Furtos, roubos e agressões preocupam estudantes

Furtos, roubos e agressões preocupam estudantes

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São vários os episódios relatados pela comunidade académica nos últimos meses, num crescente sentimento de insegurança que motivou as autoridades universitárias a solicitar, ainda no verão de 2022, um reforço do policiamento que, pelos incidentes relatados, parece não ter surgido efeito desejado. Nem o interior do edifício escapou.

Sílvio Fernandes, Reitor da Universidade da Madeira (UMa), referiu ter “aumentado a insegurança nas imediações” do Campus Universitário da Penteada, no Colégio dos Jesuítas do Funchal e na residência universitária. As declarações são de uma comunicação remetida ao Comandante Regional da Polícia de Segurança Pública, em junho de 2022, relatando vários episódios de violência, de agressão, de vandalismo e de assaltos.

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Em fevereiro, depois de novos episódios, a reitoria referiu que tem “articulado com as autoridades locais um reforço da supervisão das áreas em torno desta infraestrutura de ensino superior, inclusive em conformidade com o previsto na Lei de Orçamento do Estado para 2021 e 2022 (Art. 260.º e 195.º, respetivamente)”.

Numa situação de medo e insegurança, que parece não ter precedentes nos últimos anos, a comunidade universitária relatou vários incidentes num clima que é classificado, por estudantes entrevistados pela ET AL., como uma escalada de violência num espaço que esperam ser de segurança. Segundo a Polícia de Segurança Pública (PSP), as ações de patrulhamento e investigação criminal da Divisão Policial do Funchal tem conseguido “recuperar materiais furtados e identificar os presumíveis autores dos crimes”.

Os crimes têm ocorrido também no interior do Campus Universitário. Segundo a reitoria, “têm sido adotados e implementados procedimentos e equipamentos adicionais para majorar a segurança das infraestruturas da UMa, atendendo que a intervenção da UMa no espaço exterior se encontra manifestamente limitada”. A PSP afirmou ter realizado a “detenção em flagrante delito de 2 autores de um crime de furto no interior” do edifício do Campus Universitário da Penteada.

Há relatos, comunicados pela UMa às autoridades policiais no verão passado, de “alunas molestadas por pessoas sem-abrigo”, de “vandalismo em viaturas” abandonadas nas áreas circundantes da UMa, “pernoita habitual de pessoas sem-abrigo”, “ações de grafitar” as paredes do edifício, “utilização de algumas áreas” do campus para festejos particulares noturnos sem licenciamento e os conhecidos assaltos no Bar dos Alunos, ocorridos no ano passado.

A PSP indica “a detenção em flagrante delito de 2 autores de um crime de furto no interior da Universidade da Madeira”

No final de fevereiro, um estudante denunciou um assalto à sua viatura, ocorrida por volta das 11:00 da manhã, durante o período normal da atividade letiva. O aluno relatou que “este tipo de situações que têm sido cada vez mais recorrente” no Campus Universitário. A situação, como referido, não é inédita tendo a Universidade reportando assaltos “a viaturas dos alunos com quebra de vidros ou tentativas infrutíferas, mas deixando danos nas viaturas”.

A PSP indicou à ET AL. que registou uma ocorrência, em fevereiro, de “crimes contra a propriedade, nomeadamente a roubos, crime que implica violência ou coação sobre a vítima com o intuito de furtar a sua propriedade”, “não havendo registo de mais criminalidade violenta nessa área nos últimos 6 meses”.

Situação distinta são os crimes contra a propriedade sem violência, os furtos, de que a PSP relatou ter o registo de “uma dezena de crimes dos quais 50% incorrerão em regime de tentativa ou mero dano, uma vez que não houve a identificação de bens furtados pelos proprietários”.

No combate às dificuldades

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De acordo com o Núcleo Relações Públicas da PSP, “no que respeita a crimes contra a integridade física, não temos registo de ocorrências, pelo que a terem existido não foram comunicadas a esta polícia e os ofendidos não desejaram o respetivo procedimento criminal”. A ET AL. recebeu um relato de agressões contra um elemento da comunidade académica, há poucos meses, junto da paragem de autocarros que fica próximo ao pequeno estacionamento da Estrada da Universidade.

As instalações partilhadas entre a Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação (ARDITI) e o Interactive Technologies Institute (ITI) foram alvo de vários furtos. O Polo Científico e Tecnológico da Madeira não esteve imune ao problema que se tem acentuado nos últimos meses. No final de dezembro, as suas instalações foram alvo de furto e vandalismo. Vários equipamentos, utilizados por investigadores da ARDITI e do ITI, foram furtados, sendo alguns encontrados na Ribeira de São João, como noticiado. A PSP refere “a recuperação de um drone e três portáteis num dos furtos” ocorridos no Campus.

A UMa referiu ter “aumentado a insegurança nas imediações” do Campus

Há algumas semanas, um vidro voltou a ser partido e um equipamento foi, novamente, furtado nas instalações do ITI. Semanas depois, o vidro da viatura de um estudante da Universidade da Madeira foi partido, no estacionamento exterior do Campus Universitário da Penteada.

A 19 de janeiro, o Gabinete de Comunicação da ARDITI informou os investigadores de um novo sistema de segurança no piso 0 do edifício. A estrutura, em declarações à ET AL., reconheceu “a necessidade de tomar medidas para mitigar os recentes acontecimentos”, reforçando “a segurança, incluindo medidas preventivas, melhoria dos sistemas de vigilância, nomeadamente, sensores de movimento, luzes ativadas pelos mesmos e alarmes”.

A ocorrência foi mais um incidente que assusta a comunidade académica, juntando-se a casos de agressão e roubos que se deram, nos últimos meses, no Campus Universitário da Penteada, de acordo com o que foi referido por estudantes e investigadores.

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Ricardo Freitas Bonifácio, Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, refere que solicitou o “aumento da vigilância das zonas circundantes do Campus Universitário”, defendendo medidas concretas para, por exemplo, permitir o reforço da “iluminação do exterior dos edifícios e da via pública”.

Sobre as recomendações, a reitoria da UMa, a PSP e a ARDITI são unânimes em apelar à vigilância da comunidade académica e à adopção de comportamentos de prevenção. A Universidade indica que “será pertinente que os estudantes e todos os demais membros da academia, não obstante os esforços já envidados pela Reitoria, acautelem a sua segurança tendo presente os locais e horários onde circulam, assim como dos seus bens, nomeadamente nas viaturas, evitando deixá-los visíveis e alvo de cobiça, sendo acima de tudo preventivos e civicamente responsáveis no que concerne à identificação e denúncia de qualquer ato ilícito”. Apelando à promoção de “uma cultura de responsabilidade coletiva”, a ARDITI apela a “uma vigilância ativa” para que exista uma “redução dos índices de criminalidade que tem afetado a região nos últimos meses”.

Carlos Diogo Pereira
Com Luís Eduardo Nicolau e Tomás Pontes
ET AL.
Com fotografia de Lianhao Qu.

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