Uma lebre de peito para fora, orelhas para o ar e focinho arrebitado certa vez…

Uma lebre de peito para fora, orelhas para o ar e focinho arrebitado certa vez…

Depois do sucesso da história da Luna, Andreia Baptista e Teresa Vieira lançam uma fábula cheia de interrogações, objeções, emoções e outras complicações de uma lebre que ganha poderes mágicos para encontrar... soluções!
Andreia Baptista, autora de A MENINA QUE DESAPRENDEU A SORRIR, LUNA! OUTRA VEZ NA LUA?! e AI! SE EU FOSSE ZEUS..., obras editadas pela CADMUS.

A CADMUS lança o novo livro infantil de Andreia Baptista e Teresa Vieira, as autoras de LUNA! OUTRA VEZ NA LUA?!

AI! SE EU FOSSE ZEUS… é uma história em fábula, sobre uma lebre que aprende que uma importante lição sobre responsabilidade e que tudo o que fazemos, mesmo com boa intenção, tem consequências e nem sempre boas.

AI! SE EU FOSSE ZEUS… será lançado no pavilhão infantojuvenil da Feira do Livro, no domingo, 26 de março, pelas 17:00.

“Imagina que um dia ganhavas um dom mágico de resolver todos os teus problemas; todos os problemas da tua família; todos os problemas dos teus amigos e da tua Escola; todos os problemas do teu país e até do Mundo. Usavas esse dom? Ou será que ele traria mais problemas?”

Foi com esta ideia que Andreia Baptista idealizou uma divertida fábula composta por pequeninas histórias, cuja protagonista é uma lebre chamada Éris a quem o grande golfinho mágico Zeus dá plenos poderes para resolver todos os males do reino de Olindo.

Numa história repleta de nomes da mitologia grega, Teresa Vieira ilustrou o livro à moda dos tempos antigos dos grandes heróis helénicos, como Cadmus, que dá o nome à editora que lança esta obra.

Esta é a sua segunda experiência literária e também com a CADMUS. Que comparação pode fazer entre a primeira, LUNA! OUTRA VEZ NA LUA?!, e agora AI! SE EU FOSSE ZEUS…?

Existe uma grande diferença entre as duas experiências: a confiança e a segurança. Não querendo dizer que, nesta segunda experiência, esteja completamente confiante, posso afirmar que me sinto um pouco mais segura relativamente à publicação da Luna. No ano passado, por esta altura, eu já sabia que o meu primeiro livro seria publicado na Feira do Livro do Funchal (que teria lugar em junho de 2022). Contudo, acho que só acreditei que isso estava mesmo a acontecer no dia em que tive o livro nas minhas mãos. Até esse dia, imensas dúvidas palpitavam no meu coração. “Será que isto é mesmo verdade?!” Agora já sei que é! Consegui realizar um sonho!

Outra diferença está relacionada com a ilustração. Antes de ver as ilustrações da Luna, não conhecia muito bem o trabalho da Teresa Vieira e não conseguia imaginar o resultado final. Se iria ficar surpreendida. Ou se, pelo contrário, ficaria desiludida. A verdade é que adorei! Estou muito feliz com a cor, a vida e a magia que a Teresa conseguiu dar ao meu livro. No caso do segundo livro, mesmo antes de ver as ilustrações, já sabia que ia adorar o resultado. A Teresa tem uma grande capacidade de sentir a história e adaptar os seus traços de forma a transmitir a sua essência. É claro que voltei a ficar deliciada com cada pincelada e não vejo a hora de ter “o meu segundo livro nos braços”.

Nesta obra, não só as aventuras da lebre Éris, como também todas as outras personagens, parecem evocar algo das fábulas e dos mitos. Houve aí alguma inspiração?

É impossível negar a influência que as fábulas e os mitos tiveram nesta história. Julgo que essa inspiração é notável desde a escolha das personagens e dos seus respetivos nomes à estrutura da narrativa. Desde o primeiro momento, ou seja, quando comecei a imaginar o enredo que o objetivo foi representar-me a mim e às pessoas que me rodeiam em cada animal, em cada gesto, em cada atitude. A intenção é que cada leitor consiga reconhecer-se ao longo das páginas desta aventura. Não numa perspetiva de crítica destrutiva, mas sim construtiva e de autoconhecimento. Quando somos capazes de nos ver em espelho, conseguimos identificar, não só os nossos defeitos, mas também as nossas qualidades. Conseguimos ver o que podemos melhorar, mas também aquilo que temos de valorizar. Neste aspeto, as fábulas, as lendas, os mitos e os contos tradicionais têm um grande papel, pois, de uma forma leve e agradável estão a trabalhar valores tão importantes para a nossa sociedade sem que o leitor sinta aquele peso: “Lá vem ele com o sermão do costume!”. Pelo menos é dessa forma que pretendo que este segundo livro resulte, ou seja, que, de forma agradável, as aventuras e desventuras da Éris sejam uma fonte de aprendizagens e deem origem a muitos diálogos e reflexões.

A repetição das peripécias da lebre Éris e das lengalengas que as acompanham lembram também os contos tradicionais portugueses, acompanhando o elemento de “moralidade” ou de “lição”. Como vê este elemento ético e de transformação pessoal na sua escrita?

As lengalengas, as lendas e os contos tradicionais têm uma grande importância na formação da minha personalidade. Eu cresci a ouvir o meu pai contar histórias: A formiga e a neve, O macaco de rabo cortado, Os três porquinhos, O Capuchinho vermelho, etc. O meu avô materno também adorava partilhar relatos de bruxas e feiticeiras (das verdadeiras, mesmo) aos seus netinhos. Por essa razão, as lendas e os contos têm um grande papel na minha formação como leitora e posteriormente como alguém que gosta de partilhar palavras.

Desde que comecei a comecei a contar, percebi que as histórias têm sempre algo para nos ensinar (a quem conta e a quem ouve; a quem escreve e a quem lê). Sinto que cresci como pessoa. Que me tornei um ser humano melhor. Sendo assim, desejo que as pessoas que me rodeiam também tenham a oportunidade de ver essa transformação interior acontecer. Como diz Zeus, “há quem diga que os animais não mudam. Mas eu acredito que sim! Os erros ensinam tanto!”.

Acredito também que uma história é uma semente que é plantada no coração de quem a ouve/ de quem a lê. Os efeitos não são imediatos. Levam o seu tempo. Mas na hora certa, essas sementes desabrocham. É com essa crença que escrevo! É essa fé que não me deixa desistir de demonstrar a importância da leitura. Não tenho dúvidas de que o livro certo na hora é capaz de fazer milagres!

Esta parceria da Andreia Baptista com a CADMUS está para durar? Vêm aí mais livros?

Sim, no que depender de mim, esta é uma parceria que está, sem sombra de dúvida, para durar! Eu acredito na importância da CADMUS na ilha da Madeira e acho que a nossa parceria pode ajudar no crescimento de ambos. Por isso, se houver interesse da Imprensa Académica, as minhas canetas estão ansiosas por voltar a espalhar a sua tinta.

Arrisco a dizer que, pelo menos, mais dois livros virão. (Mas o meu desejo é que sejam muitos mais!)

A última página do meu primeiro livro parece pedir um desenrolar de mais aventuras. Será que a Luna e o seu amigo Bochechinhas têm mais proezas para partilhar connosco?!

Nem só de fantasia é feita a minha escrita. Também escrevo para que a minha experiência possa servir de exemplo para outras pessoas. É verdade é que a melhor forma de aprender é experienciando. Mas, se tivermos alguns exemplos (nem que seja do que não devemos fazer), fica sempre mais fácil. Foi com esse propósito que idealizei uma personagem que vivia dentro de uma “bolha de sabão”. Gostava que um dia a pudessem conhecer.

Entrevista conduzida por Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Fotografia de Pedro Pessoa.

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