O episódio do PEÇO A PALAVRA desta quarta-feira trata sobre as colocações no Ensino Superior português, as principais dúvidas sobre o percurso que se inicia e as oportunidades que existem para os estudantes que não estão colocados, além de todas as informações que são úteis para os jovens que, em 2025, irão se submeter ao concurso que que envolve mais de 50 mil estudantes, numa operação anual sem precedentes.
O ingresso no Ensino Superior é uma oportunidade na vida de qualquer estudante. Para os jovens, trata-se de uma caminho que é cada vez mais natural, ansiado e acessível, mesmo com os entraves que são experimentados. No Concurso Nacional de Acesso para o ano letivo 2024-2025 , foram colocados 49.963 estudantes, o que representa a colocação de 85,7% dos candidatos que se submeteram ao concurso, um aumento de dois pontos percentuais face ao concurso do ano anterior. Entre 2022 e 2024, a taxa de colocação subiu de 81,0% para 85,7%, indicando um ajustamento progressivo entre a procura dos candidatos e a oferta das instituições.
Nesta emissão do programa, o painel do PEÇO A PALAVRA será composto por Francisco Afonseca, estudante de licenciatura em Engenharia Informática na UMa e membro da unidade de Política do Ensino Superior na ACADÉMICA DA MADEIRA e Gonçalo Martins, investigador e estudante de doutoramento em Química na UMa, além de revisor de textos na Imprensa Académica e na Cadmus. O convidado é João Costa e Silva, diretor do Gabinete do Ensino Superior na Madeira, a unidade que tem como missão a promoção de iniciativas e ações que conduzam à formação e qualificação de nível superior, divulgando e promovendo o 1.º ciclo de estudos e organizando o Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior Público na região.
O associativismo e a juventude
Hoje, às 16:00, há emissão em direto do PEÇO A PALAVRA. O médico João Pedro Vieira, antigo dirigente associativo, fala sobre a participação cívica.
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Segundo os dados divulgados pelo governo, “56,1% dos estudantes foram colocados na sua primeira opção e 87,8% numa das suas três primeiras opções de candidatura, os valores mais elevados dos últimos anos e um dos fatores mais relevantes para o sucesso académico”. Na Madeira, 95% dos 1.482 estudantes que concluíram os cursos gerais do ensino secundário candidataram-se ao ensino superior. Destes, 48% colocaram a Universidade da Madeira como 1.ª opção e os cursos mais procurados foram Gestão, Desporto e Eng. Informática, Medicina e Enfermagem. Além do ISCTE, três instituições de ensino superior esgotaram todas as vagas. São as escolas superiores de enfermagem de Coimbra, de Lisboa e do Porto, a mesma situação experimentada no Concurso de 2023.
Os resultados do Concurso Nacional de Acesso colocaram 626 estudantes na Universidade da Madeira, um novo aumento em relação ao ano letivo anterior. Acrescentando ao número de estudantes que serão colocados, através do concurso local, nos cursos técnico profissionais, poderão ser quase mil novos estudantes na instituição madeirense, números muito superiores ao que existia há poucos anos.
Todos os anos, as colocações são notícias com destaques para a oscilação entre o número de colocados em Portugal nos últimos anos, os cursos com maiores médias de ingresso e os cursos que fracassaram no concurso, ficando sem colocados e, em teoria, obrigando as instituições a repensarem a sua oferta. Além disso, as vagas sobrantes para as restantes fases do Concurso.
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Os números de 2024 indicam que pouco mais de cinco mil vagas ficaram por preencher nas instituições de ensino superior portuguesas. Deste valor global, destacam-se os institutos politécnicos e, em especial, o Politécnico de Bragança, que teve perto de mil vagas por preencher. Segundo a instituição brigantina, trata-se de uma estratégia regional, pois a maioria das vagas sobrantes é preenchida através do concurso para estudantes internacionais. Mas as instituições periféricas e ultraperiféricas não registaram um comportamento homogéneo. Os politécnicos de Portalegre, de Beja, de Viana do Castelo e de Viseu, além das universidades dos Açores e da Madeira, apresentaram um crescimento em comparação com as colocações da 1.ª fase do ano passado. Na Madeira, apenas um curso não teve qualquer candidato colocado, o curso de Engenharia de Computadores da Faculdade de Ciências Exatas e da Engenharia da Universidade da Madeira. Além de cursos desertos, a situação dos politécnicos agrava-se com o ingresso de vários estudantes com média final inferior a dez valores.
Uma das conclusões deste ano é que os cursos de Medicina estão a perder o seu poder de atratividade de estudantes para outras licenciaturas, como da área das tecnologias. Em Portugal, foram colocados 1661 estudantes nos cursos de medicina, o que representa o maior número de sempre, registando-se mais 66 colocados face ao ano passado em resultado do acréscimo de vagas sobrantes dos concursos especiais de ingresso em medicina para licenciados. Em 2023, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto tinha o 2.º curso com média de ingresso mais alta, só perdendo para a licenciatura em Engenharia Aeroespacial da Universidade do Minho. Este ano, o ICBAS ficou na oitava posição dos cursos com maiores médias, apesar de ter uma nota mínima de entrada muito próxima da registada em 2024. Os destaques que confirmaram a saída de Medicina da hegemonia dessa série são os cursos de Matemática Aplicada à Economia e à Gestão, de Inteligência Artificial e Ciência de Dados, de Engenharia Aeroespacial no Instituto Superior Técnico, de Engenharia e Gestão Industrial e Arquitectura da Universidade do Porto.
Com as colocações, abre-se um período crítico para a habitação estudantil, um dos flagelos do Ensino Superior. O atual governo reforça a mensagem que os anteriores executivos tardaram a investir no setor e, atualmente, o problema é uma herança recebida. É necessário ver que são décadas de desinvestimento neste setor, agravado com a migração de muitas habitações para o setor do alojamento local, além das subidas constantes de preços, da precariedade e da falta de fiscalização que permitem que existam centenas ou milhares de ofertas que fogem ao fisco.
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A partir de 30 de setembro, os estudantes terão acesso a consultas de psicologia e nutrição, através de um programa governamental.
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Conforme a ACADÉMICA DA MADEIRA explica no seu novo Guia do Estudante, há um “complemento de alojamento”, que oscila entre os 280 e os 483 euros, de acordo com o concelho em que o estudante terá residência. Os concelhos de Lisboa, de Cascais, de Oeiras e do Porto registam o valor mais alto, de 458 euros. Este apoio apenas é atribuído se o estudante apresentar comprovativo dos encargos com a habitação, como o recibo do senhorio. Dada a precariedade e falta de fiscalização, com a maioria dos quartos no mercado paralelo, muitos estudantes não apresentam candidatura.
O PEÇO A PALAVRA é um espaço em que o Ensino Superior, a Ciência e a Tecnologia estão em debate, porque os estudantes pediram a palavra. O seu nome tem origem na intervenção que tornou célebre o jovem líder estudantil em Coimbra Alberto Martins e espoletou a Crise Académica de 69. Trata-se de uma produção da TSF Madeira 100FM com a ACADÉMICA DA MADEIRA, transmitida em direto, quinzenalmente às quartas-feiras, às 16:00, e disponível em podcast, nas principais plataformas do mercado.
Luís Eduardo Nicolau
com Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Henrique Santos.