Das recolhas de Alfredo Vieira de Freitas (1908-1993) e dos seus alunos, feitas na ilha da Madeira em meados do século XX, destacam-se Era uma vez… na Madeira. Lendas, contos e tradições da nossa terra (1964) e Continhos Populares Madeirenses (1988). São estes últimos que a Associação Académica da Universidade da Madeira, numa edição de 2023, agora apresenta, ilustrada por Tiago Pinto. Esta contribui para a divulgação das recolhas populares, orais e tradicionais madeirenses do autor, valorizando-as ao mostrar o seu interesse sociocultural, enquanto património linguístico-etnográfico da Madeira.
CONTINHOS POPULARES MADEIRENSES é fruto de mais de meio século de recolhas orais do rico folclore madeirense feitas pelo autor. Alfredo Vieira de Freitas é como se fosse um dos irmãos Grimm – famosos folcloristas alemães do século XVIII – madeirense.
A importância dos instrumentos tradicionais
“A Região Autónoma da Madeira é uma das regiões com maior diversidade musical e cultural, onde as tradições ainda se mantêm vivas…’’ A história de um país escreve-se não só sobre as suas conquistas, mas também sobre a sua arte, pois, como disse Simone de Beauvoir, é na arte que
Antropologia
“A História sempre mostrou que qualquer ação humana tem consequências.” O Ser humano sempre teve a vontade (necessidade?) de dominar, controlar,
Como indica o título, são pequenas narrativas (contos) como aquelas que todos têm a memória de ouvir às nossas mães e pais, avós e avôs, vizinhas e vizinhos, e que vêm sendo passadas de geração em geração. São história escritas num estilo simples, embora com a presença de “muitas expressões de sabor antigo” e construções que “fazem lembrar Fernão Lopes, Gil Vicente e outros clássicos”, sobrevivências na linguagem popular devido ao isolamento de algumas zonas da Madeira e da sua condição insular, com frisou a investigadora da Universidade da Madeira, Naidea Nunes. É um património imaterial da cultura madeirense e nacional.
Tiago Pinto é um artista visual que desenvolve temáticas do quotidiano urbano e rural. É licenciado em Artes Visuais pela Universidade da Madeira e atualmente frequenta o Mestrado em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Já foi premiado nos concursos Criarte’19, Criarte’21 e no concurso Novos Talentos FNAC 2023. Participou em várias exposições coletivas, incluindo “O que aconteceu à cenoura?” (2022), no Salão Nobre do Teatro Municipal, no Funchal, e “Hammer Time” (2023) na Galeria Zaratan, em Lisboa.
Timóteo Ferreira
ET AL.
Com fotografia da capa ilustrada por Tiago Pinto.