Não é o vestido que faz a mulher…

Não é o vestido que faz a mulher…

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Há 100 anos, a Europa vivia tempos difíceis, marcados pela guerra, fome, pandemia, inflação, instabilidade política. Neste período viveu Luiza Susana Grande de Freitas Lomelino, autora de origem madeirense que assinava como Luzia e cuja história podemos descobrir no livro VIDAS (DES)CONHECIDAS: LUZIA de Xavier Miguel e Teresa Vieira.
Ilustração de Teresa Vieira da obra LUZIA de Xavier Miguel e Teresa Vieira, editada pela IMPRENSA ACADÉMICA como segundo volume da coleção VIDAS (DES)CONHECIDAS.

Luiza (ou Luísa, como escrevemos atualmente) teve uma vida que, mesmo marcada por diversas tragédias, é uma inspiração para todos os que desejam realizar os seus sonhos.

Órfã de ambos os pais desde a infância. Vítima de um marido iracundo, alcoólico e viciado no jogo. De compleição frágil, sofreu de depressão e de várias doenças físicas. Na velhice, viveu com dores incapacitantes que lhe limitavam os movimentos.

Por outro lado, que sempre que pôde, tomou as rédeas do seu destino.  Casou por amor, com quem quis e enfrentou o preconceito ao tornar-se uma das primeiras mulheres a divorciar-se em Portugal, mal foi aprovada a lei, no início da Primeira República. Enquanto se restabelecia da tuberculose em França, foi apanhada pela Grande Guerra, mas, em vez de regressar à relativa segurança da sua pátria, dedicou-se a ajudar os soldados feridos, confortando-os e responsabilizando-se pela correspondência com as suas famílias. Com o tempo, tornou-se numa das distintas figuras nos círculos intelectuais de Portugal, valorizando o papel da mulher na sociedade.

Não tanto conhecido é o facto de ter colaborado na criação de um museu na Quinta das Cruzes, a antiga residência funchalense dos Freitas Lomelino, seus avós maternos, contribuindo com mobiliário e outras peças do espólio destes morgados, uma das mais antigas linhagens nobres da Madeira.

Há 100 anos, a Europa vivia tempos difíceis, marcados pela guerra, fome, pandemia, inflação, instabilidade política.

Foi, porém, na escrita que singrou. Desde muito jovem que acalentava o sonho de ser escritora, chegando mesmo a enviar contos para alguns jornais, nem sempre com o êxito que ambicionava.

Em adulta, sob o pseudónimo de Luzia (anagrama do seu nome), resolveu publicar OS QUE SE DIVERTEM, obra que a Imprensa Académica também viria a escolher para iniciar a coleção ILUSTRES (DES)CONHECIDOS. Este seu primeiro livro foi, desde logo, um sucesso, tornando Luzia numa das mais apreciadas autoras portuguesas do seu tempo.

A Luiza/ Luzia merece ser conhecida por todos como exemplo de perseverança, face aos obstáculos. Em VIDAS (DES)CONHECIDADAS: LUZIA temos a sua vida, contada a todas as idades, pelo ator e dramaturgo Xavier Miguel e pela artista visual e ilustradora Teresa Vieira.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com imagem da ilustração de Teresa Vieira.

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