Bernardo Martins: “O espírito do 25 de Abril foi sendo atrofiado pelo governo regional”

Bernardo Martins: “O espírito do 25 de Abril foi sendo atrofiado pelo governo regional”

A obra de Bernardo Martins, publicada pela editora da ACADÉMICA DA MADEIRA, será apresentado terça-feira, às 18:00, na Livraria Flâneur, no Porto, e no dia 21, às 19:00, no Hotel PortoBay Liberdade, em Lisboa. A jornalista Ana Cristina Pereira, do Público, deu destaque ao trabalho do investigador madeirense.
Sessão de apresentação de “25 DE ABRIL” NA MADEIRA: TENSÕES SOCIAIS E POLÍTICAS EM 1974-75, À LUZ DA IMPRENSA REGIONAL, da autoria de Lino Bernardo Calaça Martins, no Colégio dos Jesuítas do Funchal. A obra é uma edição da IMPRENSA ACADÉMICA, uma chancela editorial da ACADÉMICA DA MADEIRA.

De acordo com uma reportagem da jornalista Ana Cristina Pereira, publicada no jornal Público, Bernardo Martins, antigo autarca e investigador, reflete sobre os 50 anos do 25 de Abril na Madeira, através da obra publicada em abril deste ano. “O espírito do 25 de Abril chegou à Madeira não pelo poder instituído, mas pelas pessoas”, afirma, destacando o impacto das mudanças sociais e políticas ocorridas no arquipélago. Apesar disso, o investigador considera que a autonomia foi apropriada pelo Partido Social Democrata (PSD) e utilizada para centralizar o poder.

A reportagem relembra o acolhimento, na Madeira, de figuras do antigo regime, como Marcelo Caetano e Américo Tomás, nos dias seguintes à revolução. Esta decisão foi justificada pelos Capitães de Abril como uma tentativa de garantir a segurança dos depostos líderes. Contudo, a imprensa madeirense teve um papel limitado no início, devido à censura que ainda operava no dia 25. Apenas “no dia 27 começaram a surgir notícias”, refere Bernardo Martins.

Com o 25 de Abril, nasceram na Madeira movimentos populares e reivindicações sociais. O autor recorda a luta pelo fim do regime de colonia, que impunha condições injustas aos colonos. “As pessoas vinham apresentar reclamações porque não tinham água, electricidade, caminhos”, conta. Essa efervescência política e social deu origem a novos movimentos cívicos e partidos que pressionaram pela autonomia da região.

No entanto, Bernardo Martins lamenta a falta de alternância democrática no governo regional. “O PSD na Madeira criou uma rede de controlo que abrange administração regional, local e organizações civis”, critica. Para o investigador, a concentração de poder no partido “penalizou a liberdade e travou os ideais de Abril”. Apesar disso, Martins mantém esperança de que a alternância política chegue à Madeira, permitindo uma renovação democrática.

Rui Nepomuceno, o advogado dos pobres

HISTÓRIA DE VIDA DO COMENDADOR RUI NEPOMUCENO, de Alexandra Nepomuceno, é o novo lançamento da IMPRENSA ACADÉMICA no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril da ACADÉMICA. Uma homenagem a uma influente figura da história recente da Madeira, a decorrer no Palácio de São Lourenço, no dia 11 de julho.

O impacto da revolução foi também notório na área agrícola, com o fim do regime de colonia em 1977. Martins lembra que os colonos seguiram “vias legais e populares” para conquistar direitos sobre as terras que cultivavam. Essas transformações são, para o investigador, exemplo de como o 25 de Abril trouxe mudanças concretas, embora ainda haja desafios por resolver.

A reportagem do Público destaca como a Madeira viveu uma transição complexa, com avanços sociais e económicos, mas também com a persistência de estruturas que limitaram a liberdade democrática. “O espírito do 25 de Abril foi sendo atrofiado pelo governo regional, mas há espaço para mudança”, conclui Bernardo Martins.

A IMPRENSA ACADÉMICA, editora da ACADÉMICA DA MADEIRA que publicou a obra de Lino Bernardo Martins, em abril deste ano, promove as apresentações do livro no Porto e em Lisboa. O autor estará presente em ambos os eventos.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Pedro Pessoa.

Palavras-chave