O espírito em Medicina passava por: “se fossemos para Lisboa, sempre saíamos deste «buraco»”. Tudo mudou.

O espírito em Medicina passava por: “se fossemos para Lisboa, sempre saíamos deste «buraco»”. Tudo mudou.

Em outubro de 2004, começavam as aulas de Medicina na Madeira e nem todos estavam felizes com o novo curso. Vinte anos depois, e mais de meio milhar de estudantes formados, o espírito é de orgulho, de felicidade e de união.
Finalistas do curso de Medicina da Faculdade de Ciências da Vida da Universidade da Madeira, no Colégio dos Jesuítas do Funchal, a 8 de junho de 2024.

Em outubro de 2004, o Diário de Notícias da Madeira noticiava o início do curso de Medicina, após a necessária aprovação governamental, ainda que com a oposição da Ordem dos Médicos, “contra a instituição do curso”. Foram 35 estudantes que, no Campus Universitário da Penteada, começaram um percurso que, na atualidade, é considerando como um caso de sucesso.

Marisol Correia, caloira do curso há 20 anos, confessava ao matutino madeirense que a Universidade da Madeira (UMa) foi a sua primeira opção, “embora pudesse ter concorrido para outra universidade, pois com a média que teve (18,13 valores) conseguiria entrar”.

Continuando em outubro de 2004, Sofia Silva indicava que “se fossemos para Lisboa, sempre saíamos deste «buraco»”, referindo que, apesar de gostar da UMa, “gostaria de estar na capital portuguesa”, como escreveu a jornalista Sónia Gonçalves do Diário de Notícias da Madeira. Ainda assim, a jovem estudante reconhecia a responsabilidade que afirmava ter para não defraudar as expetativas da UMa, que fizera “um investimento tão grande para nós”.

O sentimento de alegria pela colocação da Madeira não era unânime, como é normal e como continua a acontecer, principalmente com os estudantes deslocados perante algum choque em ingressar no arquipélago madeirense. Como a ET AL. noticiou, em 2024 são muitas as vozes, institucionais e estudantis, que clamam as qualidades que o curso possui na Madeira.

A Cerimónia da Bata Branca, a 8 de junho, contou com várias intervenções que se estenderam por quase uma hora. Além de professores da Faculdade de Ciências da Vida da UMa, o púlpito da Sala dos Atos Padre Leão Henriques contou com a intervenção do Reitor da UMa e do Secretário Regional que tutela a saúde na Madeira. O destaque, além dos apelos para o espírito humanista da profissão, foram, de ambos os dirigentes, no sentido da aguardada expansão do curso de Medicina.

Foi “um dia de festejo, de celebração”, referiu Sílvio Fernandes, Reitor da UMa, apelando aos futuros médicos de que “tivessem consciência que têm que estar bem convosco” pois “não podem dar aos outros aquilo que não têm”. O dirigente da UMa recordou que integrava a equipa reitoral de Rúben Capela, reitor entre 2000 e 2004, quando o projeto de Medicina na UMa foi lançado no início do século. “Era um projeto ambicioso, hoje continua a ser um projeto ambicioso” que só estará completo “quando tivermos o ciclo de Medicina na Universidade da Madeira”.

Conferência proferida por Jaakko Kaprio

Nature vs. nurture: explaining the relationship of physical activity with health – Jaakko Kaprio | 21 de abril de 2022 – anfiteatro n.º 2 (Campus da Penteada, Piso -2) –

Recorde-se que, em 2023, Pedro Ramos, que tem a pasta da saúde no Governo Regional, referiu que o curso completo de Medicina na UMa será uma realidade nos próximos anos. O governante, na assinatura do contrato-programa com a universidade em 2023, no âmbito do Ciclo Básico do Mestrado Integrado em Medicina, referiu que “um dos instrumentos que vão contribuir para que estes quarto e quinto anos sejam uma realidade é quando tivermos o novo hospital”, obra que deverá estar concluída em 2027.

Ao longo dos seus anos de funcionamento, 573 alunos estudaram Medicina na UMa, de acordo com os dados divulgados em agosto de 2022. Em 2021, o 3.º ano foi iniciado e, ainda nesta década, o governo pretende ter o curso completo, considerando que o 6.º ano é realizado por vários estudantes na Madeira. Nos próximos cinco anos, o apoio regional ao curso da UMa totalizará 960 mil euros.

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O reitor destacou que, “nos momentos de transição do ensino secundário e do ensino superior”, a existência de instituições de Ensino Superior na áreas de residência dos estudantes confere um apoio importante para a fase de mudança. Sílvio Fernandes realçou que o projeto de Medicina na UMa fará da Madeira um centro de referência, referindo que “tem lutado imenso como madeirense”, “desde a fundação da Universidade da Madeira para que a Universidade ganhe dimensão, que seja qualitativamente reconhecida como tal e que seja considerada um exemplo”.

Luís Eduardo Nicolau
ET AL.
Com fotografia de Henrique Santos.

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