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A ciência dá rosto a D. Dinis na primeira reconstrução facial de um rei português

A ciência dá rosto a D. Dinis na primeira reconstrução facial de um rei português

A primeira reconstrução facial científica de D. Dinis revela um retrato fiel do rei-poeta, combinando dados genéticos, antropológicos e arqueológicos para humanizar uma figura central da história portuguesa.
A reconstituição científica do rosto de D. Dinis (1261-1325) pela britânica Caroline Wilkinson.

A reconstituição facial do rei D. Dinis, apresentada pela primeira vez, marca um feito inédito na história científica e cultural de Portugal. “O que aqui temos foi feito com dados científicos sólidos, a partir de um esqueleto muito bem conservado, com todos os ossos faciais preservados”, destacou a antropóloga biológica Eugénia Cunha ao Público. Este trabalho, realizado no âmbito do projeto de conservação do túmulo do monarca, foi desenvolvido com base em medições do crânio, análise genética e estudos arqueológicos, conduzidos por uma equipa multidisciplinar.

O resultado é a “primeira reconstrução científica da face de um rei português”, que revela um rosto magro, com “um nariz alongado” e “um queixo ligeiramente recuado”. Esta iniciativa contou com a colaboração do Face Lab da Universidade John Moores de Liverpool, que já recriou outros rostos históricos. “Esta é a cara que vai ficar do rei D. Dinis. Esta cara pode comprovar-se cientificamente que era assim. Não foi um artista que imaginou como seria D. Dinis. Foi o crânio dele – a análise antropológica – e a genética que disseram como ele era de facto”, explicou Eugénia Cunha.

Paulo M. Dias, historiador e investigador, reforçava, na rede X (antigo Twitter), que “não é a primeira vez que se fazem reconstituições do género, embora esta seja a primeira a envolver um monarca português. Há anos, depois da descoberta do corpo de Ricardo III de Inglaterra debaixo de um estacionamento, fez-se uma reconstituição da sua face”.

Os avanços genéticos também trouxeram informações adicionais sobre o monarca. A cor dos olhos foi determinada como azulada, e a tonalidade do cabelo sugere um tom claro, provavelmente arruivado. “Nada disto é imaginação do artista”, reforça a investigadora, sublinhando a precisão científica do estudo. Os trabalhos ainda proporcionaram uma visão única sobre a materialidade régia medieval, com a análise dos têxteis e da espada encontrados no túmulo.

A apresentação desta reconstituição não apenas enriquece o conhecimento histórico sobre D. Dinis, mas também humaniza uma figura central na história de Portugal, cujo reinado foi marcado pela fundação da primeira universidade e pela afirmação do português como língua oficial. “Esta é a primeira imagem real que temos de um rei português […] com um olhar sensível, uma expressão serena. É fácil vermos nele um poeta”, concluiu Maria Antónia Amaral, coordenadora do projeto, na reportagem do jornal.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com imagem de Arlindo Homem/Património Cultural.

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