A Prova Nacional de Acesso (PNA) não é apenas uma etapa decisiva para os futuros médicos, mas também alimenta um mercado florescente de empresas que oferecem cursos de preparação. Segundo a edição do passado fim-de-semana do Expresso, estas academias cobram cerca de “900 euros por cursos regulares” e disponibilizam uma ampla gama de materiais de estudo, incluindo sebentas, aulas gravadas e bancos de perguntas. Além disso, existem programas de tutorias e cursos intensivos, que complementam as opções já disponíveis. Este mercado, impulsionado pela pressão que a prova exerce nos estudantes, tem crescido significativamente desde a introdução da PNA, em 2019.
Estudantes como Hélio Conceição relatam gastos consideráveis na preparação para a PNA, incluindo “1200 euros em plataformas de preparação”, que incluem cursos e bancos de perguntas. Para muitos, este investimento é justificado pela necessidade de alcançar notas altas e garantir vagas nas especialidades mais concorridas, como a Dermatologia ou a Oftalmologia. “São quatro horas que podem determinar o nosso futuro profissional”, afirma Rita Gutiérrez, estudante citada pelo Expresso.
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Dois terços das vagas para médicos de família no SNS ficaram por preencher, agravando a falta de profissionais e deixando 1,5 milhões de utentes sem médico atribuído, segundo o Público. A própria ministra da Saúde reconheceu o modelo de contratação não teve bons resultados.
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Este ambiente de pressão também tem levado estudantes a adotar medidas extremas para maximizar o desempenho no exame. Como relata o jornal, é comum testarem alimentos, medicamentos e até planearem rigorosamente as viagens para os locais de prova. Essa logística adicional, como estadias em hotéis, cria despesas adicionais para muitos candidatos, ampliando os custos já elevados da preparação para a PNA. Para Hélio, por exemplo, “marcar duas noites num hotel” foi uma necessidade, dado que terá de se deslocar do Algarve para Lisboa.
Enquanto a PNA se apresenta como uma oportunidade de promover o raciocínio clínico em detrimento da memorização, o mercado em torno desta prova reflete o impacto que a ansiedade e a competição têm nos jovens médicos. Segundo o Expresso, fóruns como a página “Medicino” no Instagram mostram como os estudantes partilham desabafos e estados de espírito durante a preparação, revelando que a pressão para ter um desempenho excelente ultrapassa os limites da sala de estudo. Este cenário levanta questões sobre a equidade e o equilíbrio entre a avaliação rigorosa e o impacto na saúde mental dos candidatos.
Na semana da PNA, a ET AL. tem um conjunto de artigos sobre a prova que movimenta milhares futuros médicos. Sem nota suficiente, o candidato não pode aceder à formação especializada no ano correspondente. Ainda assim, o médico que não obtém aprovação na PNA pode exercer funções no âmbito da medicina geral, desde que esteja devidamente inscrito na Ordem dos Médicos. Quem não consegue nota suficiente, utiliza o ano de espera para intensificar a preparação, participando em cursos ou grupos de estudo especializados, pretendendo desempenho melhor na tentativa seguinte.
Luís Eduardo Nicolau
Com Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de National Cancer Institute.