As palavras-chave permitem que o leitor tenha acesso aos artigos que foram classificados com esse vocábulo enquanto etiqueta. Dessa forma, o repositório digital de notícias da ET AL. é filtrado para que o leitor consulte o grupo de artigos que corresponde à palavra-chave que selecionou. Em alternativa, pode optar pela procura de termos na barra de pesquisa.

Etiqueta Selecionada

drogas

“Drogas leves” e consequências pesadas

“(…) Tenho 35 anos e decidi partilhar alguns pontos da minha vida na esperança que muitos jovens não sigam as minhas pisadas. (…) Com 21 anos casei, já tinha carro e comprei casa. A minha ex-mulher estava grávida do meu filho, tudo me corria bem, era feliz, tinha muitos amigos e uma vida social ativa. Sempre adorei futebol, principalmente ver os jogos do meu clube do coração era uma presença assídua em todos os encontros. Foi neste contexto que um dia, um amigo que me acompanhava me ofereceu um charro para fumar. Num primeiro momento disse-lhe que não, ele insistiu, disse que ia ficar “zen”, voltei a dizer que não, ele acendeu um para ele, voltou a insistir, acabei por aceitar e dar uma passa. (…) Foi nesse dia, com 22 anos, que começou a minha autodestruição. Sempre que ia ver um jogo do meu clube fumava um charro. O consumo desta droga começou de forma ocasional e esporádica, passou a regular, depois a frequente, a diária e por fim já consumia várias vezes ao dia. Com 23 anos, novamente durante um jogo de futebol, fumei um pouco demais. Durante o jogo senti-me mal, comecei a ficar com os meus sentidos muito apurados, o som era ensurdecedor, tinha a sensação que toda a gente olhava para mim e queriam fazer-me mal. Já não consegui trazer o carro, quando cheguei a casa fechei-me no quarto durante dois dias, não queria falar nem ver ninguém, apenas rezava e queria que aquele mau estar desaparecesse. Com o passar do tempo comecei a sentir um cheiro permanente a podre, um cheiro que só eu sentia. (…) Com o passar do tempo o cheiro a podre começou a ser acompanhado por vultos de familiares que já tinham falecido. Estava cheio de medo, por vezes não queria dormir, outras vezes não conseguia, recusava-me a sair do quarto, passava os dias e as noites a rezar e a acender velas pelos meus familiares, queria que me deixassem em paz, mas isso não acontecia, até que um dia, chegou a minha casa a polícia e o INEM, fui internado compulsivamente. (…) Em 2 anos tive cerca de 30 tentativas de suicídio e outros tantos internamentos em Psiquiatria. Num desses internamentos o Médico Psiquiatra que me acompanhava disse-me que já não tinha uma psicose tóxica, mas sim Esquizofrenia Paranóide, uma doença crónica que não tem cura, mas sim tratamento. Que ia piorar com o tempo se não parasse de fumar canábis” (…) António (nome fictício), in revista dependências, fevereiro de 2016. Serve este testemunho para alertar as consciências daqueles que desconhecem ainda o perigo do consumo da canábis. Estão a aparecer nas urgências dos hospitais, psicoses agudas e esquizofrenias, desencadeadas por estes consumos, evidenciando a perigosidade, associada ao aumento do teor de THC (tetrahidrocanabinol), obtido através de novas técnicas de cultivo. Há muitas ideias erradas que circulam por aí e que é preciso esclarecer e a melhor arma de prevenção começa pela informação. Artigo elaborado ao abrigo do protocolo com a Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências – UCAD | IASAÚDE, IP-RAM. Idalina Sampaio Socióloga

LER MAIS...

Crescer é um desafio

Caberá a cada um fazer a sua escolha porque crescer é um desafio. A maioria dos jovens reconhece que as drogas fazem mal à saúde e julga-se bem informada sobre os riscos do seu consumo. Mas muitos são mestres em arranjar desculpas para fumarem só mais um cigarro, beberem só mais um shot, darem só mais uma passa. Só mais uma vez, só mais uma noite, só mais um fim-de-semana, só durante as férias, dizem eles. “É claro que tenho medo…”, relatava-me Duarte, pai de um adolescente de 17 anos, durante uma acção de sensibilização. “…que o meu filho possa consumir drogas, ou tornar-se delas dependente. É esse o meu maior medo”. Duarte acompanha o filho na escola, conhece muitos dos seus amigos e os respectivos pais, vão ao cinema e fazem programas em conjunto ao fim-de-semana, no entanto, sabe que o seu filho é como os outros jovens, tem as mesmas tentações e está sujeito às mesmas pressões. Importa-lhe saber que esta ou aquela droga lhe possa vir a fazer, mas importa, sobretudo, a ideia de que o seu filho possa não ser capaz de encontrar dentro de si os recursos necessários à sua felicidade e, em lugar de a construir, entre perigos, guerras esforçadas, frustrações e muitas desilusões -, como a maioria de nós o fez – se limite a consumi-la em versão – “pronto a ser feliz”. Por vezes questiono os jovens com quem trabalho “se consomem drogas”. São alguns os que me relatam, por exemplo, já ter fumado, ou fumar ocasionalmente haxixe. Não são a maioria, não são “todos”, mas de facto o fenómeno conhece uma generalização a nível europeu e nós não lhe escapamos. Para alguns foi uma experiência, para outros foi um consumo ocasional, para outros, ainda, o consumo tornou-se regular. Não existem drogas boas ou drogas más. Existem drogas. A evidência científica diz-nos que o consumo precoce destas substâncias explica-se por um conjunto de factores. Os jovens começam a sair à noite cada vez mais cedo, o tabaco surge com naturalidade num grupo de amigos, a acessibilidade ao álcool é enorme, o controlo parental nem sempre existe, a pressão do grupo com o qual os jovens se identificam é grande. O saber “dizer não” implica tomar decisões, ter uma certa maturidade para resistir, atitude que alguns não conseguem, efectivamente, ter. É na adolescência que os jovens se sentem mais tentados em explorar novas sensações e procuram fazê-lo junto do grupo com o qual se identificam. É evidente que a diversão é algo fundamental e faz parte do ser humano a socialização, o estar integrado num grupo. Dizem os mais velhos, que no seu tempo de juventude, viajavam menos, ou nem viajavam, passavam o tempo em casa ou na rua e saía-se pouco, iam às matinés. Actualmente, os jovens tendem a sair muito mais, têm mais opções de diversão e este é um processo normal de uma sociedade em evolução e mudança. Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais, IP-RAM.

LER MAIS...

Prevenção é bué ação no Imaculado Coração

O Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais, IP-RAM, através do Serviço de Prevenção de Toxicodependência, estabeleceu uma parceria com a Junta de Freguesia do Imaculado Coração de Maria, no sentido de desenvolver um projeto designado “Viver a Prevenção no Imaculado”, visando a prevenção do consumo de substâncias psicoativas na comunidade local. Este projeto prevê o desenvolvimento de um conjunto de iniciativas preventivas ajustadas à realidade sócio cultural e abrangendo diferentes públicos-alvo. Pretende-se, assim, intervir nesta freguesia de forma integrada, com maior incidência no Meio Familiar e Escolar. No contexto escolar, a intervenção visa a promoção de ações e práticas educativas, pela comunidade escolar em geral, favorecedoras do desenvolvimento de competências que possibilitem a adoção de comportamentos saudáveis e a recusa face ao consumo de drogas. Neste sentido surgiu o concurso: Escreve o Teu Slogan que visou sensibilizar para a prevenção das toxicodependências e fomentar para os hábitos de vida saudáveis. Os trabalhos foram avaliados de acordo com a criatividade e originalidade que apresentaram. O Júri responsável pela apreciação e avaliação dos trabalhos foi constituído pelo Presidente da Junta de Freguesia do Imaculado Coração de Maria, o Diretor e dois elementos da equipa técnica do Serviço de Prevenção de Toxicodependência. O slogan vencedor será utilizado como mote do projecto. O grupo vencedor constituído por três alunas da Escola da APEL, tiveram a oportunidade de conhecer as instalações e missão do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. A visita de estudo decorreu no dia 16 de Setembro às 10h00, e teve a duração de duas horas. Não há como as palavras das próprias alunas para demonstrar o seu contentamento, desta que foi uma experiência certamente memorável. “Estava prestes a começar a aventura e nós nem a mínima ideia fazíamos… sexta-feira, estava marcada a nossa tão esperada visita ao OEDT. Fomos recebidas pelo Dr. Ignácio Molinni, um dos responsáveis pelo diálogo com os diferentes países da União Europeia, que nos conduziu a uma das salas das instalações, onde nos esperava a Dra. Maria Moreira. Esta prosseguiu com uma apresentação em que nos explicou o que era o OEDT e o papel que este desempenha na União Europeia e na sociedade.… achamos que esta viagem, e nomeadamente a visita ao OEDT, foi muito enriquecedora na medida em que pudemos compreender o funcionamento da UE, assim como das suas instituições derivadas. Esta viagem foi também como que um “abrir de olhos” para uma realidade que assola muitos jovens da atualidade que nos rodeiam e sobre a forma como podemos atuar em relação aos mesmos. Desta forma, sentimo-nos cidadãs participativas e úteis ao sabermos que, com o nosso slogan, contribuímos para esta nobre causa e com um pequeno gesto podemos ajudar para uma grande mudança!” Filipa Mendonça Psicopedagoga Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais IP – RAM Serviço de Prevenção de Toxicodependência

LER MAIS...

Drogas emergentes e novas drogas

Smart-drugs, substâncias recreativas, drogas de desenho, drogas de síntese, herbal-highs, legal highs, designer drugs, drogas emergentes ou novas drogas, muitos são os termos ainda em discussão para nomear um conjunto de substâncias que vão desde químicas, até de origem vegetal e que têm sido alvo de estudo por várias comunidades científicas, e de interesse pelas instituições regionais, nacionais e europeias. A emergência destes compostos psicoactivos deve-se ao facto do consumo de drogas estar em constante evolução. A não regulamentação internacional de muitas destas substâncias (ou produtos que as contenham), criadas especificamente para enganar o controlo das instituições, o facto de imitarem os efeitos de drogas já conhecidas (alucinogeneos, estimulantes, depressores, canabinóides), o serem vendidas através da internet ou em lojas (smartshops), as estratégias de marketing sofisticadas e muito agressivas dirigidas a grupos específicos da população, são factores que as caracterizam. A venda é proibida a menores de 18 anos e existem evidências de toxicidade severa no consumo destas substâncias, actualmente alvo de estudo. Aliás, o uso destas “novas drogas” está a dar origem a problemas similares ou mais graves do que o uso de drogas que, até há pouco tempo, eram as mais comummente conhecidas (ex.:heroína, cocaína), uma vez que se tratam de novos produtos fabricados e distribuídos, e a sua constituição química e farmacológica ainda é, por outro lado, alvo de constante mutação. A acrescentar, são múltiplos os perfis dos consumidores e o problema agudiza-se quando o álcool é usado com este tipo de drogas. O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) é o responsável, a nível europeu, pela análise, identificação e controlo legal das substâncias psicoactivas, caso haja grave risco para a saúde devidamente comprovado. Em Portugal a Lei N.º 15/93 regula esta matéria. Dados Estatísticos De acordo com os resultados do “Flash Eurobarometer”, publicados em Julho de 2011 pela Comissão Europeia, apenas 5% dos jovens diz ter recorrido às “legal highs”. Em termos da sua regulação, 47% dos jovens inquiridos assinala que as novas substâncias psicoactivas deviam ser banidas caso coloquem em risco a saúde, e, um terço dos respondentes (34%) sente que estas substâncias devem ser banidas sob qualquer circunstância (http://www.emcdda.europa.eu/publications/drugnet/75). Neurobiologia das Adições O consumo, mesmo em pequenas doses, pode provocar risco de overdoses acidentais, bem como o risco de complicações psiquiátricas graves e até a morte. A hipótese de dependência física/psicológica está a ser alvo de estudos. Desafio aos Jovens Dirigimo-nos aos jovens para que considerem as consequências resultantes de cada solução alternativa (experimentar ou não experimentar), antes de tomarem uma decisão (Ferreira-Borges.2008) e resistam a situações problemáticas de aliciamento para a experimentação de substâncias legais/ilegais, e para que: “Passem a Palavra!”. Bebiana Ribeiro Psicóloga IASAUDE, IP-RAM Serviço de Prevenção de Toxicodependência

LER MAIS...
OS NOSSOS PARCEIROS