50 Anos de 25 de Abril: O legado no ensino superior em Portugal e na Madeira

Mensalmente, a ACADÉMICA DA MADEIRA tem um espaço de opinião no JM Madeira. Ricardo Freitas Bonifácio, Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, escreveu em abril sobre as celebrações dos 50 anos do "25 de Abril de 1974".
Ricardo Freitas Bonifácio, Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA. Fotografia de Joana Sousa/JM.

Ao celebrarmos os 50 anos do “25 de Abril”, é crucial refletirmos sobre o impacto desta data histórica no ensino superior em Portugal, especialmente na Universidade da Madeira (UMa). Para os estudantes da UMa, este marco representa muito mais do que uma simples celebração, é um momento de introspeção, marcado por um misto de orgulho e preocupação.

Desde a Revolução dos Cravos, o ensino superior em Portugal passou por uma notável tranformação. Anteriormente reservado a uma elite privilegiada, tornou-se gradualmente mais acessível e inclusivo, testemunhando um aumento exponencial no número de instituições e de estudantes matriculados. A UMa, fundada a 13 de setembro de 1988, foi uma das instituições criadas pela Democracia e em respeito pela Autonomia da Madeira consagrada na Constituição desde 2 de abril de 1976. O aumento da escolaridade obrigatória, com o devido apoio do Estado, a abertura de universidades e politécnicos em todas as regiões portuguesas e o maior investimento nos diferentes níveis de ensino, foram alguns dos motivos que permitiram a democratização do acesso ao ensino superior. Esta, por seu lado, proporcionou oportunidades educativas e sociais antes pouco acessíveis, desempenhando um papel crucial na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e equitativa.

Apesar dos progressos alcançados, persistem, porém, desafios significativos. Questões socioeconómicas que inferem num acesso desigual à educação, à habitação e ao mercado de trabalho assombram ainda os corredores das universidades portuguesas. Os estudantes reconhecem que honrar o legado do 25 de Abril implica enfrentar ativamente esses desafios, lutando por um futuro mais justo e inclusivo.

Ao longo destas cinco décadas, assistimos também a uma evolução tecnológica sem precedentes na história da humanidade, que deixou uma marca indelével no ensino superior. Emergiram novos métodos de ensino e de aprendizagem que facilitam a partilha de conhecimento e a colaboração entre estudantes, professores e investigadores. A UMa tem abraçado esta mudança, integrando-a no seu currículo e promovendo uma abordagem mais dinâmica e interativa ao ensino.

TRIBUTO AO FADO, TRIBUTO À LIBERDADE celebra 50 anos de Democracia

A ACADÉMICA DA MADEIRA assinala o 50.º Aniversário do 25 de Abril com quatro eventos. A 13 de abril, a apresentação do primeiro “o primeiro trabalho, cientificamente realizado no âmbito da História, sobre a Revolução do 25 de Abril na Madeira”, de Lino Bernardo Calaça Martins. A 24 de abril,

Na Madeira, tem havido um esforço conjunto entre entidades locais, nacionais e até internacionais para superar as barreiras geográficas e económicas que ainda limitam o acesso dos jovens ao ensino superior, havendo uma aposta da UMa no estabelecimento de parcerias para impulsionar a sua oferta formativa e de investigação.

Celebramos as conquistas do passado, com os olhos postos no futuro , com determinação e esperança de fazer mais e melhor. Os estudantes da UMa estão comprometidos em continuar a luta por um ensino superior que a todos beneficie – jovens, as suas famílias, as suas comunidades e toda a sociedade – honrando aqueles que fizeram do 25 de Abril, em 1974, o Dia da Liberdade, um novo contrato social para Portugal, sem derramamento de sangue. Queremos contribuir para um futuro onde todos os cidadãos possam usufruir plenamente dos direitos conquistados há meio século.

Ricardo Freitas Bonifácio
Presidente da ACADÉMICA DA MADEIRA.