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infância

Não te esqueças de mim

No final de 2022, na semana do Natal, a Cadmus fez um último lançamento em 2022, uma história tocante para a Infância, que aborda a forma como a Demência afeta a vida de quem apresenta sintomas. Rafaela Rodrigues fala-nos de UMA CASA SEM NOME PARA DEPOIS, uma edição apoiada pelo programa PRINT.

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Com a cabeça na Lua!

Luna e o Bochechinhas, o livromante, são personagens criadas por Andreia Baptista e que têm feito as delícias das crianças da Madeira. No início de 2023, a escritora faz o balanço da receção do seu primeiro livro e fala de projetos futuros.

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A festa do livro é a festa do AMOR de Leda Pestana e Alberto do Vale

Terça-feira, 22 de novembro, às 19:00, o Museu de Imprensa da Madeira recebe o lançamento da obra AMOR de Leda Pestana e Alberto do Vale. Trata-se da paixão na escrita, no trabalho e em tudo. Sob esse espírito, AMOR chega a todos os leitores, numa “mensagem de celebração à vida e ao amor”, como defende Leda Pestana.

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Esfolar os joelhos ou ter calos nos dedos?

Entre brincadeiras dentro e fora de casa, como foi a tua infância? Ao falar com alguns dos estudantes da UMa, lançámos o desafio de nos responderem se preferiam esfolar os joelhos ou terem calos nos dedos, sendo os calos alusão ao uso de brinquedos tecnológicos desde pequenos. A maior parte dos estudantes teve uma infância passada a brincar em parques infantis e nos seus jardins. Poucos foram fechados em casa, por os pais os quererem proteger dos perigos da rua. Questionados sobre o acesso das crianças a tecnologias, quando comparada à sua própria infância, os entrevistados prontamente indicaram benefícios a ambos os tipos de educação. Brincar em jardins e em parques foi apontado como forma de estimular o sistema imunitário, de promover a actividade física e de desenvolver a criatividade, em contrapartida os brinquedos tecnológicos permitem maiores estimulação mental, aprendizagem e adaptação ao mundo tecnológico. No verso da medalha, apontaram como fonte dos malefícios, em ambos os casos, a desatenção dos pais. Se o único problema identificado na falta de vigilância nos jardins foi a criança poder magoar-se, a ausência de limitação paterna no uso da tecnologia foi tida como origem de dependência excessiva da tecnologia e o acesso não controlado à Internet como ponto de partida à exposição à violência, ao abuso sexual, entre outros. Para os estudantes da UMa os seus hábitos em criança influenciaram sua personalidade. Os que passaram a maior parte da infância em casa apontam-no como causa da dificuldade em se relacionarem com as pessoas, bem como de terem algumas dificuldades em se adaptarem socialmente ao mundo que os rodeia. Os que tiveram oportunidade de serem activos em pequenos, disseram que isso estimulou-os para a prática de uma actividade física, que os fez pessoas mais sociáveis e com espírito de aventura. Durante a discussão, surgiu várias vezes o tópico dos pais terem um papel fundamental no desenvolvimento da criança, visto que assumem a responsabilidade de garantirem que os filhos tenham acesso às novas tecnologias, mas também a momentos que estimulem a actividade física. Um dos problemas da sociedade moderna é a falta de tempo para a família, o que faz com que os pais acabem por tentar compensar a descendência com jogos virtuais e tempo dedicado à televisão, por exemplo. Isto reflete-se nos hábitos sedentários, que as crianças vão adquirindo e que influenciam a sua saúde, bem como a sua personalidade. No mundo globalizado em que vivemos, as pessoas encontram-se ligadas virtualmente, mas desligadas umas das outras no toque, no contacto presencial e, por vezes, na voz. Estes ficam esquecidos e perdem-se na utilização abusiva das tecnologias. Reconhecemos haverem jovens que façam das redes sociais as suas vidas e fiquem tão dependentes destas que deixam de estar, em parte, aptos a sobreviverem na realidade diária. Mas apesar de todas estas condicionantes a decisão é exclusiva de cada um, por isso põe-se a questão: E tu, preferes esfolar os joelhos ou ter calos nos dedos? Ester Caldeira Estudante da UMa

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Quando os grandes eram pequenos

(…) O lençol de buganvílias roxas cobria a ribeira. As ruas que a ladeavam eram cheias de árvores, tanto que as chamávamos rua das árvores, e desciam junto com a ribeira até ao mar. A determinada altura da subida, estão estacionados grandes carros carregados de canas à espera da sua vez de ser descarregada, pesada e moída nas máquinas da enorme fábrica que as transformavam em açúcar. O prazer único de se chupar uma daquelas canas só era permitido se um dos homens que as guardavam, tinha a simpatia de, com algum esforço, tirar uma do molhe onde vinha amarrada para nos oferecer, ou se algum dos “garotos”, como a minha mãe os chamava, que corriam atrás dos carros para roubá–las, deixava cair alguma. Canas-de-açúcar, havia sempre muitas, mas aquelas eram sempre mais apetecíveis. (…) Na casa da minha avó, havia um grande alguidar de madeira. Servia para amassar pão e bolos. Nos dias que antecediam o Natal, a cozinha fazia parte do dia a dia de toda a gente. Ponham-se os miúdos todos à volta do alguidar, enquanto a minha mãe punha lá dentro os ingredientes: especiarias que vinham da “venda” embrulhadas cada uma no seu papelinho e que ela dava a cheirar antes de as deitar no alguidar, a farinha, as passas, os frutos secos a margarina e finalmente o mel, espesso e escuro e que tinha um cheiro adocicado. Aquilo era tudo misturado com muito cuidado, devagarinho e amassado pelas mãos de uma mulher que conhecia como ninguém aquela arte e que ficava com os dedos todos sujos daquela mistura. No final da função de amassar, era–nos permitido lamber-lhe os dedos doces daquela massa maravilhosa. Depois, a minha avó fazia uma cruz na massa enquanto dizia uma reza (São Vicente te acrescente, São Mamede te levede) como se este último procedimento fosse fundamental para que nos três dias seguintes aquela massa desafiasse as leis da natureza e crescesse ainda mais. (…) Da janela da cozinha ouvia-se e adivinhava- -se a chegada dos navios. Era uma festa quando os navios chegavam. Eram monstros enormes que se deslocavam silenciosamente no mar e que traziam e levavam imensa gente. Traziam turistas que movimentavam a cidade e nesse tempo eram designados globalmente e independentemente da sua nacionalidade por “ingleses”. Quando iam embora, partiam com apitos e com a ajuda duns pequenos barcos que se chamavam pilotos e, apesar de serem infinitamente mais pequenos, arrastavam aqueles enormes monstros até ao alto-mar. Os navios também levavam as pessoas. Uns iam para Lisboa, outros emigravam para os Brasis, Venezuelas, Américas, e em tempos bem piores levaram os meus tios para a guerra do ultramar, deixando as pessoas no molhe, de lenço branco na mão e com as caras banhadas em lágrimas no desespero duma despedida que podia ser a última…Para nós, os miúdos, este movimento do Porto, era sobretudo uma oportunidade de olhar de perto aquele mar, que nos mantinha prisioneiros e ao mesmo tempo nos fascinava. (…) A camioneta ou “horário” parou num larguinho que tinha uma “venda” onde os homens bebiam vinho e uma fonte onde alguns matavam a sede. Cansada da subida e dos anos de trabalho, a camioneta bafeja um fumo negro do cano de escape e outro esbranquiçado do interior do seu focinho arredondado. O “chaufer” deixa-a descansar, enquanto o “bilheteiro” retira do seu interior um recipiente de borracha em forma de bota que enche na fonte para saciar a sede do velho motor que nos irá permitir continuar o percurso. Três aceleradelas, como que a dar balanço, e a velha camioneta geme arrastando-se pela encosta acima, serpenteando por um caminho com uma lomba muito alta a meio. O caminho é tão estreito que, embora o Verão escalde e os odores humanos dos outros passageiros que enchem aquele cubículo não seja o mais agradável, não nos atrevemos a abrir as janelas sob risco de sermos arranhados violentamente pelo silvado que o rodeia. A meia encosta, saltamos na paragem habitual deixando o cheiro a fumo, a gasóleo e dos humanos, companheiros desta “viagem aventura” e deparamo–nos com o silêncio, e as cores das bananeiras e da vinha. O odor deixa adivinhar o sabor a uva madura e a mosto saído dos pés dos homens no lagar. Retratinhos de Infância de Maria da Paz Rodrigues Mestranda em Gestão Cultural na UMa

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Quando os grandes eram pequenos

Tinha 10 anos quando fui para o Porto Santo, mas até lá, a minha vida nesta nossa Madeira foi bem recheada. Os 8 anos na Ilha Dourada valeram-me o eterno apelido de “profeta”, mas mais do que isso, contribuíram grandemente para a pessoa que hoje sou. Por entre raízes madeirenses e africanas fui aprimorando o meu gosto pela comunicação desde cedo. A minha avó lembra-se sempre dos momentos em que eu lhe fazia entrevistas na cozinha, por entre panelas e pratos, a mexer efusivamente as mãos. O meu avô, que toda a vida foi encadernador, viu-me crescer a revirar os seus papéis e a contactar com os livros desde cedo. A minha mãe conta e, ainda hoje confirma, que a personalidade forte (como eu gosto de chamar) ou o mau feitio (como outros lhe apelidam) nasceu comigo. O meu pai, a quem devo o tom “café com leite”, viu a sua sorte (ou azar, depende da perspectiva) duplicar quando a minha irmã Marta nasceu, há cinco anos, e quiçá verá a mesma triplicar, quando em Dezembro mais uma menina vier ao mundo. Os mesmos traços, a mesma perícia em refilar, as mesmas atitudes e manias! Da menina calma deitada na alcofa passei para a refilona de serviço lá em casa. Fui ao Porto Santo, pela primeira vez, aos três meses… e fiquei numa tenda! O trauma deve ter ficado daí, pois acampar é algo que, hoje, não me seduz. Até ir viver para lá, devo ter ido uma dezena de vezes ao areal, normalmente nas férias, imbuídas de um sol imenso, banhadas por águas límpidas e refrescantes e abrilhantadas por uma boa lambeca. Também desde os dois ou três anos fui com os meus avós e com a minha mãe ao continente, e dessas primeiras viagens tenho a vaga recordação de estar em Fátima com uma vela na mão, fato de treino cor–de–rosa, com a chuva a cair-me no rosto, ou então, de andar no metro e comer pastéis de nata, em Belém! Fiquei com a minha avó até aos 4 anos e quando entrei na pré–primária, o país inteiro deve ter percebido, pelos meus berros e choros tradicionais pela manhã. Recusava-me a fazer a sesta, ficava a ver as minhas educadoras pintar as unhas, mas, tempos depois, passei a ser a defensora dos meus colegas e a voz activa da turma. Muitas traquinices ficam desses tempos: as minhas infindáveis quedas, a minha apatia pela educação física e pela sopa de ervilhas, os meus argumentos para defender que a matemática era o ponto errado da minha vida. (A verdade é que a minha relação com os números nunca foi pacífica.) Recordo-me, também, de gostar de sapatos de salto alto e de batons, muitos! E de vestir o vestido de noiva da minha avó, imaculadamente guardado, até eu o ter descoberto. Nos estudos, sempre fui uma menina aplicada, dizem! Completei a escola primária ainda na Madeira, e o secundário, no Porto Santo. Musicaep (como se denominava na altura), Desporto Escolar, concursos literários, apresentação de festas, actividades na natureza, participação na revista da escola e no clube de rádio, música, entre muitas coisas fizeram parte do meu percurso escolar. Tudo isto marcado pela minha atitude e teimosia, que me conceberam episódios bem cómicos. (Mas como diz a Guilherme, isso agora não interessa nada!) Há sempre muito para dizer sobre a infância de alguém. Dos tempos da primária restam poucos conhecidos, com quem ainda mantenho contacto. Do secundário, filtraram-se os amigos para a vida. Os verdadeiros, de quem a distância e o mar não me conseguiram separar. Aqueles que, desde que entrámos na vida académica, voltam à velha base, todas as férias, para matar as saudades, relembrar velhos momentos e compor histórias para o futuro. São eles e a minha família, a minha verdadeira paixão. Do Porto Santo, fica-me na memória, o ninho pequeno, tão pequeno que no início me fazia confusão, onde tive de aprender a viver, a aproveitar o pouco mas essencial que aquela terra nos pode dar. Também, durante aqueles 8 anos, esta ilha foi o ponto de partida para as minhas grandes e marcantes viagens: Bélgica e Chipre, o frio e o calor, os opostos de histórias e vivências, que trouxe comigo guardados nas malas. Guardam-se-me, igualmente, a entrada tímida nas lides partidárias, que continuo, com toda a garra que posso, noutros palcos, porventura mais activos, mais sedutores e extasiantes, dos quais me orgulho, apesar de todos os apesares. Entrar na universidade, e numa área de estudo pela qual me fui apaixonando (a Psicologia), foi o melhor que me podia ter acontecido. A UMa marcou a minha vida e terá sempre um papel fulcral no meu futuro. Sobre a minha mui nobre academia sempre disse que primeiro estranha-se e depois entranha-se. Que, sem darmos conta, esta passa a ser a nossa segunda casa, ou talvez a primeira, onde “se vive enquanto se estuda” (Beja, 2011), onde se praxa, se amadurece, se chora e se ri, aquela casa que nos dá o passaporte para o mundo lá fora, onde se conhecem grandes pessoas, amigos, exímios professores, todos estes, mestres e inspirações desta jornada, a quem, todos os dias, devo um obrigado por existirem. Também nesta casa, descobri uma outra família, a da AAUMa, que me lançou para as parcerias da rádio, para o JA e para o meu estimado “Pátio dos Estudantes”. Desde as reportagens e entrevistas, até ao Carpe Diem, e aos estúdios da RTP, tudo tem passado num ápice e de todo esse todo, tenho bebido as melhores experiências, a mais bela inspiração, o esforço e o empenho de uma equipa que me recebeu e ensinou da melhor forma. Sou eu. Às vezes perguntam-me de onde vem a inspiração, até a racionalidade com que conduzo aspectos da minha vida e a dicotómica emocionalidade que paira sobre mim. Não tenho resposta. Talvez porque a verdadeira essência da felicidade está na vida, a fulcral inspiração sou eu e tu que lês, tu que ouves, tu que sorris, tu que

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OS NOSSOS PARCEIROS