Em 2023, um artigo da Nature alertava “que a ciência está menos inventiva, com uma redução significativa no número de artigos científicos e patentes disruptivas ao longo das últimas décadas”. O futuro da ciência europeia, que passa pela inovação, deverá envolver um aumento substancial do financiamento e por uma participação maior de entidades privadas, segundo o “Relatório Heitor”, coordenado pelo ex-ministro português Manuel Heitor e divulgado em outubro de 2024. O documento, segundo o Público, recomenda que o orçamento do próximo programa-quadro FP10 atinja os 220 mil milhões de euros, mais do que o dobro do atual, para evitar que a Europa fique para trás em relação a outras regiões do mundo.
O documento alerta que o financiamento europeu não deve substituir o reduzido investimento nacional, evitando que os orçamentos se tornem excessivamente dependentes dos fundos da União Europeia. Ao analisar os dados do programa anterior, o Horizonte 2020 (2014-2020), verifica-se que 74% das propostas avaliadas como de “alta qualidade” por peritos independentes ficaram sem financiamento. O aumento proposto do orçamento, e o financiamento nacional, ajudaria a reduzir este problema, embora não permita financiar todos os projetos.

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Entre as propostas mais inovadoras do relatório está a criação de uma agência europeia para o desenvolvimento de tecnologia disruptiva, inspirada na DARPA norte-americana, com o objetivo de fomentar projetos de alto impacto experimental. Outra sugestão é a criação de um Conselho para a Competitividade Industrial e a Tecnologia, que assumiria a responsabilidade de financiar projetos empresariais e definir estratégias tecnológicas.
Um dos temas mais controversos do relatório é a recomendação de projetos de uso dual, com aplicações civis e militares, uma abordagem que já gerou resistência por parte de universidades e centros de investigação. O documento defende esta proposta com base na omnipresença da tecnologia moderna, destacando exemplos como os drones.

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A inclusão do setor privado é outro pilar das recomendações, com a sugestão de parcerias entre empresas e fundações para diversificar as fontes de financiamento da ciência. Esta medida, porém, poderá enfrentar resistência, sobretudo em setores mais conservadores do meio académico.
Apesar das suas propostas arrojadas, o relatório reconhece os desafios políticos e financeiros da sua implementação, mas aponta para a necessidade urgente de mudanças para que a ciência europeia recupere a competitividade no cenário global.
Luís Eduardo Nicolau
Com Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de NCI.