Xavier Miguel lança a obra BRUXAS E DIABOS

Xavier Miguel lança a obra BRUXAS E DIABOS

O Colégio dos Jesuítas do Funchal recebe, às 18:30 do 13 de setembro, o lançamento de BRUXAS E DIABOS: FIGURAS DO MAL NA LITERATURA MADEIRENSE (SÉCULOS XX-XXI), o primeiro volume de uma nova coleção universitária.
Capa de BRUXAS E DIABOS: FIGURAS DO MAL NA LITERATURA MADEIRENSE (SÉCULOS XX-XXI) de Xavier Miguel, editado pela IMPRENSA ACADÉMICA.

Bruxas e Diabos: Figuras do mal na literatura madeirense (séculos XX-XXI) tem origem na dissertação de mestrado do autor, apresentada e defendida na Faculdade de Artes de Humanidades da Universidade da Madeira. É um estudo inovador realizado sobre seres do sobrenatural presentes na escrita narrativa de obras, tanto populares como eruditas, de autores madeirenses ou que abordam temas ligados ao arquipélago da Madeira.

A obra inclui textos de Helena Rebelo, de Rui Guilherme Silva e de Ana Isabel Moniz, sendo publicada no quadro da nova coleção ESTUDOS REGIONAIS E LOCAIS, numa iniciativa da Direção de Curso em Estudos Regionais e Locais do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Artes e Humanidades da UMa, da Câmara Municipal do Funchal e da Imprensa Académica.

A Imprensa Académica continua, assim, a valorização da produção científica da Universidade da Madeira e dos seus autores, professores ou alunos.

Esta obra pretende analisar a presença de figuras do mal – tal como as bruxas, as feiticeiras e os diabos –, nas narrativas populares e eruditas, comparando as diferentes formas como são representadas. Estes seres do mal estão profundamente enraizados no folclore e na cultura tradicional madeirense. Analisar todo este universo fantástico, relacionado com as crenças e superstições de uma região, é também uma forma de estudar as características da identidade regional.

O autor explica assim a sua motivação e interesse: «A temática do misterioso e da crença sempre me fascinou, e senti ser cativante para muitas pessoas. Aliando esta ideia à minha paixão pela Literatura Popular e Tradicional, decidi usar este estudo para aprofundar esta questão, e perceber o que existe de trabalho feito em torno desta temática, uma vez que as figuras da superstição apresentam conflitos e elementos sobrenaturais que assentam fundamentalmente na projeção e representação do subconsciente individual e coletivo através dos medos, crenças e anseios.»

O autor fez um levantamento do tema num corpus obras de autores madeirenses ou afetos ao arquipélago da Madeira, de obras publicadas desde o início do século XX até aos nossos dias. Estas figuras em estudo têm vindo a ser associadas ao mal, desde sempre em crenças baseadas na superstição e alimentadas pelo medo e pela ignorância.

Uma viagem à Madeira de 1840

Giuseppe Abate, mestre em Linguística na UMa, traduziu e reviu, para o português moderno, obras sobre a Madeira do século XIX da autoria de visitantes estrangeiros. Uma delas foi editada em 2023 pela IMPRENSA ACADÉMICA, uma das editoras da ACADÉMICA DA MADEIRA.

Em relação às bruxas e às feiticeiras, pode-se dizer que o imaginário erudito e popular teve dificuldades em compreender as mulheres que fugiam a um padrão de submissão e de comportamento e, por isso, tendeu a caracterizá-las assim. Xavier Miguel explica: «Não apenas o imaginário coletivo as marginalizou, mas principalmente o poder político e religioso, instrumentalizando a crença com objetivos de controlo social, particularmente no tempo do Tribunal do Santo Ofício». E comparando-as com o diabo, ainda acrescenta: «Uma vez que o diabo é uma das invenções mais caricatas da igreja católica, criado com claros objetivos pedagógicos, ao passo que as bruxas são mulheres com… M grande».

Se a história condenou figuras como estas às fogueiras e à demonologia, a literatura, por outro lado, deu-lhes guarida, abrigou-as no seu seio e alimentou-as, deixando-as crescer e adquirir novos contornos e características, povoando, assim, o imaginário humano de fantasia, juntamente com a superstição e a crença que pairam sobre elas.

Xavier Miguel nasceu na Madeira em 1993. Começou a sua formação nas artes de palco, no Conservatório – Escola Profissional das Artes da Madeira Eng. Luiz Peter Clode. Após esta formação, foi para o Porto, para fazer a licenciatura em Teatro na Escola Superior de Música e Artes do Porto. De volta à Madeira, fez o mestrado em Estudos Regionais e Locais na Universidade da Madeira. Define-se como «um artista de rua» e fundou, em 2011, o Teatro Bolo do Caco. Como explica o autor: «A Literatura desde sempre foi uma grande paixão minha, em paralelo com o teatro, e ao longo do meu percurso estas duas áreas têm-se cruzado algumas vezes.»

Xavier Miguel tem também trabalhado no TEF – Teatro Experimental do Funchal em diversas produções, na RTP-Madeira como apresentador e na Companhia de Teatro Viv’Arte. É autor de algumas peças de teatro infantojuvenil representadas em várias partes do país, bem como uma várias peças espetáculos de rua. No âmbito do Teatro Bolo do Caco, adaptou para o formato de novela radiofónica os romances A Mão de Sangue de João Augusto de Ornelas e Os Mistérios do Funchal de Ciríaco de Brito Nóbrega. Escreveu ainda a série “Estórias do Estupor” produzida pelo Canal NaminhaterraTV.

A coleção ESTUDOS REGIONAIS E LOCAIS surge da intenção partilhada de promover a investigação produzida na Universidade da Madeira, no caso particular da perspetiva pluridisciplinar e ampla do domínio dos estudos regionais e locais. Com o propósito de apresentar ao leitor alguns trabalhos realizados no quadro do mestrado em Estudos Regionais e Locais, a direção do curso, a Câmara Municipal do Funchal e a Imprensa Académica uniram esforços para materialização desta intenção através de uma série de publicações em livro.

Criado em 2009, o mestrado em Estudos Regionais e Locais, da Faculdade de Artes de Humanidades da Universidade da Madeira, tem formado profissionais que atuam em diversas áreas do saber como a História, a Economia, o Turismo, a Geologia, a Cultura, as Artes, o Património, a Linguística e a Literatura. A coleção ESTUDOS REGIONAIS E LOCAIS retrata esta riqueza temática, conjugada com a qualidade da investigação produzida, que passa a estar mais acessível aos leitores do mundo lusófono.

Timóteo Ferreira
ET AL.
Com imagem da capa da obra.

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