Eduardo Barroso, no seu artigo de opinião publicado no Diário de Notícias, aborda de forma crítica o papel da Ordem dos Médicos (OM) nas questões relacionadas com a formação médica e a qualidade dos serviços de saúde. O médico revela que foi convidado a subscrever uma carta intitulada “Pela Qualidade dos Cuidados, da Medicina e do SNS”, mas recusou devido à falta de “autocrítica” e ao tom que considera desajustado. Segundo o cirurgião, “a OM tem responsabilidades óbvias” na situação atual do Serviço Nacional de Saúde (SNS), incluindo falhas na manutenção das carreiras médicas e na defesa de melhores condições para os jovens especialistas.
O médico acusa a OM de ter sido demasiadamente corporativa ao longo das últimas décadas, sem demonstrar proatividade nas necessárias mudanças. Aponta que a Ordem não propôs “modelos organizacionais multidisciplinares” ou soluções concretas para enfrentar problemas estruturais, como a fuga de médicos para o setor privado. Nesse contexto, defende que a OM deve abrir um “grande debate entre os médicos e a sociedade civil”, desprovido de influências partidárias ou ideológicas, para realmente contribuir para a melhoria do SNS.

SNS perde mais de 300 médicos internos
A contínua saída de médicos internos do SNS deixa centenas de vagas por preencher, ameaçando a qualidade dos cuidados de saúde em áreas essenciais.

European Partnership for Personalized Medicine
A EP PerMed lançou o concurso PGxPM2025, destinado a financiar projetos transnacionais de investigação em estratégias farmacogenómicas para Medicina Personalizada.
Eduardo Barroso destaca ainda a importância de reformar a formação médica, melhorando os exames e concursos, e de criar condições que retenham profissionais no SNS. O médico acredita que a OM deveria liderar o combate à “competição completamente desleal dos privados”, impondo regras que protejam os investimentos do Estado na formação médica. Critica também a ausência de propostas para modernizar o regime de trabalho hospitalar, um tema que, no seu entender, é crucial para assegurar a qualidade dos cuidados prestados.
De acordo com o médico, existe a necessidade urgente de ações concretas e medidas exequíveis por parte da OM. Sublinha, no artigo, que a qualidade da formação médica e a eficácia das equipas hospitalares têm vindo a deteriorar-se, como exemplifica com a diminuição drástica no número de operações realizadas por dia. Para ele, a OM deve encarar estas questões com seriedade e propor mudanças estruturais que possam beneficiar não apenas os profissionais de saúde, mas também a sociedade como um todo.
Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Maxim Tolchinskiy.