Procurar
Close this search box.
Procurar
Close this search box.

Comissão Europeia garante independência do Conselho Europeu de Investigação

Comissão Europeia garante independência do Conselho Europeu de Investigação

A Comissão Europeia assegurou que o Conselho Europeu de Investigação manterá a sua independência, afastando preocupações sobre possíveis interferências políticas na definição de prioridades científicas.

A Comissão Europeia garantiu que o Conselho Europeu de Investigação (ERC) manterá a sua independência, dissipando as preocupações que surgiram após a apresentação da nova estratégia europeia para a competitividade. A “Bússola para a Competitividade”, proposta por Ursula von der Leyen, levantou receios de uma possível interferência política na atribuição de financiamento científico, dado que prevê um alinhamento entre as políticas industriais e de investigação. No entanto, a Comissão assegurou que o ERC continuará autónomo, mantendo a sua capacidade de financiamento independente para apoiar os melhores projetos científicos.

A preocupação central residia no facto de o plano europeu para a competitividade poder implicar a definição de prioridades temáticas para as bolsas atribuídas pelo ERC, algo que contraria a sua filosofia de funcionamento. O ERC opera através de um conselho científico independente que avalia projetos com base no mérito científico, sem interferências externas. A possibilidade de um alinhamento obrigatório com as prioridades estratégicas da União Europeia gerou reações dentro da comunidade científica, temendo que a investigação fundamental pudesse ser prejudicada em detrimento de áreas mais alinhadas com os objetivos económicos e industriais da Europa.

Maria Leptin, presidente do ERC, reforçou a necessidade de garantir a autonomia da instituição, sublinhando que os cientistas devem continuar a definir as áreas de investigação mais promissoras, sem imposições externas. Segundo Leptin, os resultados demonstram que o modelo atual já contribui para a inovação, com cerca de 40% dos projetos financiados pelo ERC a serem citados em patentes e 400 investigadores a fundarem empresas. Estes dados são apresentados como prova de que a independência científica não compromete o impacto económico e tecnológico, pelo contrário, fortalece a inovação europeia.

Nos próximos anos, a política científica europeia verá a implementação de várias novas leis e estratégias, incluindo a Lei para a Área da Investigação Europeia e a Lei Quântica. Estas iniciativas deverão moldar o futuro da ciência no continente, embora já se note uma orientação preferencial para a tecnologia avançada, a inteligência artificial e o setor espacial. As humanidades e as ciências sociais, por outro lado, parecem estar cada vez mais ausentes das prioridades europeias, um reflexo das novas direções que a União Europeia pretende seguir na sua aposta científica e económica.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Guillaume Perigois.

Palavras-chave