A falta de professores em Portugal atingiu níveis alarmantes, com implicações profundas para o sistema educativo. De acordo com dados recentes, o país precisa de recrutar mais de 30 mil docentes até 2030 para responder às necessidades do sistema público. Este défice é agravado pela reforma de milhares de professores e pela falta de formação de novos profissionais. “As instituições de ensino superior não estavam, e não estão, a formar futuros docentes ao ritmo necessário”, sublinha o relatório do Ministério da Educação citado pelo Expresso.
O caso de Tomás Girão, um jovem de 23 anos que iniciou a sua carreira na Escola Básica Almeida Garrett, ilustra os desafios enfrentados pelos novos professores. Sem experiência docente, assumiu seis turmas, a disciplina de Cidadania e ainda uma direção de turma, num ambiente escolar marcado por problemas sociais. “Não é o mestrado em Ensino que nos prepara para o mundo do trabalho… a realidade com que um professor se confronta são muito mais do que [as] aulas e os power points que mostram”, afirma Tomás.
Apesar das dificuldades, a experiência de Tomás foi positiva, destacando o acolhimento dos alunos e colegas. No entanto, o jovem professor enfrenta barreiras para profissionalização, incluindo o número reduzido de vagas nos mestrados que habilitam para a docência: “Apresentaram-se 90 candidatos para 15 vagas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas”, relata o artigo.
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I Encontro de Universitários Madeirenses
“Os jovens afirmam-se, dia após dia, como catalisador da mudança da sociedade. Estamos perante a geração “mais qualificada” de sempre mas também perante uma geração movida pelo inconformismo e pela vontade de marcar pela diferença. Não obstante, os contextos que envolvem a juventude e os estudantes são diversos: do percurso académico ao profissional, a vertente social e cultural, o ambiente e o desporto, a política, …Estarão os jovens preparados para pautar pela diferença?“
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As várias formas de chegar ao ensino superior
Hoje em dia, frequentar o ensino superior adquire uma importância cada vez maior ao nível do contexto social em que estamos
As dificuldades no recrutamento de professores refletem-se em dados preocupantes: “Em 2022-2023, a percentagem de alunos no ensino superior nos cursos de educação era de 3,8% do total de alunos nas universidades e politécnicos, contra 13,2% em 2000-2001”. Além disso, muitos professores estão a abandonar a profissão ou a reformar-se antecipadamente devido a condições desmotivadoras. “O poder de compra de 2024 é inferior ao de 2011 em 7,6%”, detalha o economista Eugénio Rosa.
O Governo lançou o plano “Mais aulas, mais sucesso” para mitigar a crise, incluindo incentivos para a deslocação de docentes e a contratação de profissionais sem formação específica em ensino. Contudo, estas medidas têm gerado polémica e resultados limitados. Apenas 63 professores aposentados aceitaram regressar às escolas em 2024.
Tomás acredita que a solução passa pela valorização da profissão e melhoria das condições de trabalho: “O congelamento das carreiras, os entraves à profissionalização… Tudo isso gera cansaço e desmotivação”. Apesar disso, mantém esperança, ao observar o aumento do interesse pela docência entre os jovens, incluindo o seu irmão, que iniciou recentemente a licenciatura em Educação Básica.
Luís Eduardo Nicolau
Com Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Josefa Ndiaz.