Estudar ou estagiar ao abrigo do programa Erasmus+

Estudar ou estagiar ao abrigo do programa Erasmus+

Com o fim do ano letivo, estão de regresso os estudantes portugueses em regime de mobilidade em vários países europeus. Em setembro, milhares de jovens portugueses fazem-se à estrada para estudar ou estagiar em centenas de universidades estrangeiras.

O programa Erasmus dá a possibilidade aos estudantes de realizarem estudos fora da sua universidade, por um ou dois semestres, numa ou diferentes instituições de ensino superior. Além de parte da sua formação, menos conhecida é a vertente do programa que permite realizar estágios curriculares ou profissionalizantes em diversas áreas, em regime de mobilidade.

Vanessa Silva e Rodrigo Gonçalves, ambos estudantes da Universidade da Madeira, estão a terminar os seus estágios Erasmus e em breve estarão de volta a casa. Ela é estudante do 4.º da licenciatura em Enfermagem e esteve em estágio curricular, este semestre, em Madrid (Espanha).  Ele, estudante do 3.° ano da licenciatura em Educação Física e Desporto, e realizou o seu em Budapeste (Hungria).

Quais eram as tuas expetativas?

V.S.: Como já tinha conhecimento de que colegas de anos anteriores tinham realizado práticas clínicas [de estágio] de enfermagem em Erasmus, e em Espanha, e tinham dado um excelente feedback, estava com grandes expetativas em relação a como seria a minha experiência.

A verdade é que as expetativas corresponderam, e está a ser uma experiência incrível e muito enriquecedora, tanto a nível profissional como pessoal.

R.G.: As minhas expetativas sinceramente não fugiram muito à realidade que estou neste momento a viver em Budapeste. Consegui fazer novas amizades e visitar mais de dez países. Essas eram as minhas maiores ambições antes de iniciar o programa.

Como é que foi a receção da Universidade?

V.S.: Foi feita uma “Welcome Session” bilingue, isto é, foi projetada uma apresentação em inglês e apresentada em espanhol, onde foi nos apresentada a universidade e foram nos dadas informações/orientações sobre o que tínhamos de fazer (papéis a preencher, inscrição na universidade, cartão da universidade) e ainda nos presentearam com brindes de boas vindas.

R.G.: A Universidade sempre demonstrou preocupação connosco. Sempre tentaram fazer com que todos os alunos internacionais tivessem uma boa integração, fazendo convívios, festas temáticas, almoços, jantares, etc.

Como foi a tua adaptação?

V.S.: A minha adaptação foi muito fácil e tranquila, também porque fiz questão de chegar uns dias antes das práticas clínicas começarem, para conhecer um pouco da dinâmica de Madrid e me ambientar, digamos assim, e acho que isso facilitou imenso a minha adaptação.

Em relação à minha adaptação nas práticas clínicas, também foi muito tranquila e superou as minhas expetativas porque, para além de ser muito bem recebida e facilmente integrada na equipa, tenho a noção de que a equipa reconhece o nosso esforço em falar o melhor possível a língua (espanhol) e fica rendida à nossa dedicação e interesse em todas os temas e procedimentos abordados ou observados/realizados.

R.G.: Consegui adaptar-me muito bem, embora a cultura seja muito diferente. O que me fez mais confusão foi a meteorologia e as horas de luz solar. Para alguém que vem da Ilha da Madeira e está habituado a um clima tropical e de repente passa a lidar com temperaturas de -5º e ver anoitecer às 16.00, é complicado.

Como está a ser o estágio?

V.S.: O estágio está a ser incrível e está a superar as minhas expetativas. Os enfermeiros dedicam-se a explicar o funcionamento do serviço e cada procedimento, inclusive, procedimentos médicos, de forma a conseguirmos relacionar, em conjunto, toda a situação clínica dos pacientes.

Em relação ao estágio, estava principalmente receosa pelo idioma ser diferente porque, especificamente na área da saúde, existem muitos termos técnicos e mesmo sabendo alguns era complexo sabê-los todos. No entanto, todos os profissionais são muito compreensivos em relação a isso e ajudam sempre que necessário, o que para mim também tem sido uma grande aprendizagem.

R.G.: Sinto que o sistema de ensino cá é muito diferente, começando pela carga horária. Também acho que a relação entre alunos e professores é muito boa e há um ambiente muito bom em toda a Universidade.

A meu ver, existe uma maior valorização daquilo que as pessoas conseguem fazer na prática não se resumindo a um teste de 90 minutos, como muitas vezes vemos acontecer no sistema de ensino em Portugal.

Entrevistas conduzidas por Carolina Silva.
ET AL.
Com fotografia de Jay Wennington.