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História

Cidades com 2500 anos na Amazónia

A 11 de janeiro a revista Science publicou um artigo em que dava conta da descoberta de “dois mil anos de jardim urbano na Alta [floresta] Amazónia”, referindo-se a toda uma antiga civilização descoberta no Equador.

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Crónicas da Primeira República por um madeirense

José Varella foi uma das mais notáveis figuras portuguesas do início do século XX. Nascido na Ponta do Sol, foi médico, militar, político e jornalista, assinando várias crónicas satíricas da Primeira República publicadas em diferentes periódicos. Estas foram recolhidas e estudadas por uma sobrinha-neta e reunidas numa edição da IMPRENSA ACADÉMICA.

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Para um futuro porto-santense… a Escola da Vila

A agenda cultural do JM de 13 de outubro, indica a realização de “no Centro Cultural e de Congressos do Porto Santo, entre hoje e amanhã, um seminário, promovido pela Porta, denominado ‘DESPOLETAR O AGIR — Práticas para a reinvenção da Escola e sua relação com o lugar’, com o objetivo de enfatizar a reutilização adaptativa e sustentável da antiga escola da Vila do Porto Santo, enquanto novo polo cultural de disseminação e partilha de conhecimentos”.

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A viagem do “Rattlesnake” à Madeira para medir a inclinação magnética

Desde os meados do séc. XVIII e ao longo do XX, a Madeira constitui uma importante referência estratégica, e científica, para a navegação britânica no Atlântico Norte, assim se justificando as constantes passagens dos ingleses pela Ilha e os trabalhos de medição e referenciação efetuados. A 3 de dezembro de 1846, o H.M.S. Rattlesnake deixava o estaleiro de Spithead e, a 11, saía do porto de Plymouth a caminho da Madeira, onde chegou a 18, após uma viagem algo tormentosa, dada a época do ano. Seguiu rumo ao Brasil, às ilhas de Cabo Verde, ao cabo da Boa Esperança e às Ilhas Maurícias. A sua principal missão era a de voltar a medir a “inclinação magnética” nas várias escalas da viagem, então com os aparelhos desenvolvidos pela firma de Robert Were Fox, com vista à melhoria das cartas náuticas inglesas. Da equipa do navio britânico, fazia parte o primeiro-tenente Owen Stanley, que desenhava e aguarelava, organizando, mais tarde, um álbum com os seus apontamentos de viagem, que veio a ser adquirido pela Mitchell Library, State Library of New South Wales e que um amigo de longa data destes trabalhos de investigação, o sargento-chefe José Lemos Silva, localizou e nos enviou. São somente cinco pequenos apontamentos, de que selecionámos estes três, com a particularidade de se encontrarem representadas duas das mais importantes figuras da época na Madeira: o cônsul Sir Henry Veitch, então já o decano de todos os cônsules britânicos e o então capitão António Pedro de Azevedo, que chegaria depois a general de divisão e o autor do maior manancial cartográfico alguma vez produzido na ilha da Madeira. A expedição para a medição da declinação magnética saiu do Funchal a caminho da Eira do Serrado, a 23 de dezembro, descendo pelo Passo do Curral, o antigo caminho/estrada para o Curral, Ponta Delgada e outros destinos, onde fizeram um piquenique/almoço. Depois desceram para o Curral de Baixo e subiram para a Boca dos Namorados e ali, nas proximidades, no Pico dos Bodes (Jardim da Serra), mediram a «inclinação magnética» com o então designado «Fox’s Dipping». Com aquele aparato todo, parece que apareceram mais uns curiosos locais, registados nas várias aguarelas como os “burroqueros”, ou seja, os burriqueiros, que tinham transportado os materiais da expedição, que, inclusivamente, também incorporava duas senhoras. Depois devem ter feito ainda uma visita à quinta do Jardim da Serra, pois conheceram a criada do sr. Cônsul, em “traje domingueiro”, como regista o primeiro-tenente Owen Stanley. O álbum do primeiro-tenente ainda incorpora uma descrição do Funchal, então com cerca de 25.000 habitantes, partindo das anteriores feitas nas viagens de circum-navegação do comandante James Cook, de 1768 e de 1771, com o seu anfiteatro e a enorme quantidade de quintas a subirem pelas encostas, da “caldeira” do Curral das Freiras poder ser a cratera do inicial vulcão submarino que deu origem à Ilha, etc. Acrescenta também uma série de referências à flora local, inclusivamente com os nomes científicos, mostrando-se muito bem informado e documentado sobre a Ilha. Rui Carita Docente da UMa Texto escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990.

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As torres no coração do Funchal

Uma das maravilhas da cidade do Funchal é o seu bosque de torres que se ergue sobre as águas dos telhados. Muitas ainda são usadas para habitação, trabalho ou armazenamento. Ao subi-las, tiram-nos o fôlego não só pelo número de degraus (que nos deixam de pulmões a arder), como pelo deslumbre da vista, lá em cima, em qualquer direcção. Para os pouco amantes do campo e para todos os curiosos em geral, um excelente sítio a visitar são as torres do centro do Funchal. Estão abertas ao público as que rodeiam a Praça do Município: uma no Colégio dos Jesuítas, outra nos Paços do Concelho e uma terceira no Museu de Arte Sacra. A dos Jesuítas é um dos torreões da fachada da Igreja, cuja subida atravessa uma exposição de arte sacra e fotografias antigas do templo. A da Câmara Municipal albergou a primeira central telefónica da cidade e tem uma vista de 360º sobre o anfiteatro do Funchal. A do Museu, finda uma sucessão de espaços imponentes de altos tectos e intermináveis escadarias, abre para um mirante ao mar revestido a azulejos barrocos dedicados a São Miguel Arcanjo e às três Virtudes Teologais. É um passeio cultural e uma caminhada dentro da cidade. CARLOS DIOGO PEREIRA Alumnus da UMa

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Pragas e pestilências ou o desespero do ser humano perante um inimigo invisível

A ideia de que vivemos tempos inéditos, de que nunca nada disto antes se viu, aliada às imagens de ruas desertas, de cadáveres e caixões amontoados em igrejas ou armazéns, de unidades de cuidados intensivos em que nada mais se ouve que não o estertor da morte e os sons impiedosos das máquinas, tem-nos sido trazida pelos meios de comunicação social nestes que foram meses de apreensão e inquietude. É, porém, um grave erro histórico pensarmos que a ameaça de um inimigo invisível, mas omnipresente, tem algo de novo. Ao longo da sua história a humanidade enfrentou surtos epidémicos de causas, origens e características diversas, mas que tiveram em comum precisamente esta sensação de impotência e de incapacidade que tem o condão de nos reduzir, enquanto seres humanos, à nossa reconhecida e por vezes bem lembrada impotência. Para cumprirmos o objectivo desta secção – Memorandum, isto é, “o que deve ser lembrado” – queremos lembrar neste número alguns dos tópicos mais frequentes nos textos gregos e romanos sobre surtos de doenças contagiosas. O que propomos é um desafio do tipo “descubra as diferenças” entre o que nos legou a cultura clássica e o que enfrentamos na actualidade. Ao leitor deixamos toda a liberdade para estabelecer as ligações que e como quiser. Baseamo-nos em textos de épocas diversas, desde Homero a Galeno, e de géneros literários distintos relacionados com a épica, a tragédia, a historiografia, a medicina… Um dos elementos mais significativos nestes textos e, em especial, naquele que constituiu, pelos séculos fora, uma espécie de modelo para a descrição de pestilências – referimo-nos à obra de Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, que descreve a peste de Atenas de 430-426 a. C. – é o relato vivo e complexo das consequências de ordem social e moral deste tipo de enfermidades. A inexistência de distinções de ordem social, baseadas na idade, no sexo, na riqueza, no estatuto, é reconhecida como uma inversão das normas. O contágio que se espalha sem fazer distinção entre o jovem e o idoso, a mulher e o homem, o pobre e o rico, o escravo e o cidadão livre representa a destruição da ordem social numa comunidade que tem os seus fundamentos precisamente na diferença. Nas cidades que se apresentam aos olhos do leitor vêem-se moribundos e cadáveres, tanto espalhados e insepultos pelas ruas, como no interior dos edifícios públicos e privados. O abandono dos rituais fúnebres – que aumenta, como os autores reconhecem, o perigo de contágio – é também um sinal da decadência moral que se identifica em sociedades em que o desespero e a certeza de uma morte próxima tornam irrelevante o cumprimento da lei. A estrutura das sociedades antigas, fortemente enraizada nas relações familiares, é arruinada pelo medo do contágio. Os doentes vêem-se abandonados e os poucos que deles se aproximam são, muitas vezes, cremados na mesma pira, diz-nos Tácito. Por fim, um esclarecimento. Ainda que se diga que os antigos não tinham conhecimento correcto das formas de contágio, é preciso ter em consideração que: 1) sabiam que algumas doenças afectavam apenas grupos ou comunidades; 2) que estas doenças passavam de um indivíduo para outro. A explicação mais frequente para este tipo de doenças baseava-se na existência de miasmata no ar, que teriam origem em vapores insalubres, como os exalados pelos cadáveres num campo de batalha ou pelas águas estagnadas e fétidas. Esta explicação manteve-se durante séculos, por vezes aliada à vontade e à ira divinas, pelo menos até que, na sua obra De contagione et contagiosis morbis, publicada em 1546, Girolamo Fracastoro apresentou a teoria de que as doenças epidémicas são causadas por partículas minúsculas que são transmitidas por um indivíduo doente para um indivíduo em contacto com ele. Nihil novi, nada de novo, portanto, e, também como no passado, aprenderemos e avançaremos, recordados mais do que nunca de omnia mors aequat, a morte nivela tudo. Cristina Santos Pinheiro Professora da UMa

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O peso da liberdade

Como já dizia o meu pai, “só quem esteve preso é que reconhece o peso da liberdade.” (embora ele mesmo haver garantido nunca ter visto o sol aos quadrados). Eis como os próprios filhos de Abril estão a assistir à queda da Democracia moderna em Portugal, e, mesmo assim, escolhem ficar na ignorância, ou são ignorados. A 21 de agosto de 1973, em Bissau, é realizada a primeira reunião clandestina do Movimento das Forças Armadas (MFA). Na noite de 24 de abril de 1974, às 22:55, o programa Limite, da Rádio Renascença, emite E Depois do Adeus, interpretada por Paulo de Carvalho, que alerta os revolucionários para se colocarem nas suas posições. Na madrugada do dia seguinte, às 00h20, é emitido o segundo sinal que dá início à revolução, pela voz de José Afonso com Grândola, Vila Morena. Durante as dezasseis horas que se seguiram, os regimentos militares irão ocupar a RTP, o Estado Maior do Exército, o Banco de Portugal, o Ministério do Exército e o Aeroporto de Lisboa. Entre as 16:00 e as 16:30, é feito o cerco ao Quartel do Carmo, liderado pelo capitão Salgueiro da Maia, onde estava refugiado Marcelo Caetano. Entretanto, após negociações, aquele que foi o último presidente do Conselho (equivalente a primeiro-ministro) do Estado Novo acaba por ceder. O Quartel do Carmo hasteia a bandeira branca. Portugal sai, então, da Ditadura, e entra numa jornada para democratizar Portugal, realizando, no ano seguinte, as primeiras eleições livres em mais de 40 anos de repressão, que dariam a 1.ª Constituição Pós-Ditadura. Em 1989, o então primeiro-ministro Cavaco Silva recusa a atribuir a Salgueiro Maia uma compensação. Isto acontece depois de, nas palavras de José Pedro Castanheira, autor do artigo “Cavaco tenta corrigir erro com 20 anos”, para a revista Expresso, “em 1988, o próprio Salgueiro Maia [teria requerido] a concessão de uma pensão destinada a contemplar os chamados «serviços excecionais ou relevantes prestados ao país»”. Apesar de Cavaco ter, no final, decidido homenagear o capitão, não pôde evitar uma grande onda de protesto popular. Para as pessoas que, haviam participado ativamente na revolução, ou dela tivessem conhecimento na década seguinte, foi um murro no peito. Para elas, não conceder uma pensão a Maia era não reconhecer os valores de Abril. Era não reconhecer todas e quaisquer pessoas que lutaram pelo derrube de uma Ditadura que deixou Portugal moral e materialmente pobre. Era não reconhecer cada injustiça, restrição dor ou humilhação a que havia sido submetidos pelo Regime. Era uma chapada na cara da Revolução. Em 2015, de acordo com os dados da PORDATA, a Base de Dados de Portugal Contemporâneo, a taxa de abstenção de votos para a Assembleia da República foi de 44,1%. Em 1975, foi de 8,5%. Ora, isto deve-se a muitas razões. Deve-se, por exemplo, ao desinteresse da população mais jovem. Vivemos numa altura em que estamos a ser constantemente bombardeados por informação, vinda de várias fontes. O nosso cérebro não pode processar tudo, porque tem prioridades, e a política parece não ser uma delas. Há uma falta de identificação com o sistema político vigente. A 5 de janeiro de 2014, O Público apresentou a opinião de oito jovens, nascidos no período compreendido entre 1980 e 1990. Para quatro deles “Os jovens não estão desinteressados, não se revêem é nas formas e nos mecanismos convencionais de fazer política em Portugal, com os partidos e com os políticos.” Ao que lhes parece, a política não é orientada para os mais novos e que nem sempre se trata da falta de vontade de participação, mas sim também da recusa ao reconhecimento desta minoria política. Foi 25 de abril de 1974 que Portugal saiu de uma Ditadura que o governara por quatro décadas. Em 2019, mais de quarenta anos depois, há eleitores portugueses que não se sentem ouvidos pelos políticos. Estes últimos, são uma classe caída em cada vez maior descrédito e assolada de escândalos, sobretudo num ano em que se elegem os legisladores europeus, nacionais e regionais. Não tarda nada e Paulo de Carvalho estará a cantar E Depois Do Adeus à Democracia, e não será para dar as boas-vindas. Liseta Pereira Estudante da UMa

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Os remates de telhado madeirenses

“Entre os finais do século XIX e os inícios do XX, tipificaram-se curiosos remates de barro cozido nas edificações madeirenses, especialmente com pombinhas e cabeças de menino, tradição que o desaparecimento das antigas olarias onde se produziam coloca bastante em risco”. Esta tradição bastante rara no continente, embora ainda sobrevivente, entre outras áreas, nas de Aveiro e do Algarve, por exemplo, deve ter raízes nos cultos de fertilidade pré-cristãs e que sobreviveram, depois, no culto do Espírito Santo, acarinhado pela Igreja Católica. Embora não conheçamos exemplares madeirenses anteriores ao século XIX, parece não restarem dúvidas que devem ter existido, resistindo, inclusivamente, um ou outro exemplar pré-industrial, como na residência paroquial de São Pedro, no Funchal. O gosto orientalista, dito chinoiserie, parece ser também responsável por certas decorações mais elaboradas, como algumas cristas sobre os telhados, igualmente dotados destes elementos decorativos e informará também alguns aspetos das decorações fim de século e arte nova. A divulgação desta temática, no entanto, parece bem mais popular, aparecendo de certa forma ligada às edificações dos chamados demeraristas dos finais do XIX, emigrantes retornados da América Central e responsáveis por uma ampla campanha de construções dispersas por quase toda a ilha, com especial incidência nas áreas rurais e periurbanas. Os elementos base parecem ser as pombinhas em repouso ou de asas levantadas, tal como cabecinhas de menino e de menina. Estamos, assim, perante elementos do culto da fertilidade e patentes, por exemplo, em ditados populares, como “Quem casa, quer casa”. Posteriormente diversificou-se, encontrando-se variantes representando papagaios, tais como cães (quase sempre buldogues), gatos, galos (figurações mais raras) e, inclusivamente, grifos e dragões de nítida inspiração chinesa. Paralelamente, existem estilizações cerâmicas de folhas de acanto ou pontas de setas, pontualmente muito estetizadas, ou, simplesmente, obtidas pela fragmentação das telhas. Os remates mais antigos aparecem em telhados de telha marselha, por vezes fibrocimento. Parecem, mais recentes, os remates cerâmicos que acompanham os telhados de telha romana, ou telha de meia cana, por certo, em campanhas de obras posteriores. A expansão deste gosto na Madeira levou à sua industrialização, criando-se uma vasta coleção de tipos, que, se não atingem na sua maioria grande qualidade artística, pela sua variedade e multiplicidade, atingem uma muito interessante qualidade plástica e decorativa. Legenda: 1 – Cabeça de menino, antigo mercado do Porto Santo, 1920(c.). 2 – Pomba esvoaçante, Camacha, Porto Santo, 1960(c.). 3 – Galo, Azinhada de São Pedro, 1970(c.). 4 – Cabeça de senhora, Camacha, Lombo de Baixo, Faial, 1920(c.). 5 – Folha de acanto, Canhas, 1940(c.). 6 – Gato, Canhas, 1950(c.). Rui Carita Professor da UMa

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