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Crescer é um desafio

Caberá a cada um fazer a sua escolha porque crescer é um desafio.

A maioria dos jovens reconhece que as drogas fazem mal à saúde e julga-se bem informada sobre os riscos do seu consumo. Mas muitos são mestres em arranjar desculpas para fumarem só mais um cigarro, beberem só mais um shot, darem só mais uma passa. Só mais uma vez, só mais uma noite, só mais um fim-de-semana, só durante as férias, dizem eles.

“É claro que tenho medo…”, relatava-me Duarte, pai de um adolescente de 17 anos, durante uma acção de sensibilização. “…que o meu filho possa consumir drogas, ou tornar-se delas dependente. É esse o meu maior medo”. Duarte acompanha o filho na escola, conhece muitos dos seus amigos e os respectivos pais, vão ao cinema e fazem programas em conjunto ao fim-de-semana, no entanto, sabe que o seu filho é como os outros jovens, tem as mesmas tentações e está sujeito às mesmas pressões. Importa-lhe saber que esta ou aquela droga lhe possa vir a fazer, mas importa, sobretudo, a ideia de que o seu filho possa não ser capaz de encontrar dentro de si os recursos necessários à sua felicidade e, em lugar de a construir, entre perigos, guerras esforçadas, frustrações e muitas desilusões -, como a maioria de nós o fez – se limite a consumi-la em versão – “pronto a ser feliz”.

Por vezes questiono os jovens com quem trabalho “se consomem drogas”. São alguns os que me relatam, por exemplo, já ter fumado, ou fumar ocasionalmente haxixe. Não são a maioria, não são “todos”, mas de facto o fenómeno conhece uma generalização a nível europeu e nós não lhe escapamos. Para alguns foi uma experiência, para outros foi um consumo ocasional, para outros, ainda, o consumo tornou-se regular.

Não existem drogas boas ou drogas más. Existem drogas. A evidência científica diz-nos que o consumo precoce destas substâncias explica-se por um conjunto de factores. Os jovens começam a sair à noite cada vez mais cedo, o tabaco surge com naturalidade num grupo de amigos, a acessibilidade ao álcool é enorme, o controlo parental nem sempre existe, a pressão do grupo com o qual os jovens se identificam é grande. O saber “dizer não” implica tomar decisões, ter uma certa maturidade para resistir, atitude que alguns não conseguem, efectivamente, ter. É na adolescência que os jovens se sentem mais tentados em explorar novas sensações e procuram fazê-lo junto do grupo com o qual se identificam.

É evidente que a diversão é algo fundamental e faz parte do ser humano a socialização, o estar integrado num grupo. Dizem os mais velhos, que no seu tempo de juventude, viajavam menos, ou nem viajavam, passavam o tempo em casa ou na rua e saía-se pouco, iam às matinés. Actualmente, os jovens tendem a sair muito mais, têm mais opções de diversão e este é um processo normal de uma sociedade em evolução e mudança.

Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais, IP-RAM.

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