A calçada madeirense como nunca foi lida, vista e compreendida

A calçada madeirense como nunca foi lida, vista e compreendida

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A obra CALÇADA MADEIRENSE: BORDADOS EM PRETO E BRANCO de João Baptista Silva, José Luís Freitas e Celso Gomes foi apresentada ao público em março, numa edição da IMPRENSA ACADÉMICA, chancela editorial da ACADÉMICA DA MADEIRA, e da Acordo Heroico.

O tratuário, do francês trottoir, é o substantivo masculino que diz respeito a parte da rua destinada aos peões. Em novembro de 2015, no artigo “Tratuário” publicado pela IMPRENSA ACADÉMICA, a investigadora Aline Bazenga indicava o vocábulo como integrante do léxico regional madeirense. É o património cultural, em particular o geológico, que foi tratado em CALÇADA MADEIRENSE: BORDADOS EM PRETO E BRANCO, pela mão de três investigadores portugueses. Chegou, recentemente, ao cenário editorial nacional, numa edição bilíngue, em Português e Inglês.

Ao longo de 340 páginas, ricamente ilustradas com fotografias de exemplares da calçada madeirense, incluindo várias imagens aéreas da autoria da Salvador Freitas, além de esquemas da autoria de José Luís Freitas, a obra trata do seu objeto enquanto amostra da geodiversidade do arquipélago, em adição ao seu papel no registo histórico e cultural da ilha.

Segundo João Baptista, em declarações ao Diário de Notícias da Madeira, a “calçada madeirense constitui uma autêntica referência histórica e patrimonial do Arquipélago da Madeira e representa bem a singularidade em termos de geodiversidade dos territórios insulares respetivos”. Alertou, contudo, que essa calçada é, por vezes, confundida com a calçada portuguesa, mesmo sendo distinta em vários aspectos como na sua composição. Explicou o autor que a calçada madeirense é composta, essencialmente, por pedra rolada, seixo ou calhau, e pedra navalheira, sendo essa composição particular o fator distintivo perante qualquer outro tipo de calçada.

Outro propósito da obra é a sua missão didática e prática para os profissionais da calcetaria, individuais e coletivos, sendo também um tributo para a profissão e difusão dessa arte que merece ser preservada e transmitida como vários mestres calceteiros fizeram ao longo de séculos. Como explicou João Baptista, ao Diário de Notícias da Madeira, vários mestres saíram da Madeira para diferentes pontos do globo levando a arte de “bem conceber e construir pavimentos com elementos pétreos rolados recolhidos em praias, desde a descoberta do chamado Novo Mundo“.

Em nota da IMPRENSA ACADÉMICA sobre a obra, é indicado que os autores “realçam a mestria dos executantes desta arte surpreendente, os calceteiros que transportam para os pavimentos a simetria calculada matematicamente, debruçando-se sobre os motivos e os padrões que surgem nas calçadas do arquipélago ou nas que, usando os mesmos materiais, se encontram espalhadas pelo Mundo”.

Na apresentação, realizada no Salão Nobre da Assembleia Legislativa Regional, o Presidente do parlamento regional, felicitando os autores, referiu que a obra “passa a ser uma referência na divulgação do nosso património cultural, em particular do património geológico”. Enaltecendo o contributo para a investigação científica, o Secretário Regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, frisou que o livro “convida a população a conhecer mais a sua história”, numa representação “de pedra de toda a nossa identidade. Uma representação que não se gasta e que se for bem cuidada perdurará por muitos e muitos séculos”.

João Baptista Pereira Silva é engenheiro geológico e doutor em geociências pela Universidade de Aveiro; José Luís De Gouveia Freitas, falecido recentemente, era professor de Matemática, investigador e divulgador científico, sobretudo junto da comunidade escolar; e Celso De Sousa Figueiredo Gomes é investigador e professor catedrático aposentado da Universidade de Aveiro.

Luís Eduardo Nicolau
ET AL.

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