A Comissão Europeia garantiu que o Conselho Europeu de Investigação (ERC) manterá a sua independência, dissipando as preocupações que surgiram após a apresentação da nova estratégia europeia para a competitividade. A “Bússola para a Competitividade”, proposta por Ursula von der Leyen, levantou receios de uma possível interferência política na atribuição de financiamento científico, dado que prevê um alinhamento entre as políticas industriais e de investigação. No entanto, a Comissão assegurou que o ERC continuará autónomo, mantendo a sua capacidade de financiamento independente para apoiar os melhores projetos científicos.
A preocupação central residia no facto de o plano europeu para a competitividade poder implicar a definição de prioridades temáticas para as bolsas atribuídas pelo ERC, algo que contraria a sua filosofia de funcionamento. O ERC opera através de um conselho científico independente que avalia projetos com base no mérito científico, sem interferências externas. A possibilidade de um alinhamento obrigatório com as prioridades estratégicas da União Europeia gerou reações dentro da comunidade científica, temendo que a investigação fundamental pudesse ser prejudicada em detrimento de áreas mais alinhadas com os objetivos económicos e industriais da Europa.

“Tenho a preocupação de aproximar os mais jovens do Parlamento Europeu”
Sara Cerdas, madeirense e médica, foi, em 2019, eleita eurodeputada ao Parlamento Europeu. No início de fevereiro, a eurodeputada recebeu vários jovens da Madeira no Parlamento Europeu, reforçando a importância para aproximar a “Região dos centros de decisão”.

Em Bruxelas, para uma jornada rumo ao nosso paraíso
A ACADÉMICA DA MADEIRA promove, no Parlamento Europeu em Bruxelas, a exposição A JOURNEY TO PARADISE, com fotografias de Joel Santos.
Maria Leptin, presidente do ERC, reforçou a necessidade de garantir a autonomia da instituição, sublinhando que os cientistas devem continuar a definir as áreas de investigação mais promissoras, sem imposições externas. Segundo Leptin, os resultados demonstram que o modelo atual já contribui para a inovação, com cerca de 40% dos projetos financiados pelo ERC a serem citados em patentes e 400 investigadores a fundarem empresas. Estes dados são apresentados como prova de que a independência científica não compromete o impacto económico e tecnológico, pelo contrário, fortalece a inovação europeia.
Nos próximos anos, a política científica europeia verá a implementação de várias novas leis e estratégias, incluindo a Lei para a Área da Investigação Europeia e a Lei Quântica. Estas iniciativas deverão moldar o futuro da ciência no continente, embora já se note uma orientação preferencial para a tecnologia avançada, a inteligência artificial e o setor espacial. As humanidades e as ciências sociais, por outro lado, parecem estar cada vez mais ausentes das prioridades europeias, um reflexo das novas direções que a União Europeia pretende seguir na sua aposta científica e económica.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Guillaume Perigois.