Em agosto, a ET AL. noticiava que o PEÇO A PALAVRA abordou o tema da investigação, quando era notícia que “Portugal está na cauda da Europa no investimento em ciência, registando o 5.º menor financiamento nesta área em percentagem do Orçamento do Estado entre os 27 países da União”.
Nos últimos anos, as taxas de sucesso dos projetos de investigação científica têm sido motivo de preocupação em vários países europeus, refletindo a competitividade e os desafios enfrentados pelos investigadores. Em Portugal, a taxa de sucesso dos projetos submetidos à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) foi de apenas 8,5% em 2022, um valor particularmente baixo em comparação com outros países europeus e que evidencia as dificuldades no acesso a financiamento público. Este número reflete a aprovação de 228 projetos entre as 2695 candidaturas submetidas, num cenário de cortes orçamentais e atrasos na atribuição de verbas.
Noutros países europeus, as agências nacionais de financiamento têm registado taxas de sucesso consideravelmente superiores. No Reino Unido, o Engineering and Physical Sciences Research Council (EPSRC), parte do UK Research and Innovation, apresentou, em 2020, uma taxa média de aprovação de 28% para projetos financiados. Na Alemanha, a Deutsche Forschungsgemeinschaft (DFG) registou, em 2019, uma taxa de sucesso de 32%, enquanto em França, a Agence Nationale de la Recherche (ANR) aprovou cerca de 16% das candidaturas recebidas em 2020. Estes números, embora diferentes, demonstram uma maior eficácia no financiamento em comparação com os dados apresentados pela FCT.

Abertas as inscrições para o 11.º Fórum de Gestão de Dados de Investigação
Nos dias 21 e 22 de novembro deste ano, o Instituto Politécnico de Viseu acolhe o 11.º Fórum de Gestão de Dados de Investigação (GDI), aberto à comunidade académica e científica nacional. As inscrições para participação abertas até 15 de novembro.

FCT anuncia resultados provisórios do Programa RESTART
A FCT anunciou os resultados provisórios do Programa RESTART, que financiará 32 projetos de I&D para apoiar o regresso de investigadores/as
Em programas de financiamento europeus, como o Horizonte Europa, Portugal apresenta um desempenho mais favorável. As entidades portuguesas alcançaram uma taxa de sucesso de 17,6%, acima da média europeia de 14,8%, segundo o jornal Expresso. Estes resultados indicam que, em plataformas competitivas de âmbito internacional, os investigadores portugueses conseguem obter reconhecimento e financiamento, contrastando com as dificuldades enfrentadas a nível nacional.
A disparidade entre as taxas de sucesso nas agências nacionais e os programas europeus levanta questões sobre a política científica em Portugal e a necessidade de um maior investimento em investigação. Enquanto outros países europeus conseguem manter taxas de aprovação mais elevadas e consistentes, a ciência em Portugal enfrenta cortes orçamentais e atrasos que comprometem o progresso e a competitividade dos seus investigadores. A previsibilidade e estabilidade dos financiamentos continuam a ser desafios críticos para a consolidação de uma política científica eficiente e sustentável.
Luís Eduardo Nicolau
Com Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia do NCI.