Tendo como cenário os mares da Madeira, ao largo da vila do Caniçal, este livro de Leda Pestana e Alberto do Vale aborda uma forma de vida já desaparecida no nosso país, a dos baleeiros. É uma história de coragem que tem como protagonista um menino chamado Filipe.
Editado pela CADMUS, GUARDIÃO DE BALEIAS é inspirado numa história verídica, numa narrativa linda e comovente de Leda Pestana, belissimamente ilustrada por Alberto do Vale, que explicaram como o testemunho do povo do Caniçal chegou ao formato de um livro para todas idades.
GUARDIÃO DE BALEIAS é uma narrativa inspirada numa história verídica, passada com pessoas reais. Como surgiu essa inspiração?
(Leda) Esta história chegou até mim quando estava a fazer a recolha de histórias, junto da população do concelho de Machico, para o projeto “Mitos e Lendas da Ilha da Madeira”.
Inicialmente, julguei que seria um mito e procurei saber junto dos mais velhos qual seria a sua origem. Foi aí que acabei por descobrir que não era nem um mito nem uma lenda, era uma história verídica.
A realidade, às vezes, é tão surpreendente que até parece difícil nela acreditar. Preferem criar as vossas narrativas a partir do zero ou há sempre alguma inspiração na realidade?
Na verdade, nós não temos preferência. No entanto, por coincidência, ou não, as nossas narrativas publicadas foram inspiradas em histórias verídicas. Contudo, temos também algumas narrativas que ainda não foram publicadas que são fruto da nossa imaginação.
Contar uma história com palavras e imagens parece ser algo que pertence a diferentes formas de expressão artística. Contem-nos um pouco como se dá o vosso processo criativo e a harmonia entre texto e ilustração.
(Leda) Tudo começa com uma ideia, e/ou com a necessidade de partilhar algo. Reunimos a fim de discutir a história que queremos contar. Numa primeira fase, escrevo uma narrativa cheia de detalhes, a escolha das palavras é fundamental para transmitir a atmosfera das emoções/ sentimentos, de modo que o ilustrador consiga compreender de forma pormenorizada toda a história e sentir o que eu pretendo partilhar com o leitor.
(Alberto) Durante as inúmeras leituras do texto vão me surgindo algumas ideias/elementos visuais que vou registando. Numa fase posterior, faço através de pequenos esboços a segmentação do texto tendo em conta a história e o seu ritmo narrativo. Na ilustração pretendo complementar a história e transmitir, através de detalhes do texto pictórico, as emoções e sentimentos que a mesma provocou em mim. De seguida, apresento os meus esboços à Leda e explico a forma como dividi e interpretei graficamente a história.
(Leda) Há um constante diálogo entre ambos. Compartilhamos ideias e feedback. Sugiro detalhes específicos que gostaria de ver ilustrados, e o Alberto sugere mudanças no texto para melhorar a coesão visual. Fazemos inúmeros ajustes de forma a equilibrar o texto escrito e o texto pictórico, de modo que ambos se complementem.
(Alberto) Após a criação das ilustrações, ambos revemos o trabalho em conjunto. Garantimos que o texto e as imagens estejam em harmonia e que a história seja contada de forma clara e envolvente.
(Leda) A harmonia entre o texto e a ilustração é essencial para criar uma experiência que transcenda as palavras e as imagens individualmente. Quando bem executada, essa colaboração artística pode resultar numa obra que encanta os leitores de todas as idades, transportando-os para mundos encantatórios.
Depois de AMOR, esta é a vossa segunda obra realizada juntos e com a chancela da CADMUS. Como tem corrido esta experiência? Há já outros planos?
A experiência de trabalharmos juntos tem sido incrivelmente gratificante. A colaboração entre nós tem evoluído, tornando-se mais fluida e eficaz à medida que ganhamos experiência juntos.
A nossa parceria permitiu explorar novos horizontes criativos, aprofundando a conexão entre as nossas visões artísticas. A cada obra, aprendemos mais sobre como aproveitar os nossos pontos fortes e compensar as nossas fraquezas, resultando em obras que nos enchem de orgulho.
O lançamento do nosso primeiro livro trouxe-nos momentos e experiências muito felizes. Desde o carinho das pessoas que vêm ter conosco dar-nos os parabéns, ao relato de experiências de momentos infelizes que as pessoas já viveram e que este livro veio, de certo modo, dar-lhes força e colo para encarar a vida com mais ânimo e esperança, até à possibilidade de viajar e partilhar o nosso trabalho com pessoas de várias partes do mundo. Tem sido uma experiência riquíssima!
Quanto ao futuro, estamos constantemente explorando novas ideias e explorando diferentes projetos. Estamos entusiasmados com a possibilidade de continuar a nossa colaboração e levar os nossos trabalhos a novos patamares. Certamente, temos outros planos em mente, embora ainda não possamos revelar detalhes específicos. Estamos ansiosos para partilhar com os nossos leitores novas histórias e experiências emocionantes.
A nossa jornada criativa é um processo em constante evolução, e estamos gratos por todos que nos apoiaram ao longo do caminho. Esperamos que os nossos futuros projetos também encontrem um lugar especial nos corações de nossos leitores.
O lançamento de GUARDIÃO DE BALEIAS terá lugar no Museu da Baleia, no Caniçal, no dia 4 de novembro, pelas 19.00 e conta com o apoio da Câmara Municipal de Machico e da FNAC. A entrada é livre.
Entrevista conduzida por Luís Timóteo Ferreira.
ET AL.