O PEÇO A PALAVRA desta quarta-feira tratou da juventude cuja Direção Regional, na Madeira, “tem por missão apoiar a definição, a execução e a avaliação das políticas públicas de juventude, com vista à formação e integração dos jovens em todos os domínios da vida social”. O programa abordou os desafios enfrentados pelos jovens madeirenses no campo da empregabilidade, da formação, da habitação e da saúde, além das oportunidades que existem na Madeira e em todo o mundo.
No painel desta emissão, Carlos Diogo Pereira, que é professor de Biologia, licenciado e mestre pela Universidade da Madeira, autor com diversas obras publicadas nos últimos anos e gestor de dezenas de projetos e programas com jovens portugueses e estrangeiros, acompanhado por Manuel Luís Gonçalves, que é finalista de Engenharia Informática na Universidade da Madeira, gestor de projetos e programas, nacionais e internacionais, além de Coordenador de Voluntários na Académica da Madeira. O convidado desta emissão foi o Diretor Regional da Juventude, André Alves, que também estudou pela Universidade da Madeira, licenciado em Engenharia Multimédia, pelo Instituto Superior de Tecnologias Avançadas de Lisboa.
No final do verão de 2024, os resultados do Inquérito Anual aos Finalistas da Universidade da Madeira, promovido pelo Observatório da Vida Estudantil da ACADÉMICA DA MADEIRA, indicava que, numa amostra de 400 estudantes, mais de metade dos inquiridos indicava que a sua maior preocupação era a empregabilidade e a independência financeira. Em terceiro lugar, estes estudantes apontaram apreensão quanto à habitação. Esta semana, discutiram-se vários programas que existem para apoiar a inserção dos jovens no mercado de trabalho.
Novas medidas de apoio ao Ensino Superior
Mensalmente, a ACADÉMICA DA MADEIRA tem um espaço de opinião no JM Madeira. Ricardo Freitas Bonifácio, Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, escreveu sobre as recentes medidas do governo.
Quando os grandes eram pequenos
Chegar a Setembro, findas as merecidas férias, ter que recordar o que me fez crescer e o que mais me marcou
Sobre a formação dos jovens, o ensino superior tem registado um crescimento significativo nos últimos anos. No ano letivo de 2023-2024, segundo a DREM, estavam matriculados 4.161 alunos nos estabelecimentos de ensino superior da região, representando um aumento de 3,7% em relação ao ano anterior. O crescimento foi mais acentuado no ensino universitário, que registou um aumento de 3,9% no número de alunos, enquanto o ensino politécnico cresceu 3,3%. A preocupação das famílias e dos jovens sobre a formação reflete-se nos dados, com o número de diplomados pelo ensino superior a aumentar nos últimos anos. Na Madeira, registaram-se 793 diplomados no ensino superior em 2021-2022, número que subiu para 874 diplomas entregues no ano seguinte. Após a conclusão do curso, começam os outros problemas que os jovens apontam.
O acesso à habitação tornou-se um dos maiores desafios em Portugal. Os jovens enfrentam rendas elevadas, ordenados mais baixos e empregos precários em algumas áreas. Em várias cidades, arrendar uma casa a um preço acessível é cada vez mais difícil. O aumento da especulação imobiliária e do turismo, especialmente em regiões como a Madeira, tem reduzido a oferta de habitação a preços justos, agravando ainda mais a situação. Para muitos, a compra de casa também não é uma solução viável, devido ao custo das prestações bancárias e às exigências dos créditos à habitação.
Este problema é um dos motivos que justifica que os jovens, em Portugal, continuam a sair de casa dos pais mais tarde, comparados aos da maioria dos países europeus. Em 2021, a idade média da emancipação atingiu os 33,6 anos, um dos valores mais elevados da União Europeia. Em 2022, porém, registou-se uma descida para os 29,7 anos, ainda assim acima da média europeia, que se situa nos 26,4 anos. A dificuldade em encontrar habitação a preços acessíveis, aliada a salários baixos e à precariedade laboral, contribui para este adiamento na independência residencial.
Taxa de sucesso nos projetos da FCT foi de 8,5%
Enquanto os investigadores portugueses experimentam atrasos, problemas de financiamento e precariedade, as taxas de aprovação dos seus projetos, junto da fundação que regula a ciência e a investigação em Portugal, é mais baixa do que noutros Estados da Europa.
Portugueses com ensino superior têm salários 49% mais altos do que os com ensino secundário completo
Um recente relatório da Fundação José Neves revelou resultados conclusivos entre os dados da educação e da empregabilidade em Portugal, destacando
Outra preocupação jovem é o consumo de álcool e outras substâncias aditivas. Na Madeira, este problema tem registado algumas variações nos últimos anos entre os jovens. Em 2022, verificou-se um aumento na prevalência do consumo de substâncias aditivas entre jovens de 18 anos, especialmente no que diz respeito a drogas ilícitas, álcool e tabaco. Contudo, a região apresentou uma das taxas mais baixas do país no que toca à experimentação de álcool e tabaco nesta faixa etária, sugerindo que, apesar do aumento, os valores continuam abaixo da média nacional. No que respeita às drogas sintéticas, o arquipélago enfrenta desafios significativos, com mais de 1.800 internamentos nos últimos dez anos devido ao consumo destas substâncias. Além disso, num curto período, foram identificadas sete novas substâncias psicoativas na Madeira, que nunca antes tinham sido detetadas em Portugal, evidenciando uma tendência preocupante para o surgimento de novas drogas na região.
Sobre o retrato da juventude no continente europeu, há alguns dias foi publicado o mais recente inquérito Eurobarómetro, que evidencia que o custo de vida e as alterações climáticas estão entre as principais preocupações desta geração. A sondagem, conduzida pelo Parlamento Europeu junto de cidadãos dos 16 aos 30 anos, demonstra ainda que as redes sociais ultrapassaram a televisão como a principal fonte de informação sobre questões políticas e sociais. Além disso, revela uma elevada perceção do problema da desinformação digital.
Em dezembro, a ACADÉMICA DA MADEIRA apresentou a obra A Nossa Assembleia, sobre o funcionamento do parlamento regional. O objetivo passou por explicar, de forma didática, o funcionamento da Assembleia Legislativa às novas gerações, enquando uma fonte credível, que é fruto de um processo de investigação com vários parceiros.
Alojamento no Ensino Superior reforçado em 70 milhões de euros
O Plano Nacional Para o Alojamento no Ensino Superior vai ser reforçado em 70 milhões de euros, uma verba que visa apoiar as instituições de ensino superior face ao aumento dos custos de construção que se verificaram no último ano. Garantem-se, assim, as melhores condições financeiras para a concretização das empreitadas aprovadas.
A expansão do curso de Medicina não acontece como esperado
O PEÇO A PALAVRA, na antena da TSF e em podcast, em parceria com a ACADÉMICA DA MADEIRA, debateu a evolução
Segundo os dados divulgados pelo Parlamento Europeu, “a televisão continua a ser a principal fonte de informação para os jovens em Portugal (53%), Itália (52%), Eslovénia (45%) e França (43%). A imprensa digital e/ou as plataformas de notícias e a rádio são fontes de informação para 26% dos participantes mais jovens e 16% dos seus homólogos mais velhos”. Recordando os dados da edição de 2021 deste inquérito, “as principais fontes de notícias eram as redes sociais e os portais de notícias (cada um dos quais foi mencionado por 41% dos inquiridos)”.
Com a divulgação dos resultados do Eurobarómetro, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, defende que “ouvir os jovens europeus e as suas preocupações é vital para os políticos, os legisladores e para a democracia europeia. Os jovens de hoje estão preocupados com o aumento dos preços, as alterações climáticas, a segurança e as suas possibilidades de encontrar um bom emprego. Estas são preocupações que devemos ter em conta em todas as decisões que tomamos e em todas as leis que aprovamos. Caso contrário, arriscamo-nos a perder uma geração para a desilusão”.
O PEÇO A PALAVRA discute os temas ligados a juventude, pois os estudantes pediram a palavra. O nome do programa tem origem na intervenção que tornou célebre o jovem líder estudantil em Coimbra Alberto Martins e espoletou a Crise Académica de 69. Trata-se de uma produção da TSF Madeira 100FM com a ACADÉMICA DA MADEIRA, transmitida em direto, quinzenalmente às quartas-feiras, com repetição na semana seguinte, e disponível em podcast, nas principais plataformas do mercado.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Pedro Pessoa.
