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“Cresci assistindo a nossa Universidade a lutar para sair de uma situação de subfinanciamento que se tornou crónica”

A Sessão Solene de Abertura do Ano Académico 2023-2024, realizou-se a 25 de outubro de 2023, pelas 17 horas, na Sala dos Atos Padre Leão Henriques, no Colégio dos Jesuítas do Funchal. Ricardo Freitas Bonifácio, Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, destacou o 35.º aniversário da UMa, o financiamento do Ensino Superior e outros temas deste universo.
Ricardo Freitas Bonifácio, Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, na Sessão Solene de Abertura das Aulas do Ano Académico 2023-2024, realizada a 25 de outubro de 2023, no Colégio dos Jesuítas do Funchal.

Em 2023, a nossa Universidade celebra o 35.º aniversário da sua fundação. Entendo que essas efemérides devem servir vários propósitos, como celebrar o nosso legado histórico, incentivar a relação com os antigos estudantes, desenvolver ações para promoção da filantropia através de bolsas e doações institucionais, incentivar o envolvimento da comunidade local e regional, reconhecer e honrar os feitos da nossa História, promover a reflexão sobre o nosso passado e presente, perspectivando o nosso futuro institucional.

O Dia da Madeira celebrado com Max e o folclore regional

Os FATUM, o grupo de fados da ACADÉMICA DA MADEIRA, apresentam o segundo videoclipe do seu novo álbum, TRIBUTO. Numa colaboração com o Grupo Folclórico da Casa do Povo da Camacha, os FATUM celebram a cultura madeirense, através de um dos seus intérpretes mais conhecidos, Max. Na data que a

É inegável o impacto que a Universidade da Madeira tem na nossa cidade e na nossa região. Igualmente importante é a qualidade da sua experiência educativa e social durante o curso. Um estudo promovido pelo OBSERVATÓRIO DA VIDA ESTUDANTIL da ACADÉMICA DA MADEIRA, durante o mês de maio, com centenas de estudantes finalistas da UMa, apurou dados inéditos sobre esta experiência. 80% dos inquiridos indicaram que o seu curso correspondeu às suas expetativas e 92% recomendam a Universidade da Madeira. São dados que evidenciam que a nossa Instituição pode ficar orgulhosa da experiência curricular que fornece aos estudantes. Os inquiridos colocaram, no topo das opções que consideram como mais positivas, as relações de amizade que foram construídas durante a sua vida académica. Essa componente social, que supera todas as outras opções relacionadas com a experiência, se coaduna com a missão que a ACADÉMICA DA MADEIRA tem executado com a promoção de projetos, de atividades e de programas no campo das Artes, da Cultura, do Desporto, da História, da Investigação, da Música, do Património e do Turismo. Como coletivo, envolvendo toda a comunidade, celebramos o 35.º aniversário da Universidade da Madeira com um tributo na casa da cultura do Funchal, o Teatro Municipal. E porque acreditamos que as celebrações devem deixar legados, o espetáculo será eternizado no quarto álbum do nosso grupo de fados, os FATUM. Envolvendo dezenas de investigadores, a nossa editora apresentará um novo volume dos DESAFIOS PARA O ENSINO SUPERIOR, uma coleção de artigos, que foi criada em 2018 para celebrarmos o 30.º aniversário da UMa e que continua, na atualidade, a promover e difundir a investigação. Destaco estas três iniciativas que foram promovidas, em particular para este aniversário, porque os estudantes, através da sua Associação, escolheram essas manifestações como importantes para celebrar esta efeméride.

Hoje faço-me acompanhar por vários estudantes, como em maio. Não só porque acredito que esta celebração é de todos, mas também porque defendo uma participação plural no quadro do Ensino Superior. Por acreditar que todos devemos ser responsáveis pela construção de uma Universidade da Madeira cada vez melhor, protestámos contra o que entendemos ser uma falta de respeito da tutela com a nossa Universidade. O subfinanciamento que vivemos, há largos anos, tem sufocado o potencial de crescimento da UMa, os apoios aos estudantes, à investigação e ao ensino. A docência vive uma realidade de precariedade laboral, os investigadores continuam com fracas perspetivas para a prossecução do seu trabalho num ambiente com a segurança que qualquer trabalhador deve merecer.

Em português escorreito

Como considerou Ferdinand de Saussure (1871-1913), o fundador da Linguística Moderna, a arbitrariedade é uma característica do signo linguístico. Contudo, por

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Desde o início do meu mandato, tenho promovido uma participação ativa da ACADÉ-MICA DA MADEIRA no cenário nacional de discussão das políticas educativas para o Ensino Superior. Em março, integrámos a fundação do Conselho de Associações Académicas Portuguesas, um compromisso para a edificação de um movimento estudantil que trata das particulares das universidades fora dos grandes centros. Nos meus encontros com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior tenho defendido um modelo de financiamento adequado para a nossa Universidade, permitindo o seu funcionamento e crescimento.

Não pretendemos ser privilegiados, mas não podemos aceitar continuarmos a ser prejudicados num sistema que não protege a missão universitária nem promove o fim das assimetrias do seu conjunto. Outro ponto que não tem sido tratado é a asfixia que os sistemas de ação social têm experimentado. As bolsas de estudo não podem monopolizar a ação governativa, sem desconsiderar o seu papel fulcral. O alojamento, o desporto, a saúde e a cultura são parte integrante da ação social e fundamentais para um sistema que permita uma frequência de sucesso. Continuamos a defender que o cálculo das bolsas de estudo deve ter como referência o valor das propinas, mas não deve ficar restrito a esse valor, pois existem muitos outros custos que afetam o orçamento das famílias.

Falta-te um par de mamas

Ana percebeu cedo que as raparigas têm tarefas distintas das dos rapazes Quando a sua amiga Cloé chega do Canadá trazendo consigo os dias brilhantes da juventude Ana embarca numa viagem que a levará a atravessar a linha do seu horizonte Repleta de desejo e liberdade a luz de Lobo

O novo modelo de financiamento do ministério, que propõe a revisão da fórmula atual, continua a não responder à necessidade das instituições. Um aspeto novo é a intenção de criação de Contratos-Programa de Desenvolvimento, com financiamento tripartido, cuja a contratualização “avançará em 2023 com dois projetos-piloto” para a Madeira e os Açores, segundo o ministério. A proposta continua cercada de dúvidas e com promessas que parecem difíceis de concretizar. Várias instituições recebem financiamento, tanto direto como indireto, de organismos locais, regionais e de entidades privadas. Nas regiões insulares, os governos regionais têm desempenhado um papel ativo ao celebrar acordos financeiros, alocar recursos humanos e disponibilizar infraestruturas. Acabam executando um papel que não é suplementar ao do Estado português, mas uma função de substituição em lacunas que foram criadas e mantidas pela tutela desde a criação da nossa Instituição.

As Instituições não podem continuar a utilizar as propinas como forma de financiar a sua sobrevivência. O impacto da desvirtualização desse sistema tem sido prejudicial para a qualidade do ensino e da investigação. Na proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2024, a proposta governamental, para fixação dos jovens em Portugal passa pela devolução do valor das propinas. O movimento estudantil tem contestado a eficácia dessa medida para que o nosso país possa ser um local que valorize os licenciados, os mestres e os doutores com a existência de um sistema fiscal adequado e com remunerações que possam convergir para a comunidade que a Europa representa.

Estágios de verão

És estudante do ensino superior em Portugal ou no estrangeiro, num CTeSP, licenciatura, pós-graduação, mestrado ou doutoramento? Aproveita a oportunidade para teres uma experiência de 1 mês, numa entidade à tua escolha com uma bolsa mensal de 500€. Nota que a entidade onde podes fazer o teu estágio não tem

A saúde mental deve ser uma preocupação geral da sociedade e, em particular, de toda a comunidade escolar em Portugal, com especial destaque para as instituições de ensi-no e investigação. Estas devem criar ou melhorar espaços específicos, providos de recursos adequados, para o apoio à comunidade académica, assegurando uma resposta rápida e efi-caz a todas as solicitações de ajuda. A saúde mental deve envolver vários profissionais de saúde: psicólogos, enfermeiros e médicos. Sem que exista um sistema de saúde forte e apto para dar resposta às necessidades do cidadão, continuaremos longe de atingir os nossos objectivos neste campo. Atualmente, colegas em todo o país têm tempos de espera longos num sinal que a estratégia seguida pelo governo não atinge os objetivos pretendidos.

Depois de 35 anos, a Universidade da Madeira continua a lutar por um futuro melhor para si e para os seus estudantes. Isto seria o esperado em 1988. Quando nasci, a UMa preparava o seu 15.º aniversário. Cresci assistindo a nossa Universidade a lutar para sair de uma situação de subfinanciamento que se tornou crónica. Isto não era o desejado e é lamentável para todo o país que exista e que seja comum. É preciso lutar pela UMa e pela nossa Região.

Os protestos

Saudades de 2011? O PEC IV foi chumbado. O governo caiu. A troika impôs uma série de medidas. As eleições alteraram o panorama político português. Foram introduzidas novas medidas de austeridade. O euro tem o seu futuro em risco. A especulação continuou forte no mercado internacional. Várias economias europeias estão

Concluo com três notas finais. Há poucos dias a ACADÉMICA DA MADEIRA foi um dos 36 premiados pela Caixa Geral de Depósitos com o Prémio Caixa Social, entre 777 concorrentes. Uma palavra de agradecimento pelo trabalho de centenas de voluntários da nossa Associação que, há quase dez anos, ousaram criar um programa de promoção única do nosso património. Desde então, 12 prémios e distinções têm mostrado a nossa qualidade e empreendedorismo. Mensalmente, milhares de visitantes testemunham esses valores. Em segundo lugar, uma palavra de solidariedade com todos os colegas, os professores e os demais funcionários que nos atuais cenários de guerra e de confrontos do globo sofrem e lutam pela sua sobrevivência. Por fim, retomo o tema central desta sessão, o aniversário da nossa instituição. Parabéns a todos os que projetaram, construíram e promoveram a missão da nossa Instituição.

Viva a Região Autónoma da Madeira, viva a sua Universidade e viva aos seus estudantes! Obrigado.

Ricardo Freitas Bonifácio
Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA
Com fotografia de Pedro Pessoa.

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