Reino Unido está a perder estudantes internacionais

Reino Unido está a perder estudantes internacionais

As universidades britânicas estão a acusar um queda acentuada no número de estudantes internacionais, devido a restrições de vistos. Em risco, está o futuro da economia devido à entrada de talentos para as indústrias criativas.

Há algum tempo, publicámos um artigo sobre o facto de que muitas universidades neerlandesas quererem limitar o número de vagas para estudantes internacionais, por sentirem que estes competiam com os estudantes nacionais, com menor capacidade financeira. Do outro lado do Canal da Mancha, as universidades e a indústria criativa britânicas estão a levar as mãos à cabeça devido às restrições aos vistos, que o governo quer impor, e que pode gerar um rombo nos talentos que chegam à academia, mas também ao mercado de trabalho.

Esta segunda-feira, o jornal britânico The Guardian, relatava a Associação Internacional de Ligação das Universidades Britânicas (BUILA, na sigla inglesa), numa sondagens realizada a 75 instituições de ensino superior, concluiu que nove em cada 10 tiveram menos candidaturas internacionais para próximo ano letivo, além de uma queda de 27% do número total de candidaturas internacionais a cursos de pós-graduação, comparado ao ano passado.

Segundo a publicação, os “avisos de novas restrições aos vistos de estudante” estão a prejudicar “o fluxo vital de talentos para as indústrias criativas”. A própria Creative UK, uma organização que representa estas indústrias no Reino Unido, afirma que “eliminar a possibilidade de os estudantes internacionais permanecerem e trabalharem no Reino Unido após a graduação seria um poderoso desincentivo para estudar aqui, prejudicando um setor que vale 108 mil milhões de libras por ano”, avança o periódico.

Conjuntamente com a Creative UK, a Universities UK (um organismo de defesa dos interesses de universidades do país, que integra quase 150 instituições) mandou uma carta ao governo britânico onde o insta a “rejeitar os planos para abolir ou restringir a rota dos vistos de pós-graduação” indica o The Guardian, argumentando que “os graduados internacionais são essenciais para as indústrias criativas, que são agora mais significativas do que as […] indústrias aeroespacial, de ciências biológicas e automotiva combinadas”.

Do Luxemburgo para a Madeira

Stéphanie Loos e Claire Bodry são duas luxemburguesas voluntárias na ACADÉMICA DA MADEIRA. Tal como milhares de outros jovens de toda a União Europeia, escolheram um país estrangeiro para se envolverem numa experiência formativa, uma verdadeira aventura ao abrigo do programa Erasmus+, no quadro do Corpo Europeu de Solidariedade (ESC).

Do lado oposto da barricada, Robert Jenrick, antigo ministro da Imigração, no início deste mês, publicou um relatório do grupo de reflexão “Center for Policy Studies”, onde se pedia a abolição do visto de graduação. O documento alega que este documento “permitia que as pessoas viessem trabalhar na economia GIG” (p.ex. uma economia baseada em contratos independentes, como os da plataforma digitais ou distribuidores de comida), alvo de “salários muito baixos”.

Do lado do Governo, indicou entretanto comunicou à imprensa britânica estar “totalmente focados em encontrar o equilíbrio certo entre agir de forma decisiva para combater a migração líquida e atrair os estudantes mais brilhantes para as nossas universidades, reconhecendo a contribuição significativa que eles dão ao Reino Unido”.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Anthony DELANOIX.