A comissária europeia para Startups, Investigação e Inovação, Ekaterina Zaharieva, considera que a duplicação do orçamento europeu para a ciência, sugerida por várias organizações, é “irrealista”. Apesar de afirmar que trabalhará para aumentar as verbas, a comissária destaca os “constrangimentos orçamentais” como um impedimento significativo para atingir os 220 mil milhões de euros propostos para o próximo programa-quadro FP10.
Atualmente, o Horizonte Europa, programa-quadro vigente, conta com um orçamento de 93,5 mil milhões de euros e estará em vigor até 2027. O “Relatório Heitor”, elaborado por 15 peritos liderados pelo antigo ministro da Ciência Manuel Heitor, recomendou a duplicação das verbas para o próximo período (2028-2034), alertando que “a Europa está atualmente a ficar para trás quer em investimento, quer em impacto da sua investigação e inovação”.

Dos actuais 93,5 mil milhões de euros, aumentar para 220 mil milhões
Um relatório europeu, liderado por Manuel Heitor, propõe duplicar o orçamento para a ciência e incluir mais privados no financiamento, defendendo mudanças radicais na investigação e inovação.
A proposta final do orçamento do FP10 será apresentada pela Comissão Europeia a 1 de julho, mas as expectativas de um aumento significativo continuam baixas. Zaharieva planeia concentrar esforços na simplificação dos processos de candidatura e no acesso a financiamento para startups e pequenas empresas, considerando essas medidas mais viáveis para impulsionar a inovação no continente.
Por outro lado, a meta de investimento de 3% do PIB em ciência e tecnologia, estipulada para todos os Estados-membros, foi descrita pela comissária como “totalmente alcançável”. Contudo, a média europeia permanece nos 2,2%, enquanto Portugal se encontra abaixo, com apenas 1,69% do PIB dedicado ao setor.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Honglei Yue: (Pexels)