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Governo recua na atribuição do Amália e gera incerteza sobre o projeto

Governo recua na atribuição do Amália e gera incerteza sobre o projeto

O desenvolvimento do modelo de inteligência artificial Amália enfrenta incertezas após o recuo do Governo na nomeação das entidades responsáveis, deixando em aberto a sua execução e o cumprimento do cronograma.

O desenvolvimento do modelo de inteligência artificial Amália sofreu um revés inesperado. Apesar de o Governo ter inicialmente nomeado a Unbabel e três centros de investigação como responsáveis pelo projeto, a atribuição ainda não está formalmente garantida, noticiou o Público. O procedimento de contratação continua em aberto, e o Ministério da Juventude e Modernização já esclareceu que entidades privadas, como a Unbabel, não estão envolvidas. No entanto, os três centros de investigação mencionados no comunicado inicial continuam a ser apontados como prováveis executores do projeto.

A incerteza em torno do consórcio responsável pelo Amália gerou reações no meio académico. O Instituto Superior Técnico chegou a publicar que fazia parte do projeto, mas o Governo veio desmentir essa inclusão. O descontentamento entre outras instituições científicas foi evidente, uma vez que o processo de seleção foi inicialmente anunciado sem um concurso público aberto. A reversão da decisão por parte do executivo parece ter sido uma tentativa de corrigir esse problema, ainda que sem explicações claras sobre os critérios adotados.

A Resolução do Conselho de Ministros publicada em dezembro confirma um investimento de 5,5 milhões de euros no Amália e menciona outros modelos de IA desenvolvidos pelos centros de investigação inicialmente nomeados, como o EuroLLM e o GlórIA. Esses projetos foram conduzidos por instituições que agora aguardam uma decisão formal sobre a sua participação no Amália. A presença dessas referências na legislação levanta dúvidas sobre se, apesar da mudança de discurso, a escolha dos parceiros acabará por se manter.

O atraso no processo de contratação coloca em risco a primeira meta do projeto: o lançamento de uma versão beta até ao final de março. Sem uma definição clara dos responsáveis pelo desenvolvimento, torna-se difícil garantir que o cronograma seja cumprido. Embora o Governo tenha tentado demonstrar maior abertura ao incluir mais instituições no processo de seleção, a sensação é de que se está apenas a dar um passo atrás para, no fim, voltar ao mesmo ponto de partida.

Carlos Diogo Pereira
ET AL.
Com fotografia de Hulki Okan Tabak.

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