A música é uma vocação para muitos. Porém, construir uma carreira nesse meio é um desafio sobretudo num mercado pequeno como é o do nosso país e os desafios trazidos pelas novas tecnologias. A instabilidade financeira e a necessidade de adaptação tornam essencial a resiliência dos músicos. Apesar das diversas carreiras possíveis no mundo do espetáculo musical, muitos acumulam funções devido à precariedade das profissões neste nicho cultural.
Os músicos podem atuar como professores, maestros, compositores, membros de bandas ou orquestras, organizadores de eventos ou músicos independentes. A maioria deseja atuar e viver da sua arte, mas o ensino surge como uma alternativa estável. A realidade do setor empurra muitos para múltiplas outras ocupações, combinando a criação musical com atividades complementares para garantir sustento.
Com a digitalização, surgem novas oportunidades e desafios. As redes sociais e outros meios de comunicação permitem que artistas alcancem maior visibilidade, enquanto a música de rua continua a ser um espaço autêntico de expressão. Mas será que todas essas funções permanecerão no futuro? O desejo de criar música sempre existirá, mas o mercado exige adaptação constante.

FATUM voltam ao Colégio dos Jesuítas no sábado
Sábado, 28 de janeiro, às 21:00, o Colégio dos Jesuítas do Funchal receberá os FATUM, o grupo de fados da ACADÉMICA DA MADEIRA, numa atuação que se espera ter centenas de pessoas.

Há fados nos Jesuítas
Depois de uma atuação que encheu o Teatro Municipal de Baltazar Dias, em abril, os FATUM regressam ao Colégio dos Jesuítas
Na Madeira, organizar eventos é um desafio. O público está habituado a consumir cultura gratuitamente e a preferir os grandes arraiais. Isso dificulta a valorização de projetos independentes, exigindo inovação dos organizadores para garantir espaço a novas propostas musicais.
Assim como o desporto, a música pode ser uma ferramenta de bem-estar. Estudantes de qualquer área beneficiam da disciplina, criatividade e resiliência adquiridas na aprendizagem musical. Muitos ainda defendem que tocar um instrumento envolve o emocional, o intelectual e a relação física entre o que pensamos e sentimos. Esse processo torna a música um exercício profundo de autodescoberta.
A pressão e a competitividade no meio musical são enormes. Como disse Pedro Abrunhosa, no documentário Viagens, “um artista tem sempre de conquistar o seu público”. O sucesso não depende apenas do talento, mas também da capacidade de cativar e criar conexão com a audiência.

A minha experiência num Serviço Voluntário Europeu de curta duração
Quando decidi fazer um SVE, foi algo que começou por ser uma curiosidade, com o intuito de me divertir, conhecer pessoas de outros países e culturas e ter uma oportunidade

Papel da música no desenvolvimento humano
Sabe-se também que a exposição precoce à música além de facilitar a emergência de talentos, contribui para a construção de um
O consumo de música mudou com as plataformas digitais. O acesso facilitado trouxe novas oportunidades, mas também dificuldades para os artistas, que enfrentam remunerações injustas e a necessidade de se adaptar a um mercado cada vez mais voltado para músicas curtas e virais.
Em relação à língua, os artistas portugueses tendem a cantar em inglês para alcançar mercados internacionais. Mais recentemente, o espanhol ganhou espaço devido à influência da música latina. Outras línguas, porém, ainda são pouco exploradas, limitando a diversidade cultural na música contemporânea.
Apesar dos desafios, a música continua a ser uma forma essencial de expressão e identidade. Cabe aos músicos e às estruturas culturais garantir que essa vocação possa ser sustentável e reconhecida.
Francisco Afonseca
Secção de Política do Ensino Superior da ACADÉMICA DA MADEIRA
Com fotografia de Priscilla du Preez.