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A primeira Diocese Global História, Cultura e Espiritualidade

REDESCOBRIR A MADEIRA

O CLEPUL (Centro de Literaturas de Expressão Portuguesa da Universidade de Lisboa), a Universidade da Madeira através do seu polo do mesmo Centro, com a colaboração das demais instituições regionais, como a própria Diocese do Funchal, o Centro de Estudos de História do Atlântico, etc., vão levar a efeito em setembro deste ano um congresso internacional que reunirá algumas centenas de investigadores das várias áreas da História, Cultura e Espiritualidade, tendo como pano central os 500 anos da Diocese.

A Diocese do Funchal foi criada numa época económica e culturalmente especialmente próspera para Portugal e para a Europa, pelo que a nova diocese confluiu o que de melhor artisticamente se produzia no continente europeu, salvaguardando as dimensões da ilha, claro. Esta situação mantém-se até aos nossos dias, mediante a continuidade da ideia de centro internacional de comércio e de negócios, depois ainda associado a espaço de turismo e de lazer internacionais. Primeira diocese dos descobrimentos portugueses, foi ainda durante algumas décadas arquidiocese, no seio da qual surgiram as dioceses dos Açores, de Cabo Verde, de São Tomé, da Bahia (no Brasil) e de Goa (na Índia).

O património edificado religioso do espaço madeirense segue, em linhas gerais, os padrões vigentes no continente português, com pequenas adaptações locais, mas com um interessante espírito de salvaguarda de património, que permitiu, por exemplo, a manutenção do maior conjunto de tetos de inspiração mudéjar e o único conjunto manuelino de equipamento da capela-mor de uma sé, ainda no seu local e com a articulação original. O mesmo se passou com o património móvel, onde se conseguiu salvaguardar um muito interessante espólio de pintura, escultura e alfaias religiosas de cariz flamengo, também um importantíssimo conjunto de alfaias de prata, parte das quais de produção local, mas não só, tal como de retábulos de talha dourada e outro equipamento litúrgico.

A Região Autónoma da Madeira viveu nas últimas décadas um excecional surto de construção e de desenvolvimento geral, por ventura, o mais acelerado da sua História e que poderia ter tido um complexo impacto no património religioso edificado, muito do qual já fora do contexto para que foi construído. Entretanto, uma excecional, consciente e avisada articulação entre a Diocese e a Região permitiram uma campanha de reabilitação verdadeiramente notável, mas que só o tempo poderá julgar. No entanto, os contínuos pedidos nos últimos anos para a presença em eventos internacionais vários de peças do património religioso madeirense, algumas das quais apresentadas como cabeças-de-cartaz, indiciam já o absoluto reconhecimento do trabalho levado a efeito.

Por estes e outros motivos, espera-se a presença no Funchal de várias centenas de investigadores das áreas em questão e a absoluta projeção deste evento.

Rui Carita
Professor da UMa

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