O novo episódio do PEÇO A PALAVRA foi apresentado pelo jornalista Ricardo Miguel Oliveira e contou com Tiago Caldeira Alves e Francisco Afonseca, estudantes de engenharia informática na UMa e membros da ACADÉMICA DA MADEIRA, que convidaram Mariana Vieira e Rodrigo Costa, antigo estudantes no Reino Unido.
Mariana é investigadora em Genética, na UMa e realizou o mestrado e o doutoramento em Londres, no Imperial College e na University College of London, respetivamente. Rodrigo Costa é artista plástico cuja carreira passou pela curadoria da galeria “anona” de arte juvenil e pelo projeto de solidariedade “recreios de cri(ação)’ // ‘play(ing) grounds” é licenciado pela Coventry University, ambos compartilhando suas experiências de estudar no estrangeiro.
Segundo a Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência, há em Portugal próximo dos 75 mil estudantes estrangeiros estavam matriculados no ensino superior em Portugal, representando 16% do total de cerca de um total de 400 mil estudantes universitários.
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Para quem considere que estudar fora de Portugal é melhor, Tiago Caldeira Alves destacou que “Em 2024, o Porto, num dos maiores encontros de estudantes de ERASMUS foi distinguido como o melhor destino de ERASMUS“.
Rodrigo Costa compartilhou suas expectativas e desafios ao estudar fora: “Nós, especialmente crescendo numa ilha, temos sempre a noção de que lá fora é que está o melhor e maior. Maior é verdade que está, agora melhor é debatível… Eu acho que toda a gente que sai de Portugal, e especialmente da Madeira, sai com grandes expectativas de que vai encontrar algo muito melhor e mais amplo”.
Francisco Afonseca indicou haver opções para financiamento de estudos no estrangeiro, visto que “temos acesso a tanta coisa. Temos acesso a bolsas, temos acesso a empréstimos estudantis. Temos a possibilidade de, enquanto estamos a estudar, trabalharmos”. Sobre isto, no andamento do programa, Rodrigo Costa, ao partilhar a sua experiência, explicou que beneficiou do Student Finance, um sistema de financiamento para estudantes no Reino Unido que cobre as propinas na totalidade, funcionando como um empréstimo do Governo Briitânico que os estudantes começam a reembolsar gradualmente após a conclusão do curso e ao atingir um determinado nível de rendimento. Este finciamento foi crucial para Rodrigo, o pagando as propinas, que totalizariam 27 mil libras ao fim de três anos. O processo de candidatura, disse, foi facilitado por uma agência da Madeira.
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Desde agosto, os estudantes podem requerer o seu certificado de matrícula ou de inscrição através da plataforma InfoAlunos.
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Mariana Vieira falou sobre a preservação das raízes culturais ao estudar fora, visto que: “hoje em dia […] o contacto com os que ficam, com a nossa família e os nossos amigos, as nossas raízes digamos assim, é cada vez mais fácil. As pessoas estão todas à distância de um clique, o que facilita imenso”. Para a investigadora o “intercâmbio cultural é uma das vantagens de ir para fora estudar e que nos faz até enriquecer as nossas raízes e as nossas tradições”.
Rodrigo Costa mencionou a barreira linguística como uma das principais adversidades que sentiu ao estudar no Reino Unido, devido ao facto de ter aprendido escolarmente um Inglês mais correto, distinto do dialeto específico do norte da Inglaterra, onde estudou.
Mariana Vieira escolheu o Reino Unido pela qualidade da educação e a especificidade do seu curso em Genética, que não existia em Portugal na época. Noutro momento, a investigadora indicou Londres como um local ótimo de aprendizagem de novas técnicas e metodologias na sua área e salientou que, ao contrário do que receara, quando começou o mestrado no Imperial College, deu-se conta de que a sua licenciatura em Portugal a havia deixado tão bem preparada quanto as dos colegas vindos de outros países.
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Ambos os convidados descreveram o processo de admissão pelo qual tiveram que passar como como complexo e diferente do sistema português. Mariana Vieira mencionou a importância das referências e das atividades extracurriculares no processo de candidatura, enquanto Rodrigo Costa destacou as entrevistas como parte crucial da admissão. O artista ainda explicou que o calendário é muito distinto do de Portugal, sendo que apesar de ser necessário terminar o secundário, já se sabia colocado em Inglaterra antes mesmo do final do ano letivo, quando os seus colegas sentiam a pressão dos exames nacionais para acesso ao ensino superior nacional. Curiosamente, viu com estranheza o facto de ter 18 anos, quando os estudantes das universidades britânicas entram numa idade mais avançada.
Para ambos os convidados, voltar no tempo significaria voltar a decidir estudar no Reino Unido. Ambos porém indicam que só o fariam nas condições em que o realizaram, as que existiam entre o país e a União Europeia antes do Brexit. Considerariam, caso não pudessem ir para a Grã-Bretanha, a Espanha e ou os Países Baixos.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Henrique Santos.