A taxa de desistência do Ensino Superior atingiu um máximo em 2022-2023

A taxa de desistência do Ensino Superior atingiu um máximo em 2022-2023

Os dados divulgados pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), no mês passado, indicam que entre 2015 e 2023, o ensino superior verificou um máximo no último ano letivo.

Os dados publicado no portal Infocursos, da DGEEC, mostram que, em 2022-2023, mais de 6 mil cursos foram lecionados em 282 estabelecimentos de ensino superior no nosso país.

A taxa de abandono dos estudantes de licenciatura em Portugal, nesse ano, subiu para 11,10%, o valor mais alto dos últimos oito anos, segundo a DGEEC e representa uma tendência preocupante que tem sido observada consecutivamente desde 2019-2020.

Nos cursos técnicos superiores profissionais (CTeSP), a situação é ainda mais alarmante, com a taxa de desistência a atingir 26,9% no mesmo ano letivo.

Novas medidas de apoio ao Ensino Superior

Mensalmente, a ACADÉMICA DA MADEIRA tem um espaço de opinião no JM Madeira. Ricardo Freitas Bonifácio, Presidente da Direção da ACADÉMICA DA MADEIRA, escreveu sobre as recentes medidas do governo.

Enquanto a taxa de abandono escolar aumentou 1,5 pontos percentuais em 2023, quebrando uma tendência de diminuição desde 2017, a taxa de desistência nos mestrados integrados, após o primeiro ano, recuou para 3,6% em 2022-2023. Nos mestrados de 2.º ciclo, a taxa de desistência está a diminuir há dois anos consecutivos.

Entre os fatores que têm contribuído para esta tendência, estão a crise pandémica e a inflação que pressionam os orçamentos familiares e a sua capacidade em apoiar os estudantes a prosseguir os seus estudos. A estes, junta a crise na habitação, que se reflete também no alojamento estudantil.

Paralelamente, a mudança de curso ou estabelecimento de ensino tem vindo a aumentar. Em 2022-2023, a taxa de alunos que mudaram de licenciatura ou mestrado integrado foi de 10%, o nível mais elevado desde 2015-2016 e 2019-2020, respetivamente. Esta tendência é semelhante nos cursos técnicos superiores profissionais, que registaram uma queda em 2021-2022, mas voltaram a subir no último ano.

Nos mestrados de 2.º ciclo, a taxa de mudança de curso ou faculdade diminuiu ligeiramente para 3,2% em 2022-2023, uma redução de 0,1 pontos percentuais em relação ao ano anterior.

Os dados oficiais também revelam que quatro em cada dez alunos (40,1%) ingressam na primeira opção do concurso nacional de acesso ao ensino superior público. Cerca de 14,2% entram através da segunda opção e 17,3% por outras modalidades do regime geral de acesso. Apenas 5,5% dos estudantes entram através de provas específicas para maiores de 23 anos.

Para o ano letivo de 2024-2025, serão disponibilizadas 55.166 vagas para universidades e politécnicos do Estado, um aumento de 158 vagas (0,29%) em relação ao ano anterior, estabelecendo um novo recorde no âmbito do concurso nacional de acesso ao ensino superior. O ISCTE, em Lisboa, lidera o aumento de vagas, com mais 138 lugares disponíveis em comparação com 2023.

Esta situação desafiante sublinha a necessidade de políticas eficazes para apoiar os estudantes, combater a desistência e facilitar a continuidade dos estudos no ensino superior em Portugal.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Bernard Hermant.

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