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Com a cabeça na Lua!

Luna e o Bochechinhas, o livromante, são personagens criadas por Andreia Baptista e que têm feito as delícias das crianças da Madeira. No início de 2023, a escritora faz o balanço da receção do seu primeiro livro e fala de projetos futuros.
Ilustração de LUNA! OUTRA VEZ NA LUA?! de Andreia Baptista e Teresa Vieira.

Neil Armstrong foi das poucas pessoas a quem a expressão “andar com a cabeça na Lua” pode ser aplicada literalmente. Contudo, é possível que, num sentido figurativo, andar com a cabeça na Lua também é importante no desenvolvimento cognitivo da criança.

Andreia Baptista, tem dedicado a sua vida às crianças, aos livros e às bibliotecas e publicou, com a Cadmus, LUNA! OUTRA VEZ NA LUA?!, ilustrada por Teresa Vieira. Esta é uma história para ajudar a desenvolver o gosto pela leitura e pelo livro nos mais pequenos. Para 2023, a escritora apresenta uma nova obra com Teresa Vieira, AI! SE EU FOSSE ZEUS, também editada pela Cadmus.

A Língua Materna

A 21 de Fevereiro, celebrou-se o dia da Língua Materna. A data recorda uns universitários de Língua Bengali mortos por defenderem a língua materna, no Paquistão, onde o Urdu era língua única. A política linguística portuguesa é, aparentemente, a da defesa da língua nacional. Contudo, privilegia-se a língua franca em

Seis meses depois da publicação de OH LUNA! OUTRA VEZ NA LUA!, qual tem sido retorno dos leitores?

Ao longo destes seis meses após a publicação do meu primeiro livro Luna! Outra vez na lua?!, o retorno tem sido deslumbrante. É muito bom ouvir uma mãe a dizer que a filha de três anos agora abre outros livros à procura do seu Livromante. É enternecedor receber fotografias de crianças, aconchegadas com mantinhas, a ler uma história que me deu tanta alegria escrever. É tão bom sentir o espanto das pessoas no final da história: “Que giro! Não estava nada à espera disto!”. É motivante ouvir perguntar “Quando chega uma nova aventura da Luna?”.

Tem sido simplesmente maravilhoso apresentar o livro nas escolas e sentir tantos olhares curiosamente alegres conforme as pontinhas do véu se vão levantando. Enfim, tem sido mesmo muito gratificante poder partilhar uma história nascida e criada no meu coração.

Que importância tem incluir a participação de crianças na dinâmica da/das apresentação/sessões de leitura do livro?

Na minha opinião, é extremamente importante incluir crianças nas apresentações de livros e nas sessões de leitura porque, ao envolvê-las, estamos a introduzi-las no enredo sem que elas se apercebam disso. Estamos a conquistá-las para o mundo do livro, da magia e dos sonhos. Estamos a estimular a curiosidade, a criatividade e a desenvolver a capacidade de se expressar em público.

Julgo também ser muito importante fazer com que a plateia (seja ela constituída por miúdos ou graúdos) seja convidada a entrar nas histórias que estão a ser apresentadas. Fazer com que todos sintam que fazem parte da narrativa. Quando nos sentimos envolvidos, podemos agir com o coração e o mundo à nossa volta fica mais bonito.

Que desafios a literatura para a Infância enfrenta na Madeira?

O desafio mais falado é o facto de os livros terem de competir com as novas tecnologias… Não o menosprezo… mas acho que é possível usar as tecnologias como aliadas, em vez de as olharmos como inimigas. Requer entrega e imaginação? Sim, sem dúvida! Mas, como diz Zeus, “o melhor caminho nem sempre é o mais fácil.”

No entanto, existe outro desafio que começa a ser encarado e uma luz ao fundo do túnel começa a surgir, principalmente com o apoio da Associação Académica. Há pouco investimento a nível nacional em autores madeirenses. O que é uma pena! Por termos nascido ilhéus não significa que não tenhamos dotes para a escrita ou para as outras artes.

É verdade que, felizmente, a oferta e a qualidade de livros denominados “infantojuvenis” tem crescido (e muito) nos últimos anos. No entanto, a maior parte das novidades, que até então chegam até nós, vem de fora. Isto é, temos uma enorme quantidade de livros de autores estrangeiros (traduzidos para português) à venda nas nossas livrarias. A presença de livros de autores portugueses também não é escassa. Mas no que toca a escritores madeirenses talvez não possamos dizer o mesmo.

É muito importante dar espaço a autores madeirenses. O contacto entre as crianças|os jovens e aqueles que escreveram e ilustraram a história que irão ler é crucial na motivação para a leitura. A parceria com escritores é um forte apoio para as escolas e para as bibliotecas, sejam elas escolares, públicas, municipais ou regionais. Eu acredito que quanto maior for o leque de autores madeirenses maior será o número de leitores.

O que é que os leitores podem esperar de AI! SE EU FOSSE ZEUS…, a editar em 2023?

Ai! Se eu fosse Zeus narra uma história de animais com características bem diferentes uns dos outros: uns pequeninos outros grandes, uns fofinhos outros rebeldes, uns melodiosos outros deliciosos… Se, pelo caminho, encontrarem algumas semelhanças connosco, ou seja, com o ser humano, será pura coincidência (ou não?!).

Ao percorrer os cenários deste livro, poderão conhecer o reino Olindo, sendo possível relaxar no vale Adónis, contemplar a beleza do jardim Jacinto ou deixar-se render pela imponência da cidade Minerva… Se, ao passar alguma página, encontrarem alguma semelhança com as paisagens da Pérola do Atlântico será pura coincidência (ou não?!).

Este é um conto onde o número três assume uma grande importância, não fosse “Três a conta que Zeus fez!”… ou será antes “Três é a conta que Deus fez!”?!

Sendo eu uma pessoa que acredita que os livros são capazes de mudar uma pessoa (para melhor, claro!), esta é uma história que apela à reflexão e que pretende “trazer à baila” alguns valores que, apesar de não serem novidade, na azáfama do dia a dia, são muitas vezes esquecidos.

Entrevista conduzida por Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com ilustração de Teresa Vieira.

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