Um estudo realizado pela Universidade de Évora revelou que cerca de 23% dos estudantes, de seis universidades portuguesas, apresentam algum tipo de problema de saúde mental. A investigação, divulgada em outubro, analisou a saúde mental de estudantes do ensino superior, identificando que quase metade dos casos foram diagnosticados após a pandemia. Segundo os autores, a pressão académica e as dificuldades de adaptação ao ambiente universitário são alguns dos fatores que contribuem para esta situação.
Os dados apontam para uma elevada prevalência de doenças como a ansiedade e a depressão entre os jovens universitários, num contexto em que o acesso ao apoio psicológico ainda enfrenta entraves significativos. O estudo indica que, embora muitos estudantes reconheçam a necessidade de acompanhamento psicológico, o acesso aos serviços de apoio dentro das instituições é, muitas vezes, insuficiente. Este contexto agrava-se devido ao reduzido número de psicólogos nas universidades, o que limita a resposta às necessidades de acompanhamento e apoio psicológico dos estudantes.
Na UMa, num inquérito realizado pelo Observatório da Vida Estudantil da ACADÉMICA DA MADEIRA, com mais de 700 inquiridos, mais de metade dos estudantes inquiridos (50,8%) indicou que sentiu a necessidade de apoio psicológico. Dos que responderam positivamente à necessidade de apoio psicológico, 49,4% não procuraram ajuda. Do grupo de estudantes que procuraram apoio, a maioria fê-lo fora da Universidade (36,8%), em vários casos por continuação de um tratamento prévio.
“A saúde psicológica é algo extremamente importante na nossa vida”
46,7% dos 591 estudantes inquiridos pela ACADÉMICA DA MADEIRA indicaram a necessidade de apoio psicológico, confirmando que a saúde mental é uma preocupação da comunidade. O Serviço de Psicologia trabalha, há mais de dez anos, para o bem-estar de toda a comunidade, desconstruindo a ideia de que a ansiedade, a tristeza ou os distúrbios são realidades inevitáveis e sem solução.
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Para os especialistas, é urgente um reforço dos recursos destinados à saúde mental no ensino superior. A criação de programas de apoio emocional e a expansão dos serviços de psicologia são medidas defendidas para melhorar o bem-estar dos alunos e reduzir os índices de abandono escolar. A Universidade de Évora destaca ainda a importância de promover um ambiente educativo que incentive a procura de ajuda, combatendo o estigma que ainda persiste em torno da saúde mental.
Este estudo surge num momento em que as universidades portuguesas têm enfrentado uma crescente procura por serviços de apoio psicológico, especialmente entre os estudantes mais jovens, que se deparam com desafios emocionais associados à vida académica. As conclusões desta investigação sublinham a necessidade de medidas estruturais no ensino superior para apoiar os estudantes, garantindo que possam enfrentar as pressões académicas de forma saudável e equilibrada.
Estima-se que a continuidade destas condições, sem intervenções adequadas, possa ter consequências a longo prazo na vida pessoal e profissional dos jovens. A Universidade de Évora, que acolheu o estudo, apela a uma estratégia nacional de apoio psicológico no ensino superior, visando não só melhorar a saúde mental dos estudantes, mas também prevenir os elevados índices de abandono e as dificuldades no sucesso académico.
Luís Eduardo Nicolau
ET AL.
Com fotografia de Engin Akyurt.