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Passe pela Feira do Livro do Funchal

Passe pela Feira do Livro do Funchal

Na Feira do Livro do Funchal de 2025, celebramos Camões e a leitura como antídoto à ignorância — num país onde ainda se compram poucos livros, mas onde há muito por descobrir entre páginas e bibliotecas.
Sessão de lançamento, a 28 de março de 2025, de LAURISSILVA DA MADEIRA, de Rafaela Rodrigues, numa edição da CADMUS, chancela da ACADÉMICA DA MADEIRA.

Como muitos portugueses, li Os Lusíadas mais por obrigação escolar do que por vontade. No entanto, essa leitura trouxe-me prazeres inesperados e conhecimentos que, de outra forma, não teria adquirido. Sabia que São Telmo, a quem se dedica a Capela do Corpo Santo no Funchal, é o mesmo santo ligado ao fogo de Santelmo, mencionado na obra de Camões?
Em 2025, a Feira do Livro do Funchal presta homenagem ao poeta que viu mais com um olho do que muitos de nós com dois.

Ler enriquece o vocabulário, expande o pensamento e permite-nos viver experiências além do nosso tempo e espaço. Uma sociedade leitora é mais crítica, tolerante e democrática. No entanto, apesar de mais escolarizado do que o Portugal de Camões, o nosso país ainda tem índices baixos de leitura e piores de literacia. Segundo a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), os quase 11 milhões de portugueses compram apenas 13 milhões de livros por ano. Se considerarmos as percentagens de crianças e jovens entre os 15 e os 34 anos que compram livros, concluímos que só nestes 34% da população lê uma média seis livros por ano. Logo, sobram adultos que nem um livro por ano compram para lerem. Se o preço for um obstáculo, veja-se o que diz a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, com bibliotecas em quase todos os concelhos portugueses. Nelas, estão inscritos menos de dois milhões de utilizadores.

No programa PEÇO A PALAVRA de 2 de abril, Catarina Faria, programadora da Feira, destacou o papel da Câmara Municipal do Funchal na promoção da leitura e na edição de livros. Entre as 13 obras lançadas este ano, destacam-se um volume de poesia e três novos títulos da coleção de dramaturgia Baltazar Dias, que saem do prelo da Imprensa Académica (IA). Hoje, 3 de abril, será apresentada uma edição comentada de Além-Mar, de João Cabral do Nascimento, poeta modernista e colaborador de Fernando Pessoa, e a peça inédita Da Irene, com Amor, de Sandro Nóbrega, em homenagem à artista funchalense Irene Lucília Andrade.

Da mesma coleção, temos as peças Senhor Dá-me Um Sarilho, de Jorge Ribeiro de Castro, e Bola de Cristal, 13, Um, Três, de Luísa Fidalgo. Esta última, estreada no Teatro do Bolhão, no Porto, será apresentada hoje no Teatro Baltazar Dias, interpretada pela própria autora, Inês Rosado, Lígia Roque e Rita Lello. A peça aborda a memória e a perda através da história de Rosário (1950-2009), retratada em diferentes momentos da sua vida.

Da IA leitores poderão encontrar nas bancas A Justiça de Deus, de João Augusto de Ornelas, um romance do Romantismo oitocentista passado na Ponta do Sol, e o infantojuvenil Laurissilva da Madeira, de Rafaela Rodrigues, sobre a floresta endémica da Madeira. Destaque também para Da Minha Janela, de Bruno Rodrigues e Ana Lousada, que combina um conto infantil com exercícios certificados de terapia da fala. Pela Cadmus, surge uma nova edição do sucesso O Estranho Caso da Flutuação, de Sandro Nóbrega.

A Feira do Livro não se limita à compra de livros. É um ponto de encontro entre leitores, escritores, editores e livreiros, enriquecido por apresentações, sessões de autógrafos e atividades culturais. Se já é leitor, aproveite. Se não, esta pode ser a sua oportunidade para começar.

Se não acompanhou a emissão do PEÇO A PALAVRA na antena da TSF Madeira, pode ouvir o episódio em podcast.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Mário Pereira.

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