80,3% dos estudantes sentem que “as suas opiniões nunca foram restringidas, desconsideradas ou censuradas na UMa”

80,3% dos estudantes sentem que “as suas opiniões nunca foram restringidas, desconsideradas ou censuradas na UMa”

A ACADÉMICA DA MADEIRA, em parceria com a European Students' Union, inquiriu os estudantes sobre o conceito de liberdade académica. Apesar de 73,7% dos inquiridos entender que a liberdade académica como suficientemente protegida, mais de 25% dos inquiridos considera o contrário. A maioria dos estudantes inquiridos percepciona um nível de liberdade de expressão alto na UMa, embora não creem haver grande diversidade de opiniões na comunidade académica.

A ACADÉMICA DA MADEIRA, através de um projeto cofinanciado pela European Students’ Union (ESU) e pelas Open Society Foundations, do filantropo George Soros, conduziu recentemente um inquérito por questionário, promovido pelo OBSER-VATÓRIO DA VIDA ESTUDANTIL da ACADÉMICA DA MADEIRA, sobre a liberdade académica na Universidade da Madeira (UMa). O inquérito faz parte do programa FreEd me, de Liberdade Académica, que visa avaliar a percepção dos estudantes em relação a este tema.

A ACADÉMICA DA MADEIRA tem em curso 18 projetos com várias organizações de Estados membros da União Europeia. O projeto sobre a Liberdade Académica foi desenvolvido através da SEU, uma organização pan-europeia que congrega 45 estruturas nacionais estudantis, de 40 países do continente, representando, através dos seus membros, quase 20 milhões de estudantes.

Após uma fase preliminar de estudo do meio, que pretendeu desenvolver um conglomerado de informações sobre a liberdade académica, seguiram-se várias atividades com destaque para uma instalação, no átrio da UMa, que pretendia prestar homenagem às lutas estudantis do passado e do presente e alertar toda a comunidade sobre a necessidade da liberdade académica. Além de uma campanha digital, foi colocada uma tenda no átrio do edifício, representando os estudantes acampados durante as manifestações, rodeada de cartazes de alerta para os desafios que perigam a Liberdade académica.

Centenas de questionários em papel foram distribuídos, aleatoriamente, entre 21 de novembro e 5 de dezembro de 2023, resultando numa amostra significativa de 303 estudantes participantes que representam uma fração dos mais de 4000 estudantes da UMa. Foram considerados válidos 300 dos inquéritos recolhidos. Este inquérito tem um intervalo de confiança de 95% e uma margem de erro de 5%.

A maioria dos estudantes inquiridos na Universidade da Madeira sente que “as suas opiniões nunca foram restringidas, desconsideradas ou censuradas”, mesmo que mais de 25% dos inquiridos considera que não é suficientemente protegida em oposição a 73,7% dos inquiridos que entende que a liberdade académica como suficientemente protegida. Ainda assim, há um grande interesse da comunidade académica pois mais de metade dos inquiridos expressaram interesse em projetos em torno deste conceito.

Os resultados obtidos às questões colocadas fornecem uma visão geral da opinião dos estudantes da UMa sobre o conceito e o universo da liberdade académica. O inquérito foi composto por dez perguntas.

Qualifique o seu grau de informação sobre o conceito de liberdade académica.

A maioria dos inquiridos (59,7%) avalia como normal o seu grau de informação sobre o conceito de liberdade académica. 24,7%, cerca de 1/4 da amostra, indicou ter um conhecimento baixo sobre este tema, contra 8% que indicou deter alto nível de conhecimento. 7,7% dos inquiridos revelaram não terem conhecimento.

Na sua opinião o que significa “Liberdade Académica”?

Mais da metade dos estudantes define “liberdade académica” como “igualdade de acesso a oportunidades académicas, independentemente” (69%) e “liberdade para expressar opiniões livremente” (57%).

A “proteção contra censura ou restrições nas atividades académicas” foi apontada por 32%, como definidor de “liberdade académica”. 25,3% apontaram a “liberdade de estudar” como definição do conceito.

Sentiu alguma vez que as suas opiniões ou ideias foram restringidas, desconsideradas ou censuradas dentro da Universidade da Madeira?

Dos inquiridos, 80,3% sentem que “as suas opiniões nunca foram restringidas, desconsideradas ou censuradas na UMa”, ao passo que 19,7% indicaram ter experimentado restrições em alguma situação.

Como avalia a diversidade de perspetivas e opiniões na Universidade da Madeira?

A análise da resposta a esta questão mostra haver uma divisão equitativa entre os inquiridos que consideram a diversidade como “normal” (40,7%) e “boa” (40%) “excelente” a “diversidade de perspetivas e opiniões na UMa” . Cerca de 10,3% avaliou essa diversidade como “fraca” (9%) a muito fraca (1,3%). 27 estudantes inquiridos (9%) avalia-a como “excelente”.

Considera que a liberdade académica é suficientemente protegida na Universidade da Madeira?

Embora a maioria dos estudantes da UMa perceba a liberdade académica como suficientemente protegida (73,7%), uns consideráveis 26,3% discordam dessa afirmação, significando que mais de 1/4 dos estudantes inquiridos considera que a liberdade académica não tem proteção suficiente na instituição.

Participaria em iniciativas ou campanhas que promovam a liberdade académica na Universidade da Madeira?

59,5% dos inquiridos expressaram interesse em projetos em torno da promoção da liberdade académica na UMa, fossem iniciativas ou campanhas.

Se respondeu sim, quais?

Questionados sobre a natureza destes eventos, a maioria dos inquiridos (69,9%) prefere participar em “eventos culturais e educativos”.

Seguem-se “eventos de sensibilização” (com 40,9%) e “campanhas de conscientização” ( com 40,3%), respetivamente, como o tipo de iniciativas nas quais os estudantes estão disponíveis para integrar.

Apenas 22,2% dos estudantes inquiridos consideram participar em “manifestações”.

Como acha que a tecnologia pode contribuir para promover a liberdade académica?

A maior parte dos estudantes (98,3%) compreendem na tecnologia diferentes valências para promoção da liberdade académica, quando apenas 1,7% dos inquiridos não encontraram qualquer interesse nas opções de resposta a esta questão.

De entre as opções avançadas pelo inquérito, os inquiridos escolheram “a criação de plataformas para discussões abertas” (27,8%), a facilitação “da disseminação de informações” (26,1%), e a proteção eletrónica “da privacidade dos estudantes” (24,1%), como boas formas de promoção da liberdade académica por meio da tecnologia.

A relativa proximidade dos resultados para cada uma destas três opções parece indicar que todas elas têm igual importância para os estudantes, uma vez que asseguram diferentes vertentes inerentes ao conceito de liberdade académica: o acesso ao conhecimento, a liberdade de expressão e a proteção pessoal.

46% dos inquiridos sustentam a igualdade de todas essas medidas na promoção da liberdade académica por meios tecnológicos.

Enfrentou desafios relacionados com a liberdade académica?

Embora a maioria dos inquiridos não tenha identificado problemas neste sentido, 23% dos estudantes participantes afirmaram que enfrentaram desafios relacionados com liberdade académica na UMa.

Que recursos utilizou para lidar com a situação?

80,8% estudantes que afirmaram ter enfrentado desafios de liberdade académica superou-os com o apoio vindo do interior da Universidade, por diferentes membros da comunidade académica (44,9%) ou através do “envolvimento de representantes estudantis” e outros (35,9%).

42,3% dos estudantes inquiridos indicaram que este apoio veio de “familiares ou amigos” e 27% de “recursos eletrónicos”.

Principais apreciações

Este inquérito permite aferir que os estudantes inquiridos indicam ter um nível médio a baixo de compreensão do conceito de liberdade académica, muitas vezes limitando-se a uma definição mais estrita. 1/4 dos inquiridos consideram que ela não é suficientemente protegida na instituição.

A maioria dos estudantes inquiridos percepciona um nível de liberdade de expressão alto na UMa, embora não creem haver grande diversidade de opiniões na comunidade académica.

A maioria dos estudantes inquiridos mostrou-se interessada em participar em iniciativas ou campanhas para promoção da liberdade académica, desde que tal não passe por manifestações no sentido estrido do termo.

A maior parte dos inquiridos mantém confiança na tecnologia como meio de promover a liberdade académica, sobretudo de três formas: acesso à informação, troca de opiniões/saberes e proteção de dados pessoais.

Pelo menos um em cada cinco estudantes inquiridos indicou ter enfrentado desafios relacionados com a sua liberdade académica na universidade os quais, para a maioria, foram resolvidos no seio da própria universidade, através dos seus profissionais docentes e administrativos ou envolvendo representantes dos estudantes nas instâncias da instituição. Mais do que 40%, porém, indicou que o seu ponto de apoio foram familiares ou amigos.

João Carlos Vasconcelos
Com Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Kristina Flour.

FICHA TÉCNICA

Objetivo do estudo: Inquérito por questionário realizado no âmbito do programa FreEd me da ACADÉMICA DA MADEIRA, com o apoio da ESU, com o intuito de avaliar a percepção dos estudantes da UMa sobre a liberdade académica, no ano letivo de 2023-2024. O estudo procurou obter informações sobre o conhecimento, as definições, as experiências e as atitudes dos estudantes em relação a questões relativas ao conceito de liberdade académica.

Universo: Estudantes da Universidade da Madeira.

Amostra: A amostra consistiu em 303 estudantes selecionados aleatoriamente a partir de uma população de mais de 4000 estudantes da UMa. Destes, 300 inquéritos foram considerados válidos. A distribuição dos questionários ocorreu entre 21 de novembro e 5 de dezembro de 2023, no Campus Universitário da Penteada.

Técnica: Aplicação de inquéritos de papel, distribuídos aleatoriamente, com questões estruturadas sobre liberdade académica. As respostas foram recolhidas manualmente e posteriormente analisadas.

Responsabilidade do estudo: ACADÉMICA DA MADEIRA.

Palavras-chave