Em 2023, a Vice-Reitora da Universidade da Madeira (UMa) indicava que apenas cinco professores participaram numa ação de formação sobre inovação pedagógica promovida pela Universidade. A ET AL. referia que “a formação dos professores, por vezes, é polémica. No ensino superior, o docente não tem formação pedagógica obrigatória e isso poderá ter algum impacto nos fenómenos de abandono escolar e desistência”. O interesse e a participação dos docentes nas ações de formação parecem ser um ponto de preocupação na estratégia que a UMa segue para promoção do sucesso escolar e combate aos fenómenos de abandono e desistência.
A precariedade na carreira de docente do Ensino Superior é um dos problemas desta classe. O envelhecimento dos professores universitários portugueses é ilustrado pela média de idade elevada entre docentes, que se posiciona acima dos 55 anos. Esta realidade acaba por desafiar a saúde física e mental dos docentes, que enfrentam a continuidade na profissão em condições que exigem elevado investimento emocional e físico, especialmente em fases mais avançadas da carreira.
Os docentes dos ensinos básico e secundário não estão numa posição melhor. Em outubro deste ano, David Justino, antigo ministro da Educação, considerava a falta de professores uma questão séria, mas solucionável, desde que o Governo implementasse medidas estruturais. Segundo o antigo governante, a situação atual “não é um problema irresolúvel” e as projeções sobre a escassez docente baseiam-se na hipótese de “não se fizer nada” para enfrentar o problema. Para David Justino é essencial não só aumentar o numerus clausus nas universidades para a formação de professores, mas também garantir financiamento adequado, uma vez que “as universidades estão de mãos atadas devido à sua situação financeira”.
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David Justino destaca ainda a importância de “racionalizar a oferta educativa” como uma medida de longo prazo para equilibrar as necessidades de docentes. O antigo governante observa que o sistema educacional português tem “uma média nacional de 20 estudantes por professor,” o que resulta de anos de políticas que aumentaram o número de disciplinas e reduziram o tamanho das turmas. David Justino acredita que este modelo, embora tenha seus méritos, precisa ser revisto para evitar a escassez de docentes, sugerindo que “dignificar e qualificar a profissão” é essencial para atrair novos talentos para o ensino, pois “foi criada a péssima imagem de que todos podem ser professores”.
Para apoiar a formação dos docentes universitários, a UMa criou um Projeto de Promoção de Sucesso e Redução de Abandono no Ensino Superior. Será no quadro deste projeto que a instituição acolhe, no próximo dia 20 de novembro, a formação “Autodeterminação e Inovação na Aprendizagem: Exploração Estratégica de Aplicações e Escape Room em Sala de Aula”. Esta iniciativa, que se realiza entre as 16:00 e as 20:00 na Sala do Senado, é direcionada principalmente para os docentes que lecionam o primeiro ano.
A formação será conduzida por Cátia Martins, professora auxiliar na Universidade do Algarve, com vasta experiência em psicologia educacional e métodos pedagógicos inovadores. Com um currículo que inclui a coordenação de vários projetos de investigação e iniciativas de voluntariado, Cátia Martins abordará o uso de ferramentas digitais e metodologias de gamificação, incluindo a prática de Escape Rooms como recurso pedagógico.
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A atividade de formação pedagógica segue uma tendência crescente no ensino superior, onde a qualidade é considerada “um conceito multidimensional, multinível e dinâmico”, essencial para o desenvolvimento de novas competências e metodologias de ensino. Segundo um estudo sobre a Universidade Nova de Lisboa, a formação contínua dos docentes é vista como crucial para promover a “reflexão crítica sobre o ensino”, um aspeto considerado central para a melhoria das práticas pedagógicas e a adaptação às mudanças na educação.
Os objetivos da formação são fornecer aos docentes competências para identificar estratégias motivacionais, selecionar metodologias de ensino inovadoras e explorar as potencialidades das ferramentas digitais. A abordagem integra temas como a Teoria da Autodeterminação, estratégias para promover a autonomia dos estudantes e os desafios associados à inovação tecnológica no ensino.
A formação representa uma oportunidade para os docentes da UMa expandirem as suas práticas pedagógicas e adotarem novos recursos para motivar e engajar os estudantes, contribuindo, assim, para um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e dinâmico.
Luís Eduardo Nicolau
Com Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Bethany Legg.