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Desafios e esperanças na conservação dos morcegos da Macaronésia

Desafios e esperanças na conservação dos morcegos da Macaronésia

Num mundo onde a biodiversidade noturna enfrenta uma grande ameaça, a poluição luminosa, os morcegos são um dos principais grupos afetados. Dotados de uma diversidade surpreendente, estes mamíferos alados desempenham papéis vitais no controlo de pragas e na polinização.
Morcego-da-madeira, fotografado por Luís Berimbau.

Com cerca de 1.400 espécies distintas, representando um quarto de todas as espécies de mamíferos, os morcegos estão no centro das atenções por más razões. Cerca de 25% das espécies de morcegos enfrentam um estatuto de conservação desfavorável, situação que se agrava pelo aumento global da poluição luminosa. Nos arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias, esta ameaça interfere nos seus padrões de comportamento alimentar e reprodutivo.

O projeto LIFE Natura@night surge como uma esperança para estes animais noturnos da Macaronésia. Com ações voltadas para mitigar os efeitos da poluição luminosa, este pretende preencher lacunas no conhecimento científico sobre o efeito desta ameaça nos morcegos.

As principais abordagens metodológicas deste estudo envolvem uma extensa pesquisa e revisão de literatura sobre estes mamíferos, como são afetados pela poluição luminosa e que medidas específicas podem ser utilizadas para mitigar  estes efeitos.

Nas regiões dos Açores e Madeira, os estudos no terreno incluíram a amostragem de morcegos em áreas designadas da Rede Natura 2000, nomeadamente detecção acústica dos morcegos por gravadores, captura através de redes e seguida análise dos dados recolhidos. Nas Canárias, a abordagem é mais voltada para análises de dados georreferenciados previamente recolhidos por outros estudos.

Este estudo, ainda, incluirá uma ação de monitorização para avaliar o impacto das mudanças na iluminação pública na atração de morcegos, coordenado pelo Instituto das Florestas e da Conservação da Natureza, IP-RAM.

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Os estudos mostraram que o morcego-da-madeira (Pipistrellus maderensis) é a única espécie comum nos três arquipélagos: Madeira, Açores e Canárias. Na ilha da Madeira, o morcego-da-madeira é mais frequentemente avistado na densa floresta Laurissilva, enquanto o morcego-arborícola-pequeno (Nyctalus leisleri) tende a preferir áreas abertas. O morcego-da-madeira é a espécie mais comum na região, enquanto que o morcego orelhudo cinzento (Plecotus austriacus), não chegou a ser detetado.

Na Graciosa, especialmente nas zonas costeiras designadas como Rede Natura 2000, a população de morcegos é escassa. Registou-se o morcego-da-madeira e o morcego-dos-açores (Nyctalus azoreum), sendo este último mais prevalente e notável por seus hábitos diurnos.

Nas Canárias, há oito espécies de morcegos. Em Gran Canaria, foram identificadas o morcego-rabudo (Tadarida teniotis), morcego-de-kuhl (Pipistrellus kuhli) e morcego-de-savi (Hypsugo savii). Por outro lado, em Tenerife, o morcego-da-madeira, morcego-rabudo, morcego-orelhudo-de-canárias (Plecotus teneriffae), morcego-de-kuhl, morcego-arborícola-pequeno, morcego-negro (Barbastella barbastellus) e morcego-de-savi foram encontrados.

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Com estes resultados tornou-se evidente, uma vez mais, que permanecem lacunas de conhecimento significativas no conhecimento da biologia dos morcegos da Macaronésia, sendo informações cruciais para o desenvolvimento de planos de conservação destas espécies. A informação sobre os tipos ideais de luzes para a conservação dos morcegos ainda é incerta, mas, as luzes vermelhas de menor intensidade parecem ser a melhor opção atualmente.

O projeto LIFE Natura@night, cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia e coordenado pela SPEA, visa reduzir a poluição luminosa que afeta as áreas protegidas dos arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias, e mitigar seus impactos sobre as espécies protegidas nas áreas da Rede Natura 2000. Mais informação em www.naturaatnight.spea.pt

Elisa Teixeira
Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
Com fotografias de Yasmin Redolosis e Luís Berimbau.

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