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Ensino de português aos estrangeiros

Vim para Madeira em Fevereiro através do programa de Serviço Voluntário Europeu e estou a colaborar na Associação de Académica da Universidade da Madeira. Dentro do meu programa incluem-se as aulas de português. Estou no nível B2 e ao longo destes quatro meses tenho tido a oportunidade de estudar uma nova língua e aprender uma cultura diferente.

Através da minha experiência, posso comprovar que cada língua é única e tem as suas próprias dificuldades. Como estudante espanhola em processo de aprendizagem, apesar das parecenças idiomáticas, da proximidade territorial e por ambos os idiomas serem classificados como línguas românicas, encontrei muitas.

Uma das coisas que mais me têm perguntado quando conto que estou vivendo na Madeira é se falo português e quase de forma automática perguntam: “O português é um idioma fácil não? Não te custa muito a aprender.” A minha resposta é sempre a mesma: “Sim, o português é um idioma fácil para um hispano-falante porque existem muitas similaridades tanto a nível gramatical como ao nível de vocabulário, mas sem dúvida alguma que para aprendê-lo há que estudá-lo, e sair para a Zona Velha para tomar uma bica e uma cerveja não é suficiente!”.

Na verdade, tenho que reconhecer que muitas vezes os espanhóis pensam que como são idiomas parecidos, “se nos entiende”, não há problema. Na maioria das vezes não nos esforçamos por falar em português e este é o erro mais grave porque, lá por nos entenderem, não significa que estejamos a falar bem. Comunicar correctamente é outra coisa, há que estudar os verbos, conhecer a gramática, aprender vocabulário, que praticar a pronunciação.

O espanhol e o português são muito parecidos mas precisamente por isso é muito fácil cair no erro do “portunhol”: um dos enganos consiste em falar espanhol apenas trocando as palavras que terminam em “-ción” por “-ção” e as que terminam em “-dad” por “-dade”. E assim se cai no erro dos falsos amigos. Essas palavras que são iguais em português e em espanhol mas significam coisas distintas, as vezes opostas.

Mas o maior problema não é o que resulta da aplicação dessas palavras enganosas. Nós espanhóis temos enormes problemas com a “pronunciación”, não apenas em português mas sim no geral, em qualquer idioma. Custa-nos muito distinguir, por exemplo, entre as vogais surdas e sonoras; entre os “esses” e os “zês”, os “vês” e os “bês”, entre as cordas vocais abertas e fechadas. E alguns de nós ainda têm problemas em pronunciar as vogais nasais, tão usadas no português.

E se a isso juntarmos o facto de os portugueses terem uma capacidade sobre-humana para comer vogais e falar sem abrir a boca, o português já não parece assim tão fácil.

Acho que todos os que estão a aprender uma nova língua encontram dificuldades. Todos fazemos muitos erros mas não temos de sentir vergonha disso, é a maneira de aprender, em qualquer parte do mundo.

Assim, como diriam os meus colegas portugueses, força!

Mayka Rubio
Voluntária Espanhola na Académica da Madeira

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