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Luís Eduardo Nicolau

Sentes que um tempo acabou? Para quase cinco centenas de estudantes, sim!

No sábado, às 21:00, o Colégio dos Jesuítas do Funchal recebe o primeiro evento do CARUNCHO, as festividades que celebram o final do curso de centenas de finalistas da Universidade da Madeira, da Universidade Aberta e da Escola Superior de Enfermagem de São José de Cluny. A entrada, como habitual, é gratuita. “Sentes que um tempo acabou”? O primeiro verso da “Balada de Despedida do 5.º Ano do Jurídico de 1988-1989” é o que muitos estudantes sentem neste momento. Entre o alívio, a ansiedade, o medo, a alegria, a tristeza e tantos outros sentimentos, o final do ano letivo não deve ser indiferente para qualquer finalista que termina o seu ciclo de estudos. A proposta que abre as festividades do CARUNCHO pretende, segundo Hélvio Nóbrega que integra a organização da ACADÉMICA DA MADEIRA, “reunir familiares e estudantes com o público habitual do sarau para celebração do fim desse ciclo”.É com esse espírito que a organização promove este sarau no Pátio dos Estudantes, esperando amplificar a projeção do evento e da canção dos estudantes no antigo colégio da Companhia de Jesus. Os temas do 3.º álbum dos FATUM, o TRIBUTO, regressam ao Colégio dos Jesuítas do Funchal, mas acompanhados de algumas canções melancólicas do fado de Coimbra para marcar a despedida dos finalistas. Já diz o famoso verso da balada de despedida apresentada em 1989, “fica a esperança de um dia aqui voltar”. Luís Eduardo Nicolau ET AL. Com fotografia de Pedro Pessoa.

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Uma estreia emocionante e intrigante de Malta

A grande festa de celebração do 5.º aniversário do Screenings Funchal continua com a película maltesa Luzzu (2021). Trata-se de uma das duas sugestões desta semana do Screenings Funchal, numa parceria com os Cinemas NOS, e com o apoio da ACADÉMICA DA MADEIRA. Será exibido na sexta, 10 de junho. Em particular para os clientes NOS, portadores do seu cartão, se forem acompanhados, têm 2 bilhetes pelo preço de 1. Se forem sozinhos, ao comprar 1 bilhete de cinema, têm a oferta de 1 menu pequeno de pipocas e bebida. Não há, portanto, desculpa para não aproveitar mais um momento de grande cinema que o Screenings Funchal proporciona. Premiada no Sundance Film Festival, na categoria “World Cinema Dramatic Special Jury Award: Acting”, o trabalho do realizado maltês americano Alex Camilleri, acumula a passagem por 22 festivais de todo o mundo. Além da distinção no festival americano, Luzzu tem outros quatro prémios, num total de 13 nomeações, também com destaque para Athens International Film Festival, onde venceu na categoria de melhor filme. O enredo do filme centra-se na história de um pescador maltês, Jesmark, que enfrenta grandes dificuldades para sobreviver pela degradação da indústria pesqueira. A alternativa que o protagonista encontra passa por operar no mercado ilegal, que, ainda assim, continua a comprometer a sustentabilidade do sector. Trata-se de um drama que trata de questões comuns aos pescadores: a redução da pesca pelo cenário de dificuldades ambientais, a competição das grandes embarcações suportadas pela indústria e a competição desleal. Segundo o portal Screen Daily, “a escolha de atores não profissionais nos papéis principais traz uma camada adicional de autenticidade” ao filme. Os pescadores que integram o filme “conhecem, claramente, o caminho não apenas dos barcos, mas também da história e mitologia que os cerca”. A sessão tem início sábado, às 21:00. Aqui pode consultar a antevisão do filme. Luís Eduardo Nicolau ET AL.

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Há fados nos Jesuítas

Depois de uma atuação que encheu o Teatro Municipal de Baltazar Dias, em abril, os FATUM regressam ao Colégio dos Jesuítas do Funchal, com o tradicional sarau. Na sexta-feira, 3 de junho, às 21:00, a Canção de Coimbra volta a ecoar pela antiga capela de Nossa Senhora de Belém. Como habitual, a entrada é gratuita e, num cenário mais seguro, não são necessários testes ou reserva antecipada de lugares, retornado ao sistema anterior à pandemia. O espetáculo tem duração aproximada de 45 minutos. Segundo Hélvio Nóbrega, que integra a organização da ACADÉMICA DA MADEIRA, “os saraus voltam à composição tradicional, não descuidando de outras medidas de segurança e de higiene que continuam implementadas no local e que visam assegurar a combinação de um bom espetáculo com a garantia da saúde do nosso público”. Artur Freitas, da ACADÉMICA DA MADEIRA, indicou a satisfação da organização em receber, com outra liberdade, o público dos saraus, esperando que “desfrutem de uma maré de paixões expressas através da música dos nossos fadistas”. Em 2012, a revista da ACADÉMICA DA MADEIRA, atualmente preservada no portal ET AL., noticiava a realização de uma monumental serenata no Colégio dos Jesuítas do Funchal. Nesse mesmo ano, o sucesso dos saraus de Coimbra obrigaram à realização periódica desses espetáculos que passaram a ser mensais e realizados no antigo colégio da Companhia de Jesus. No repertório desse espetáculo o destaque vai para os temas que integram o 3.º álbum, como “Trova do Vento que Passa“, sem descuidar outras músicas que surpreenderão e animarão o público como “Fado Corrido”, “Feiticeira”, “Tenho Barcos, Tenho Remos” e “Verdes Anos”. A noite não terá fim sem uma badala da despedida, como dita a tradição académica. Os FATUM, o grupo de fados da ACADÉMICA DA MADEIRA, foi fundado em 2010. Ao longo de mais de uma década recebeu dezenas de integrantes para afirmação e difusão da Canção de Coimbra na Madeira. Em 2014, editou FATUM, o seu primeiro álbum, seguindo-se FADO DE COIMBRA em 2018 e, recentemente, TRIBUTO, numa homenagem a vários nomes da música portuguesa. Mensalmente atuam no Colégio dos Jesuítas do Funchal, já tendo pisado vários palcos nacionais e internacionais. Luís Eduardo Nicolau ET AL.

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O génio provocador de Nagisa Oshima

Continua a celebração do 5.º aniversário do Screenings Funchal. De origem nipónica, sob a direção do realizador Nagisa Oshima (1932-2013), O Enforcamento (1968) centra-se num dilema moral sobre como tratar um sentenciado coreano que sobrevive à morte por enforcamento. O Enforcamento é uma das duas sugestões desta semana do Screenings Funchal, numa parceria com os Cinemas NOS, e com o apoio da ACADÉMICA DA MADEIRA. Será exibido no sábado, 4 de junho. Em particular para os clientes NOS, portadores do seu cartão, se forem acompanhados, têm 2 bilhetes pelo preço de 1. Se forem sozinhos, ao comprar 1 bilhete de cinema, têm a oferta de 1 menu pequeno de pipocas e bebida. Não há, portanto, desculpa para não aproveitar mais um momento de grande cinema que o Screenings Funchal proporciona. Shohei Imamura, colega de Nagisa Oshima, intitulava-o como um samurai, um militante modernista com gosto apurado para a crítica social. Em 2016, para assinalar o lançamento do filme no formato blue-ray, o The New York Times citava o crítico Tadao Sato que comparava a estratégia do realizador com o cenário de agitação dos anos 1960. Nas suas palavras, o filme “assemelhava-se ao interrogatório dialético dos alunos e dos professores sobre a responsabilidade”. Nascido em Kyoto, Oshima ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Kyoto nos anos 1950. Em 1954, logo após a conclusão do curso, entrou na Shochiku Company, uma prestigiada companhia nipónica de produção e distribuição de filmes e kabuki, uma forma de teatro, fundada em 1895 pelos irmãos Shirai Matsujiro e Otani Takejiro. Começando como assistente de direção, Oshima trabalhou com nomes sonantes como Hideo Ohba, Yoshitaro Nomura e Masaki Kobayashi. Foi o início de uma longa e prestigiada carreira cinematográfica que assistiu a êxitos como Império dos Sentidos (1978), indicado pelo Japão para concorrente na 51.ª edição dos prémios da Academia de Hollywood. Não foi, contudo, aceite para nomeação, ganhando, em 1978, o prémio de melhor realizador no Festival de Cannes. A The Criterion, que reeditou o trabalho em 2016, resume a obra como parte do “génio provocador de Nagisa Oshima, uma figura influente da nova onda japonesa da década de 1960″ tratando-se de “uma das suas declarações políticas mais surpreendentes com uma convincente sátira negra”. A sessão tem início sábado, às 21:00. Aqui pode consultar a antevisão do filme. Luís Eduardo Nicolau ET AL.

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O transe e o cinema

O realizador português Edgar Pêra estará no Funchal para uma sessão de perguntas com os cinéfilos, antecedendo a estreia da película Kinorama e abrindo a celebração do 5.º aniversário do Screenings Funchal. No início do ano o filme foi apresentado no Festival de Cinema de Roterdão. Foi em 1986, com o teledisco “Dunas”, dos GNR, que o realizador deu início a uma longa carreira no mundo das artes. Participou na direção de fotografia, no argumento, na montagem, na produção e na realização de dezenas de películas, durante quase 40 anos. Formado pela Faculdade de Psicologia de Lisboa, em 1981 esteve na Escola Superior de Teatro e Cinema. Kinorama é uma das duas sugestões desta semana do Screenings Funchal, numa parceria com os Cinemas NOS, e com o apoio da ACADÉMICA DA MADEIRA. Será exibido na sexta, 3 de junho. Em particular para os clientes NOS, portadores do seu cartão, se forem acompanhados, têm 2 bilhetes pelo preço de 1. Se forem sozinhos, ao comprar 1 bilhete de cinema, têm a oferta de 1 menu pequeno de pipocas e bebida. Não há, portanto, desculpa para não aproveitar mais um momento de grande cinema que o Screenings Funchal proporciona. Kinorama. Cinema Fora de Órbita, cuja primeira versão foi apresentado em 2019, novamente no Festival de Cinema de Roterdão, é um filme no formato tridimensional que trata a relação do transe com a experiência cinéfila. A sua narrativa começa com a saída de órbita do cinema, com exceção da versão em três dimensões. Como explicou o realizador, é um filme auto-reflexivo “resultado de uma década de investigação no formato estereoscópico, o capítulo final do filme-dissertação de doutoramento O Espectador Espantado. Aborda temas como tempo e realidade, manipulação e liberdade, cinema 3D e para além”. A sessão tem início às 21:00. Aqui pode consultar a antevisão do filme. Luís Eduardo Nicolau ET AL.

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O mundo gira e pouco ou nada muda com o Orçamento

O chumbo de novembro, no Orçamento do Estado (OE) para 2022, provocou eleições e trouxe a discussão para abril e maio, num cenário condicionado pela guerra e pela inflação. Na maratona de votação, ontem e hoje pela madrugada, a oposição não viu aprovada, pelo Partido Socialista (PS), praticamente nenhuma medida com impacto orçamental. Há, contudo, notícias parcialmente boas na votação do OE para os assuntos relativos ao ensino superior. O valor das propinas será congelado, de acordo com uma proposta do PS, aprovada ontem na votação do Orçamento: “no ano letivo de 2022-2023, nos ciclos de estudos conferentes de grau superior e nos cursos técnicos superiores profissionais das instituições de ensino superior público, o valor das propinas em cada ciclo de estudos não pode ser superior ao valor fixado no ano letivo de 2021-2022 no mesmo ciclo de estudos”. A proposta teve os votos favoráveis do PS, do Partido Comunista Português (PCP) e do Pessoas–Animais–Natureza (PAN), os votos contra do Partido Social-Democrata (PSD) e da Iniciativa Liberal (IL) e a abstenção das restantes forças. A notícia é parcialmente boa porque parece não existir reforço do orçamento das instituições para colmatar a perda de receitas das universidades e, consequentemente, o prejuízo indireto que continuará a afetar os estudantes e a restante comunidade. Pelo contrário, a continuação de uma dotação insuficiente, combinada com a inflação, acentuará a situação orçamental difícil que a Universidade da Madeira continua a experimentar. O tema foi tratado em várias intervenções do Dia da Universidade e será um assunto que a ET AL. irá desenvolver nas próximas semanas. Ainda na área do Ensino Superior, os deputados aprovaram a extensão, no ano letivo 2022-2023, do valor mínimo de 495 euros para as propinas nos ciclos de estudos conferentes de grau superior. Em fevereiro deste ano, foi notícia que os estudantes têm quase 40 milhões de euros de propinas em atraso, num cenário que piorou com a crise pandémica. Nas restantes propostas, a intenção da IL, para antecipar os resultados da atribuição de bolsas de estudo no Ensino Superior, foi chumbada. Era vontade da IL que os candidatos soubessem, aquando da sua candidatura, se seriam beneficiários da ação social, antecipando os resultados das bolsas. Foi aprovada uma proposta do PAN “com vista a assegurar a melhoria da resposta de alojamento no ensino superior, durante o ano de 2022”, instruindo o governo a elaborar e a divulgar “um relatório nacional sobre a qualidade do alojamento no ensino superior”. O PCP viu rejeitada a sua proposta para que, a partir do ano letivo 2022-2023, “as escolas não agrupadas e agrupamentos de escolas, incluindo as escolas ao abrigo dos contratos de associação, de patrocínio e de cooperação, e as instituições do ensino superior público procedem à distribuição gratuita de produtos de higiene menstrual, descartáveis ou reutilizáveis”. Tal como o Bloco de Esquerda que recebeu chumbo do PS para sua intenção de oferta de produtos de recolha menstrual nas universidades. Na sua primeira audição parlamentar no início de maio, a titular da pasta do ensino superior, Elvira Fortunato, prometeu rever o modelo de financiamento do ensino superior, considerando que a forma atual “não é a mais justa”. Não será, contudo, nada tratado no OE deste ano. Luís Eduardo Nicolau ET AL.

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“O que pode a poesia para o conhecer e tornar mais justo?”

FÁBULAS, de João Cabral do Nascimento, é o n.º 11 da coleção ILUSTRES (DES)CONHECIDOS, com a edição literária e o posfácio de Ana Salgueiro, além do prefácio de Catarina Claro. Trata-se, de acordo com a editora literária, do “último livro integralmente constituído por poemas inéditos de Cabral do Nascimento”. Quem foi Cabral do Nascimento? Atualmente, o cronista, poeta e ficcionista madeirense está esquecido por tantos madeirenses, tal como a maioria dos autores que não integram o cânone imposto nos currículos das escolas. Não é, contudo, falta de trabalho de vários investigadores, como a responsável pela edição literária e investigadora colaboradora no CIERL-UMa, o Centro de Investigação em Estudos Regionais e Locais Universidade da Madeira. Esse centro de investigação tem sido um dos impulsionadores da produção contemporânea sobre Cabral do Nascimento, executando várias iniciativas, em diversos campos, para promoção e estudo do autor madeirense. Em abril, Filipe Crawford, neto de Cabral do Nascimento, encenou e protagonizou o espetáculo Cabral do Nascimento – O Meu Avó, no Teatro Municipal de Baltazar Dias. Numa parceria com a Câmara Municipal do Funchal, a peça esteve no palco da Casa da Cultura madeirense durante dois dias. Em declarações à RTP, Filipe Crawford, referia que a encenação tentava “traçar a biografia do avó, do ponto de vista do afeto e da família”. Como foi divulgado em nota da IMPRENSA ACADÉMICA, João Cabral do Nascimento nasceu a 22 de março de 1897, no Funchal, cidade onde fez os estudos liceais e onde iniciou o seu percurso literário, ao colaborar regularmente na imprensa periódica local. Na Madeira, foi um dos mais relevantes tradutores portugueses do séc. XX e um dos fundadores do Arquivo Distrital do Funchal. Um “inadjetivável” foi como o escritor Vasco Graça Moura citou, em 2003, a classificação que Fernando Pessoa terá atribuído ao madeirense. Depois de publicar as obras de José Viale Moutinho, de João França, de Ricardo Nascimento, de Luzia, de Ciríaco de Brito Nóbrega, de João Augusto de Ornelas e de João dos Reis Gomes, o 8.º autor da coleção ILUSTRES (DES)CONHECIDOS é Cabral do Nascimento. A edição de FÁBULAS, como refere a chancela da ACADÉMICA DA MADEIRA, contou com o apoio da Câmara Municipal do Funchal, através dos apoios ao associativismo. Na segunda quinzena de maio estará disponível na Bertrand, tanto nas lojas como no seu portal de vendas eletrónico, na Fnac, na WOOK, na Gaudeamus e nas principais livrarias da região e do país. A IMPRENSA ACADÉMICA refere que tem trabalhado a coleção com os “docentes das escolas, para permitir que os autores madeirenses integrem os currículos e, dessa forma, que os jovens tenham acesso a um conteúdo local e regional que, no passado, estava mais distante das salas de aulas. Sem descuidar a vertente comercial, para que as edições tenham viabilidade, a componente pedagógica é uma prioridade” para a editora. De recordar que, em 2015, Ana Salgueiro e Paulo Miguel Rodrigues coordenaram e organizaram CABRAL DO NASCIMENTO. ESCREVER O MUNDO POR DETRÁS DE UM MONÓCULO E A PARTIR DE UM FAROL, um conjunto de estudos, da autoria de diversos investigadores, sobre o poeta madeirense. Luís Eduardo Nicolau ET AL. Imagem do acervo da DRABM.

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A calçada madeirense como nunca foi lida, vista e compreendida

A obra CALÇADA MADEIRENSE: BORDADOS EM PRETO E BRANCO de João Baptista Silva, José Luís Freitas e Celso Gomes foi apresentada ao público em março, numa edição da IMPRENSA ACADÉMICA, chancela editorial da ACADÉMICA DA MADEIRA, e da Acordo Heroico. O tratuário, do francês trottoir, é o substantivo masculino que diz respeito a parte da rua destinada aos peões. Em novembro de 2015, no artigo “Tratuário” publicado pela IMPRENSA ACADÉMICA, a investigadora Aline Bazenga indicava o vocábulo como integrante do léxico regional madeirense. É o património cultural, em particular o geológico, que foi tratado em CALÇADA MADEIRENSE: BORDADOS EM PRETO E BRANCO, pela mão de três investigadores portugueses. Chegou, recentemente, ao cenário editorial nacional, numa edição bilíngue, em Português e Inglês. Ao longo de 340 páginas, ricamente ilustradas com fotografias de exemplares da calçada madeirense, incluindo várias imagens aéreas da autoria da Salvador Freitas, além de esquemas da autoria de José Luís Freitas, a obra trata do seu objeto enquanto amostra da geodiversidade do arquipélago, em adição ao seu papel no registo histórico e cultural da ilha. Segundo João Baptista, em declarações ao Diário de Notícias da Madeira, a “calçada madeirense constitui uma autêntica referência histórica e patrimonial do Arquipélago da Madeira e representa bem a singularidade em termos de geodiversidade dos territórios insulares respetivos”. Alertou, contudo, que essa calçada é, por vezes, confundida com a calçada portuguesa, mesmo sendo distinta em vários aspectos como na sua composição. Explicou o autor que a calçada madeirense é composta, essencialmente, por pedra rolada, seixo ou calhau, e pedra navalheira, sendo essa composição particular o fator distintivo perante qualquer outro tipo de calçada. Outro propósito da obra é a sua missão didática e prática para os profissionais da calcetaria, individuais e coletivos, sendo também um tributo para a profissão e difusão dessa arte que merece ser preservada e transmitida como vários mestres calceteiros fizeram ao longo de séculos. Como explicou João Baptista, ao Diário de Notícias da Madeira, vários mestres saíram da Madeira para diferentes pontos do globo levando a arte de “bem conceber e construir pavimentos com elementos pétreos rolados recolhidos em praias, desde a descoberta do chamado Novo Mundo“. Em nota da IMPRENSA ACADÉMICA sobre a obra, é indicado que os autores “realçam a mestria dos executantes desta arte surpreendente, os calceteiros que transportam para os pavimentos a simetria calculada matematicamente, debruçando-se sobre os motivos e os padrões que surgem nas calçadas do arquipélago ou nas que, usando os mesmos materiais, se encontram espalhadas pelo Mundo”. Na apresentação, realizada no Salão Nobre da Assembleia Legislativa Regional, o Presidente do parlamento regional, felicitando os autores, referiu que a obra “passa a ser uma referência na divulgação do nosso património cultural, em particular do património geológico”. Enaltecendo o contributo para a investigação científica, o Secretário Regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, frisou que o livro “convida a população a conhecer mais a sua história”, numa representação “de pedra de toda a nossa identidade. Uma representação que não se gasta e que se for bem cuidada perdurará por muitos e muitos séculos”. João Baptista Pereira Silva é engenheiro geológico e doutor em geociências pela Universidade de Aveiro; José Luís De Gouveia Freitas, falecido recentemente, era professor de Matemática, investigador e divulgador científico, sobretudo junto da comunidade escolar; e Celso De Sousa Figueiredo Gomes é investigador e professor catedrático aposentado da Universidade de Aveiro. Luís Eduardo Nicolau ET AL.

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Manifestação reúne milhares no Dia Nacional do Estudante

A ACADÉMICA DA MADEIRA assinalou o DIA NACIONAL DO ESTUDANTE com um manifesto sobre alguns dos pontos que considera fundamentais no conjunto de lutas que o movimento estudantil deve abraçar. Hoje, a partir de Lisboa, a ACADÉMICA DA MADEIRA integrou um protesto do movimento ACADÉMICAS PONTO que reuniu as nove Associações Académicas que integram a estrutura. De acordo com o comunicado do movimento, “a manifestação, que pretende homenagear todos aqueles que se sacrificaram nas lutas da década de 60, passa por continuar a reivindicar a liberdade. No caso, a prossecução de um caminho que vise garantir uma verdadeira liberdade do acesso à educação, de escolha e de equidade, onde o «elevador social» seja uma realidade e não uma miragem”. Ainda segundo o comunicado divulgado pelo movimento, nas celebrações dos “60 anos da crise académica de 62 lembrando todos aqueles que, embebidos de coragem, assumiram-se contra o regime e a favor da liberdade, sofrendo as consequências de um estado opressor e totalitário. É graças a este tipo de atos irreverentes que temos hoje a oportunidade de viver num regime democrático, onde existe um sistema plural de instituições e uma verdadeira separação de poderes”. As reivindicações assinaladas pelo movimento ACADÉMICAS PONTO passam pelo “acesso universal e progressivamente gratuito ao Ensino Superior”; pela “revisão urgente do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior e pela concretização do PNAES, destacando as ferramentas financeiras disponibilizadas pelo PRR como forma de promover soluções urgentes de alojamento em cidades universitárias não pertencentes às grandes áreas metropolitanas, sem prejuízo de igual salvaguarda desses estudantes”. O movimento defende, ainda, um aumento do financiamento das Instituições de Ensino Superior, alegando que “o subfinanciamento destas instituições já é conhecido e a realidade que atravessamos veio acentuar esta realidade com uma inflação em contínuo crescendo, destacando os custos energéticos”. Além disso, exige o “desenvolvimento de um plano nacional de saúde mental no ensino superior e reforço dos quadros qualificados no âmbito do acompanhamento psicológico e de NEE’s – reforço de investimento dirigido e gratuitidade no acesso às consultas”. No plano ambiental, prevê que as instituições deveriam executar um Plano de Sustentabilidade Ambiental e neutralidade carbónica até 2050. Outro ponto é a “descentralização do Ensino Superior, promovendo o desenvolvimento de regiões geograficamente dispersas, combate à desertificação e uma maior coesão territorial, através de um reforço orçamental próprio, reforço de vagas e da criação de mecanismos dirigidos à fixação de jovens na região”. Por fim, pretende a “garantia e manutenção de um ministério próprio e exclusivo à ciência, tecnologia e ensino superior, além da garantia de comprimento do artigo 23.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “todos os seres humanos que trabalham têm direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhes assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana”, com a redução do período de experimentação do primeiro emprego para 3 meses e uma progressiva valorização e remuneração dos estágios curriculares e extracurriculares. O protesto saiu às 15:00 do Terreiro do Paço. O movimento ACADÉMICAS PONTO é composto pelas Associações Académica dos Açores, do Algarve, de Aveiro, da Beira Interior, De Coimbra, de Évora, da Madeira, do Minho e de Trás os Montes e Alto Douro. Luís Eduardo Nicolau ET AL. Com fotografia da Associação Académica da Universidade do Minho.

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Até quando vamos desperdiçar?

“continuaremos a perpetuar um sistema eficaz em esconder o falhanço dos profissionais despreparados para ensinar” Ao longo da vida levantam-nos cartazes com a indicação “tenha modos”. Reclamar e elogiar são extremos distantes e, por vezes, inatingíveis. Não somos incentivados a construir um sistema de auto-avaliação e a ganhar ferramentas que possam servir para criticarmos com segurança e conhecimento. A crítica carrega uma carga negativa, destruidora e mordaz e a reivindicação é encarada como uma característica incómoda. Por entendermos que as Universidades são locais privilegiados, ainda acreditamos que têm uma responsabilidade acrescida na disseminação dos valores da liberdade, a todos os níveis. Mas essa crença, não passa disso e a culpa deve ser partilhada por todos nós. Desperdiçamos, sistematicamente, a oportunidade de sermos livres. Ignoramos os problemas, mesmo que eles nos afectem. A avaliação que os estudantes fazem das suas unidades curriculares é um exemplo clássico de um caso onde, sistematicamente, deitamos no lixo a nossa liberdade. O princípio da confidencialidade no preenchimento dos inquéritos, que não poderia existir numa sociedade onde as críticas deveriam servir para melhorar o trabalho e não para esconder a vingança ou a falta de coragem, acaba por servir de escudo para o castigo de uma nota miserável. Até costumamos premiar a mediocridade com a nossa indiferença no preenchimento dos inquéritos. Afinal, perder tempo com inquéritos que não servem para nada? E, assim, promulgamos o diploma que assegura a manutenção de um sistema cómodo, onde não existem grandes agitações. Afinal, ele até dá boas notas. Apesar de tudo, dá-me jeito que ele falte às aulas. Os testes são fáceis, é uma cadeira que fazemos bem. No final, podemos preencher os inquéritos sem nunca ter visto o alvo da nossa avaliação. Não sabemos avaliar a dedicação e o empenho dos professores que se importam com o ensino e acreditam que estão a desempenhar um papel decisivo na vida dos futuros profissionais. Acreditamos que só devemos ter voz para registar o que está errado, sem salutar o que existe de bom e incentivar a sua continuidade. Acabamos por deixar morrer os que lutam contra a maré. Enquanto não exigirmos qualidade, que também não é o sinónimo de um massacre nas notas, com chumbos a rondar os 99%, para indicar que o docente é exigente, competente e atroz, continuaremos pouco exigentes e carregaremos esse fardo pela vida. Os inquéritos não servem para o seu propósito, não deveriam ser iguais para todos os ciclos de estudos, cursos e unidades curriculares. Enquanto o processo de avaliação não sofrer uma alteração profunda, que exija que o avaliador pense, pondere e entenda o que está a fazer, continuaremos a perpetuar um sistema eficaz em esconder o falhanço dos profissionais despreparados para ensinar e seguiremos o caminho para punir e vingar os nossos desgostos. Luís Eduardo Nicolau ET AL.

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