O impacto da literacia financeira nos jovens

O impacto da literacia financeira nos jovens

A Madeira celebrou a Semana da Formação Financeira 2024 e o Dia Mundial da Poupança com um debate sobre a prevenção de fraudes digitais entre jovens, realizado na Universidade da Madeira.
Painel, com o Vice-Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, Tiago Caldeira Alves, do debate que aconteceu na Universidade da Madeira, a 30 de outubro de 2024, sobre a formação financeira.

O debate “Prevenção de Fraudes Digitais – Impacto da Literacia Financeira nos Jovens” marcou as celebrações da Semana da Formação Financeira 2024 e o Dia Mundial da Poupança, assinalado a 31 de outubro. Realizado na Universidade da Madeira, o evento foi organizado pela Direção Regional da Cidadania e Assuntos Sociais em parceria com a Direção Regional da Juventude. A iniciativa reuniu vários oradores e procurou sensibilizar os jovens para a importância do consumo responsável e para os riscos das transações digitais.

O Vice-Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, Tiago Caldeira Alves, foi um dos oradores do evento. O dirigente referiu que “cada vez mais, é importante que os jovens tenham mais literacia financeira. Embora os jovens portugueses estejam na média da OCDE, de acordo com o último estudo do PISA, devem de ter uma formação melhor na área do conhecimentos financeiros, não só para ajudar a prevenir fraudes digitais, mas também para ajudar na sua adaptação quando chegam à vida adulta. Associados aos conhecimentos financeiros devem de estar os conhecimentos digitais”.

A evolução exponencial da tecnologia, no entender de Tiago Caldeira Alves “é muito benéfica para a sociedade e permite-nos ter acesso a muitos meios com muita facilidade, mas também aumenta a probabilidade de sermos mais vulneráveis a possíveis fraudes digitais. Por isso os nossos jovens devem de ter conhecimentos de boas praticas nos meios digitais, que servem como um complemento aos conhecimentos financeiros”.

Em Portugal, a discussão sobre literacia financeira tem ganhado cada vez mais relevância, especialmente perante o aumento das transações digitais e o risco de fraudes eletrónicas. Diversos organismos, como o Banco de Portugal e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, têm vindo a reforçar iniciativas que visam educar a população sobre a importância de uma gestão financeira informada e consciente. O foco tem sido, particularmente, os jovens, que, apesar da sua familiaridade com a tecnologia, precisam de mais conhecimento sobre como proteger-se de esquemas fraudulentos e gerir adequadamente os seus recursos financeiros.

O debate integra-se no Programa Regional de Educação e Inclusão Financeira, promovido desde 2022 pela Secretaria Regional de Inclusão, Trabalho e Juventude (SRITJ). Em dois anos, o projeto já alcançou 2.200 madeirenses, tendo sido apresentado oficialmente em 10 concelhos, como o Funchal, Câmara de Lobos e Porto Santo, entre outros. A iniciativa conta com o apoio de entidades como o Banco de Portugal, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões.

A secretária regional Ana Sousa destacou que o programa promove o conhecimento de conceitos financeiros básicos, a gestão adequada do orçamento familiar, e o reforço das competências digitais dos consumidores. A formação visa preparar os cidadãos para tomar decisões financeiras informadas, aumentando a sua segurança e consciência na utilização de serviços digitais.

Em Portugal, a literacia financeira tem sido monitorizada através de estudos como o 4.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa, realizado em 2023 pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros. O país ocupa a 13.ª posição entre 39 países no indicador global de literacia financeira, com uma pontuação de 63 pontos em 100, “semelhante à média da OCDE”. O desempenho é positivo nas “atitudes e comportamentos financeiros”, mas fica aquém nos “conhecimentos financeiros”, com apenas 48% dos portugueses demonstrando conhecimentos básicos. Apesar de 97% dos inquiridos possuírem uma conta de depósito à ordem, muitos optam por manter as poupanças nessas contas, revelando uma aplicação limitada em produtos financeiros mais diversificados, o que sublinha a necessidade de “reforçar a educação financeira no país”.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Pedro Pessoa.

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