apresentar o “problema da falta de iluminação e do mau trato do jardim à volta do Campus Universitário”. O painel indicou que uma dúvida recorrente, quando apresentou que “os estudantes gostavam de saber o que é que a UMa tem feito e quem é que é o responsável por esse aspeto”.
Sílvio Fernandes admitiu que “é um tema recorrente ao longo do tempo e particularmente na altura da pandemia quando o Governo Regional sediou no complexo do Tecnopolo o posto de vacinação”, período que o assunto ganhou mais notoriedade pública com alertas da população e artigos na imprensa.
Em 2021 e 2023, Raimundo Quintal, presidente da Associação dos Amigos do Parque Ecológico, denunciou o “estado miserável” de um espaço que possuía 518 espécies de plantas, em dezembro de 2005. O investigador do Centro de Estudos Geográficos do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, na Universidade de Lisboa, referiu que mais de uma centena já desapareceu do jardim criado no início deste século.
De acordo com o geógrafo e botânico português, trata-se de um “genocídio” por “stress hídrico”, a falta de rega que o espaço enfrenta. “A coleção da Flora da Madeira empobreceu bastante, o pequeno orquidário desapareceu, do núcleo das suculentas pouco resta, as plantas aromáticas e medicinais definharam, a mostra de plantas agroindustriais foi abandonada e apenas as mais resistentes à secura teimam em manter-se de pé”, referiu Raimundo Quintal numa publicação.
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A polémica que dura até 2024 foi confirmada pelo Reitor, que referiu ter “muitas pessoas” a queixaram-se, “além dos estudantes, que nós já sabíamos, sobre o estado dos arredores na Universidade da Madeira”. Os problemas que as áreas circundantes do Campus enfrenta são motivo de “apelo às entidades que estão comprometidas e que têm de facto a competência obviamente daquele espaço, que não a Universidade da Madeira, para que se resolvesse não só o problema da iluminação“, outro ponto sensível.
O dirigente académico explicou que “o edifício é do Governo Regional” e, “neste momento, ele está à responsabilidade da PATRIRAM. Sílvio Fernandes admitiu que “muitas vezes julga-se que a responsabilidade é da Universidade da Madeira ou do Tecnopolo. Outras vezes que é da Câmara [Municipal do Funchal]. Inteiramente, é do Governo Regional”. Ainda assim Sílvio Fernandes refere que “é evidente que a Câmara pode ter alguma ação sobre esse espaço. Na altura, falei com o senhor presidente da Câmara. Inclusivamente houve uma ação de limpeza daquele espaço”.
A confusão que o público faz deve ser esclarecida, de acordo com o Reitor, ao “distinguir o que é um espaço que está para além da Cantina, entre a Cantina Universitária… quem faz a circunvalação ao edifício, e que está direita, da parte plana e depois sobe para a entrada da universidade”. Sílvio Fernandes explica que o Jardim da Biodiversidade “é o resultado de um projeto do Tecnopolo e que não é da responsabilidade” da Universidade da Madeira.
Outro espaço alvo recorrente de críticas é o pátio que liga o edifício do Campus Universitário e do Madeira Tecnopolo. O responsável máximo da UMa refere que a instituição tem feito a substituição “das lajes em frente à Universidade da Madeira”.
Sobre a resolução dos problemas, Sílvio Fernandes abre a porta para a solução que diz estar próxima: “a promessa que eu tenho da parte do Governo Regional é que, quando for edificado o edifício do Politécnico que vai ficar por cima do atual do ex-CITMA – que é o edifício mais pequeno, mais baixo, entre o Tecnopolo e o edifício da Universidade, vão ser acrescidos ali quatro andares – se vai recuperar todo o edifício à volta e toda a circulação na Universidade da Madeira. Portanto, estou à espera que isso se cumpra”.
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No início de maio, houve um agravamento do estado do revestimento suspenso de lajes frente à fachada principal do Campus, devido à ocorrência de algumas peças partidas pela necessidade de se montar o pavilhão que acolheu o X Fórum da Empregabilidade, organizado pelo Observatório de Emprego e Formação Profissional da UMa. Como indicado pelo Reitor, a Universidade tomou a seu cargo reparação do espaço tornando-o mais seguro.
Para ouvir, em detalhe, este e outros pontos abordados pelo Reitor, o PEÇO A PALAVRA está disponível nas principais plataformas de podcast do mercado.
Entrevista conduzida por Tiago Alves e Ismael da Gama, no PEÇO A PALAVRA, mediado por Ricardo Miguel Oliveira.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Fotografias de Henrique Santos.