Estátuas vivas em banda desenhada foi apresentada na Feira do Livro do Funchal

Estátuas vivas em banda desenhada foi apresentada na Feira do Livro do Funchal

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Samuel Jarimba e Madga Pereira são autores de uma nova obra em banda desenhada editada pela CADMUS, numa homenagem a uma das formas mais comuns do teatro de rua: as estátuas vivas.
Samuel Jarimba e Madga Pereira são os autores de MADEIRA STREET ARTS. ESTÁTUAS VIVAS, editado pela CADMUS, chancela da ACADÉMICA DA MADEIRA.

A CADMUS lança nova obra de Samuel Jarimba, esta realizada em parceira com Madga Pereira, MADEIRA STREET ARTS. ESTÁTUAS VIVAS.

Marcela Costa lançou SKYLIGHT

A artista Marcela Costa, autora de diversos trabalhos publicados ao longo das últimas décadas, apresentou SKYLIGHT. A autora explica que “trata-se de uma peça que opõe a luz à escuridão, sendo esta última a ignorância vista como apego à matéria”.

Idealizado a partir do Madeira Street Arts Festival, é uma homenagens à arte das estátuUtilas vivas de tem integrado frequentemente a arte pública no Funchal.

Como surgiu a ideia de escrever – e desenhar – esta obra?

A obra nasce graças ao festival Street Arts Festival e ao Rúben Silva, organizador do evento.

A ideia inicial era promover o festival, explorando outros meios e ferramentas menos convencionais. Com esta premissa, a ferramenta proposta era a ilustração, criando uma imagem para cada uma das estátuas vivas participantes. Contudo, a oportunidade de interpretar graficamente o sentido de um festival de rua e absorver toda a sua complexidade e riqueza levou-nos a querer aprofundar a ilustração, acrescentando-lhe narrativa e sensação de tempo, dando origem à banda desenhada.

Para além disso, a banda desenhada, dava-nos a oportunidade de criar um objeto físico, o livro, e com isto manter o tema do festival vivo por mais tempo. Esperamos que com o livro o festival deixe de estar circunscrito apenas aos dias do evento.

A questão de efemeridade é também conteúdo da história, onde pensar o ser-se estátua viva, o estar imóvel, numa sociedade cada vez mais acelerada desafia a fugacidade nos dias atuais. Há ainda pontos de interseção com a natureza, imaginação e sonho que se vão sentindo ao longo do livro.

Como veem a importância do Madeira Street Arts Festival no despertar do público madeirense para outras expressões artísticas?

A Madeira Street Arts Festival abre portas para uma relação muito interessante com o público em geral, porque consegue ir além do “observador de museu”.

Isto é muito importante! O festival agarrou a responsabilidade de educar e principalmente tornar os diferentes meios de expressão artística acessível a todos.

O estar na rua é o primeiro e grande passo para esse despertar.

Esta vossa obra conjuga o desenho com o texto poético. Como a definiriam: banda desenhada, novela gráfica, romance gráfico?

Acreditamos que o termo banda desenhada continua a ser suficiente. É mais direto e sem qualquer embelezamento desnecessário.

Para além disso achamos que é importante continuar a difundir e normalizar o termo banda desenhada, de forma a dissipar a errada ideia de que banda desenhada tem um público e tema pré-definido.

A banda desenhada não é só para crianças, e, acima de tudo, não é só sobre super-heróis.

A Magda Pereira vem da área das artes visuais e da fotografia e o Samuel Jarimba da arquitetura. Falem-nos um pouco dos vossos percursos e do vosso encontro neste projeto editorial.

SJ: Creio que o desenho para mim sempre foi uma constante e desde cedo o processo por detrás da banda desenhada despertou-me o interesse.

Por vezes, mais até que o próprio resultado final. Contudo, só mais recentemente, aquando do meu primeiro livro “Pensar é estar doente dos olhos” é que comecei a querer explorar e aprofundar esta ferramenta que me permite ter um pensamento, corpo e objeto, é dizer, principio, meio e fim, para qualquer projecto que possa surgir, seja dentro das artes visuais ou dentro da arquitectura.

Neste processo, o resultado costuma ser mais interessante quando partilhado e por isso colaborar com a Magda foi essencial.

MP: A fotografia sempre me agradou por fazer parar o tempo mas tem os seus limites, como qualquer outra expressão artística, e quando batemos de frente com esse limite o corpo move-se noutra direção, foi assim que surgiu a escrita.

Com isto não quero dizer que tenha abandonado a imagem apenas que escrever na forma de poética livre me permite chegar onde não consigo com uma câmara.

Entrevista conduzida por Timóteo Ferreira.
ET AL.

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