Um estudo recente, publicado na revista Nature, revelou que a ciência está menos inventiva, com uma redução significativa no número de artigos científicos e patentes disruptivas ao longo das últimas décadas. “Podemos chamar-lhe inventivas ou disruptivas, mas em qualquer dos casos a ciência tem tido artigos científicos publicados e patentes registadas com menos contributo para criar novo conhecimento ou romper com o existente”, afirmou Michael Park, um dos autores do estudo e investigador da Universidade do Minnesota, ao Público.
A análise abrangeu 25 milhões de artigos científicos (entre 1945 e 2010) e 3,9 milhões de patentes (de 1980 a 2010). Os resultados mostram uma queda de até 100% na proporção de artigos inovadores em algumas áreas científicas. “É um resultado transversal a todas as áreas, das ciências sociais até à biomedicina ou às engenharias”, destacou Michael Park. No caso das patentes, a redução foi entre 78,7% e 91,5% no mesmo período.
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Uma das explicações apontadas pelos investigadores é a “sobrecarga de conhecimento”. Segundo Michael Park, em declarações ao jornal, “os investigadores que entraram nas últimas décadas na ciência têm um bolo prévio de conhecimento maior e acabam por estar alocados a uma fatia mais estreita do trabalho”. Essa especialização crescente, somada à pressão para publicar mais, tem resultado numa ciência “menos disruptiva” e focada em consolidar conhecimento existente.
Outro fator que contribui para essa tendência é a crescente pressão sobre os cientistas para publicarem mais artigos. “Esta pressão crescente para publicar leva geralmente a avaliações em que o número de artigos é mais valorizado do que a qualidade ou o conteúdo desses artigos”, apontou Michael Park ao Público. Em Portugal, o subfinanciamento da ciência agrava essa situação, com muitos projetos a dependerem de financiamento por períodos curtos.
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Apesar da redução relativa na inovação, os exemplos disruptivos ainda surgem. Michael Park citou avanços como a tecnologia de ARN-mensageiro usada nas vacinas contra a covid-19 e a deteção das ondas gravitacionais. Para ele, “num mundo ideal, creio que existiria um equilíbrio saudável entre descobertas científicas disruptivas e consolidadoras. Estamos só a analisar aquilo que é a realidade.”
Como sugestão, os autores do estudo defendem que as universidades devem “recompensar mais avidamente a qualidade da investigação” e investir em modelos que promovam a investigação de longo prazo. Este equilíbrio poderia contribuir para o avanço contínuo do conhecimento científico.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de NCI.