Em 2022, a ACADÉMICA DA MADEIRA desenvolveu o programa MENTES BRILHANTES, para promoção dos cuidados de Saúde Mental entre os universitários. Além de outros problemas que podem surgir ao longo da vida, sejam de origem genética ou adquirida, a Demência é dos maiores flagelos do mundo moderno que pouco investe nesta área da Saúde. Só a doença de Alzheimer soma mais de 50 milhões de pacientes, segundo a Organização Mundial de Saúde, não contando com os milhões de pessoas que sofrem ao verem os seus mais queridos perderem a memória e outras capacidades cognitivas ao longo do tempo.
Com o apoio da Direção Regional de Juventude, através do PRINT, a ACADÉMICA DA MADEIRA acarinhou a história de Carlota contada por João Giz e Rafaela Rodrigues aos mais pequenos. UMA CASA SEM NOME PARA DEPOIS é a 5.ª colaboração de Rafaela com a Editora CADMUS.
Como surgiu UMA CASA SEM NOME PARA DEPOIS?
UMA CASA SEM NOME PARA DEPOIS surgiu no contexto do meu projeto final de Mestrado. Decidi trabalhar sobre o tema da memória. Graças às nossas memórias, somos capazes de aprender e crescer mas sem ela, somos frágeis… e foi com isto em mente que decidi trabalhar sobre a falta de memória e, em conjunto com o joão giz, construir uma narrativa sobre demência.
Na prática, começámos um diálogo entre texto e ilustração. Decidimos construir uma narrativa com dez momentos, que se traduziram em dez textos e dez ilustrações. Cada momento diz respeito a um episódio de mudança na vida da personagem principal, Dona Carlota.
Que desafio constitui fazer um livro para crianças sobre uma temática como a Demência?
Construir um projeto com esta temática é difícil, independentemente do público. É um assunto delicado e sensível que mexe com as nossas emoções.
Este livro é uma abordagem poética ao assunto da demência e deve ser interpretado como uma introdução ao tema. Tal como qualquer outro assunto, é importante haver uma leitura acompanhada e diálogo em torno do que foi “lido”, quer no texto, quer nas ilustrações.
O texto descreve de forma intensa o comportamento de uma pessoa que está a passar por um processo de perda de memória e, em alguns momentos, repetem-se palavras, frases e ideias, tal como acontece na realidade.
Já as ilustrações, que têm uma leitura paralela ao texto, guiam o leitor e dão-lhe ferramentas para que ele complete ou continue as ideias que o texto apresenta. Pela cor, ajudam o leitor a distinguir a área onde a ação acontece: verde para o jardim, castanho para o apartamento, cinzento para o prédio-cidade e pela escala dos elementos, ajuda o leitor a perceber quem é ou qual é o elemento principal daquela ação.
A cama às voltas, que representa uma mulher que não consegue dormir; um gato gigante, que representa a doença que parece mandar na personagem principal e uma cidade com os edifícios rebatidos, porque passa a ser uma memória que vive dentro de um bolso, são algumas das representações que abrem caminho para perguntas e conversas à volta da memória e o que somos com e sem ela.
Quais são os próximos projetos?
Em 2020 e 2021 apresentei, com a CADMUS, O PESCADOR e A BORDADEIRA, dois livros que fazem parte de uma coleção sobre profissões da região. No próximo ano, espero apresentar o terceiro livro da coleção. Será, novamente, uma profissão à volta da água, não estivéssemos nós numa ilha.
Entrevista conduzida por Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com ilustração de Rafaela Teixeira.